Centro de Estudos em Negócios do Insper tem nomeação de Carlos Caldeira como novo coordenador
O Centro de Estudos em Negócios (CENeg) do Insper tem como objetivo central o desenvolvimento de pesquisas que contribuam para a compreensão e transformação das organizações e do ambiente de negócios no Brasil. Em 2021, o centro passa a ter Carlos Caldeira, professor do Insper, como seu novo coordenador.
Entre as atividades do CENeg, o espaço busca promover a interação entre pesquisadores e o setor produtivo a partir de eventos, publicação de pesquisas, formulação de indicadores e guias. Assim, o Centro estimula e participa do debate sobre o ambiente de negócios, práticas empresariais e a respeito de políticas voltadas à competitividade e aumento da produtividade da economia brasileira.
Atualmente, o Centro é dividido em 8 núcleos de atuação: Ciências de Dados e Decisão, Empreendedorismo, Design e Estratégia, Estudos de Comportamento Organizacional e Gestão de Pessoas, Estudos de Gênero e Diversidade, Gestão de Operações e da Cadeia de Suprimentos, Marketing Analítico, Negócios Familiares, e Sustentabilidade e Negócios.
David Kallás, professor do Insper, foi o coordenador responsável pelo CENeg de 2018 a 2021. Agora, passa o bastão para Carlos Caldeira. Para David, o Centro tem enorme importância para aproximar a academia às organizações. “Fazemos isso por meio de pesquisas aplicadas que geram conhecimentos que tragam benefícios para a sociedade. Organizações com mais conhecimento e ferramentas tomam melhores decisões, são mais competitivas e sustentáveis. Com isso, todo o país ganha.”
O novo coordenador, Carlos Caldeira, vê a atuação do Centro como uma oportunidade de transformar a realidade brasileira. “Uma das coisas que realmente precisamos melhorar no país, e que me incomoda há muito tempo, é a integração das organizações com a academia. E essa é justamente uma das missões do CENeg.”
Ampliação de atividades
Nos últimos anos, o CENeg passou por diversas mudanças em sua estrutura, visando sempre melhorar a produção de pesquisa e conhecimento. Dois núcleos do Centro migraram dentro da estrutura de pesquisa da escola, o Insper Metricis integra agora o Centro de Gestão e Políticas Públicas e o Núcleo de Instituições e Ambiente de Negócios ampliou seu escopo para se tornar o novo Centro de Regulação e Democracia. A redistribuição interna possibilitou concentrar esforços para manter o volume de pesquisas nos demais núcleos.
A produção de pesquisa feita pelo centro também é acompanhada de perto para que seja possível sempre investir em melhorias e no maior impacto do conhecimento obtido, o que pode ser visto nos relatórios anuais produzidos pelo CENeg. “Investimos muito em melhorias da governança do Centro, bem como apoiamos a estruturação de boas práticas de governança dos demais Centros. Aliás, a busca de integração transversal foi uma das nossas prioridades ao longo desses anos”, diz David Kallás
Sobre as atividades realizadas no período que atuou como coordenador do centro, David Kallás ressalta o foco em pesquisas em gestão de empresas e organizações e cita alguns exemplos como destaques. “Em parceria com o DEA (área de Desenvolvimento de Ensino e Aprendizagem), trabalhamos na geração de casos brasileiros e no treinamento de professores da casa em como escrever casos. Inauguramos uma série de pesquisas sobre o perfil de executivos brasileiros, começando com o CSO, em parceria com a Brightline Initiative – PMI, e depois analisando o CFO, em parceria com a Assetz. Outro destaque foi o fortalecimento e crescimento do Núcleo de Gestão de Operações e da Cadeia de Suprimentos, que, além de produção técnica e bibliográfica relevante, atuou ativamente em eventos dentro e fora da escola e celebrou duas importantes parcerias. A primeira foi com o The British Academy, em parceria com a London School of Economics (LSE) para uma pesquisa com o tema Urban Infrastructures of Well-Being, e a segunda, para o MISTI Global Seed Funds, em parceria com o MIT, com o tema Combating Obesity in Low Income population segments in Brazil and in the U.S. by reducing food waste. Finalmente, não posso de deixar de citar a parceria de longa data do Núcleo de Estudos de Gênero com a Talenses para a pesquisa do Panorama Mulher.”
Impacto no ambiente de negócios
Para David, o atual cenário, no qual o debate público vive uma polarização cada vez maior, com pouca busca por argumentos científicos e rigorosos, afeta também o ambiente de negócios brasileiro. “Basta olhar para as redes sociais e para os debates em família, e, infelizmente, esse efeito também acontece nas organizações”. Esse efeito maléfico para o ambiente de negócios e o campo produtivo é um dos aspectos que o CENeg busca combater a partir de estudos sérios e independentes.
“A contribuição de Centros como esse é a de estimular pesquisas e geração de conhecimento com base em métodos rigorosos, evidências, dados e fatos. E essa liderança se dá pelo exemplo. Somente nos comprometemos em realizar uma pesquisa se pudermos, entre outros critérios, garantir que os resultados sejam publicados, independentemente de quais sejam. E que os pesquisadores tenham independência na escolha de seus métodos de pesquisa”, ressalta David.
Além disso, 2020 trouxe desafios sem precedentes para todos. Os impactos sentidos pelas organizações ainda são sentidos e serão estudados pelo Centro. Por outro lado, com a mudança dos eventos para o formato remoto, o CENeg pôde ampliar, de forma muito significativa, o impacto da divulgação de suas pesquisas.
Mudança de coordenação
Em 2021, o CENeg terá uma novidade em sua estrutura e funcionamento com a chegada de Carlos Caldeira como novo coordenador. Caldeira já tem contribuído diretamente com o Centro há alguns anos, participando e coordenando pesquisas.
Para David Kallás, a transição com a chegada de Carlos será muito natural, devido aos conhecimentos e práticas do novo coordenador, e traz a expectativa de consolidar as conquistas do Centro obtidas nos últimos anos. “Acredito que o Centro possa expandir ainda mais sua produção em pesquisa aplicada em gestão, envolvendo cada vez mais atores do ambiente interno e externo do Insper. Creio que poderá contribuir para a criação de núcleos temáticos, um antigo sonho da escola, e também com a busca ativa de oportunidades de pesquisa em temas de interesse alinhados ao nosso planejamento estratégico e às demandas das organizações e sociedade brasileiras.”
Confira a entrevista completa com o novo coordenador do CENeg, Carlos Caldeira:
– O que representa, para você, assumir a coordenação do CENeg?
Uma das coisas que realmente precisamos melhorar no país, e que me incomoda, já há muito tempo, é a integração das organizações com a academia. E esta é justamente uma das missões do CENeg. Assumir a coordenação do CENeg é, portanto, uma grande oportunidade.
– Quais são as suas expectativas em relação à sua atuação como coordenador do CENeg para os próximos três anos?
Ainda estou na fase de diagnósticos, mas chego com a missão de melhorar o que foi feito pelo Professor David Kállas, que atua agora na Coordenação de nossos programas de Pós-graduação Lato Sensu. Mas, de maneira preliminar, imagino que possamos melhorar a atração de casos de problemas organizacionais para serem trabalhados pela escola, além de ampliar o papel do Centro na proposição de discussões e na procura de funding para nossas pesquisas.
– Como você vê a importância de um Centro como o CENeg para a compreensão da transformação das organizações e do ambiente de negócios no Brasil?
Há várias maneiras de integrar melhor organizações, ambiente de negócios e a academia. Por um lado, participar dos debates sobre os desafios mais importantes pelas quais as organizações estão passando é fundamental. Uma segunda maneira é levar o rigor acadêmico para as pesquisas feitas em parcerias com empresas e instituições. Uma outra maneira, ainda, é trazer as organizações para mais perto da escola, não apenas nos debates importantes, mas também na participação em casos apresentados e discutidos em sala de aula.
– Como você analisa o ambiente de negócios no Brasil atualmente e quais os principais desafios para as organizações terem um melhor desempenho neste cenário?
Do lado estrutural, a literatura indica que o desenvolvimento vem principalmente das instituições – regras do jogo, formais e informais – e das questões que fazem com que a alocação de capital não seja nos setores e organizações mais produtivas – por exemplo, subsídios mal desenhados.
Já do lado das organizações, a literatura recente mostra que ainda existe uma ampla diferença entre as práticas de negócios de organizações de países desenvolvidos para as práticas utilizadas nos países em desenvolvimento. O Centro pode ajudar nestas discussões voltadas à competitividade e aumento da produtividade.