Eles se destacaram na disciplina de mobilidade, ministrada em inglês em São Paulo pelo professor Adriano Borges Costa, e foram selecionados para conhecer a instituição americana
Tiago Cordeiro
Aluno da graduação em Engenharia do Insper, Davi Dom Bosco Silva, bolsista integral do Insper, tinha viagem com data marcada para visitar o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos: 23 de março de 2020. Ele havia participado de uma disciplina eletiva em 2019, que rendeu um projeto tão bem-sucedido que o estudante iria apresentá-lo na universidade americana. A pandemia da covid-19, porém, interrompeu o sonho.
Em julho deste ano, Silva, bolsista integral do Insper, participou novamente de uma disciplina eletiva, “Transportation Shaping Sustainable Urbanization: Connections with Urban Economics and Planning”, ministrada inteiramente em inglês em São Paulo e conduzida pelo professor e pesquisador do Insper Adriano Borges Costa, coordenador adjunto do Núcleo de Mobilidade do Laboratório Arq.Futuro de Cidades.
Realizaram a matrícula 22 alunos, vindos do Programa Avançado em Gestão Pública e das graduações em Economia, Administração e Engenharia. O objetivo era detalhar como os investimentos em mobilidade urbana afetam as cidades e como eles podem ser usados para promover áreas urbanas mais sustentáveis e justas.
Em setembro, Costa viajou até o MIT a fim de ministrar, para alunos da instituição americana, a mesma disciplina. Quatro dos 22 estudantes brasileiros foram selecionados para acompanhá-lo. E Silva estava entre eles.
“Eu me inscrevi na matéria do professor Adriano porque ela conversava com o tema do meu projeto de conclusão de curso. Foi sensacional voltar a ser convidado a visitar o MIT”, diz Silva. Desta vez, a viagem aconteceu. “Fiquei de queixo caído com o tamanho da infraestrutura do MIT. Mas percebi que, aqui no Insper, não estamos muito atrás. A metodologia de ensino, a estrutura das aulas, é muito parecida.” Agora ele pretende retornar à instituição americana para realizar uma pós-graduação.
Davi Dom Bosco Silva viajou com Victor Quadros, Gustavo Theil Machado e Bruno Vieira Sanches. Aluno do 4º semestre de Economia, Machado conta que tem interesse em urbanismo desde a infância. “A viagem era um incentivo, porém eu não tinha expectativa de ser selecionado. Estudei muito, me dediquei 100% ao projeto”, afirma. Ele, que já havia visitado o MIT como turista, teve agora a oportunidade de conhecer a instituição por dentro. “Um dos meus objetivos principais era sentir o clima, a cultura do MIT. Consegui entender como é a dinâmica lá dentro, o que é muito importante para o meu futuro.”
“A eletiva complementou bastante o currículo do curso”, explica, por seu turno, Quadros, que também está no 4º semestre de Economia, cursa Matemática à noite na Universidade de São Paulo e busca se aprofundar em temas ligados à economia urbana. “Vários dos professores que escreveram livros didáticos de economia usados no Insper são ou foram do MIT”, observa.
Quadros recebeu o e-mail comunicando que havia sido selecionado enquanto almoçava nos arredores da faculdade. “Foi uma emoção fora do comum. A primeira coisa que fiz foi ligar para os meus pais.” A programação da viagem, realizada de 3 a 10 de outubro, envolveu as aulas do professor Costa, mas não só isso. “Um professor da engenharia civil do MIT apresentou um modelo matemático de gestão de trânsito. Também conversamos com vários pesquisadores, sobre as pesquisas deles, as perspectivas de carreira para pesquisar economia nos Estados Unidos”, relata Quadros.
Já Sanches, que está no último semestre de Engenharia Mecatrônica e há cinco anos se mudou de Fortaleza para São Paulo com o objetivo de fazer a faculdade, realizou o projeto de conclusão de curso junto com Quadros. Foi quando conheceram o professor Costa, que esteve presente na banca final. “Ele fez alguns questionamentos sobre futuras interações e os próximos passos que poderíamos pensar, no tocante ao desenvolvimento urbano e como este e o transporte se influenciavam simultaneamente”, lembra Sanches. Foi com esse objetivo que ele se matriculou na disciplina de férias.
“A viagem foi maravilhosa em muitos sentidos. Primeiramente, estar em contato com os outros alunos e o professor fora da sala de aula foi bem divertido. Conseguimos aprender muito uns com os outros. Tínhamos total abertura para conversar com coordenadores de Labs, alunos de PhD, graduação, representantes de grandes empresas ou mesmo líderes de dormitórios estudantis.” Além disso, ele aponta, “mapear alguns problemas de um país desenvolvido como os Estados Unidos durante as visitas de campo também foi interessante para trazer a realidade dos desafios que já enfrentamos ou que enfrentaremos no Brasil.”
O intercâmbio foi facilitado pelo fato de o professor Adriano Borges Costa ter realizado o pós-doutorado no MIT. Ele obteve a aprovação de um projeto de colaboração no âmbito do programa MISTI-Brazil, que facilitou o acesso dos alunos. “No Insper, o curso foi mais focado em São Paulo e nas capitais brasileiras. Os alunos eram muito maduros, muito envolvidos com a temática. Lá no MIT os estudantes são mais globais, vêm de países diferentes, outros continentes, é um público mais diverso”, explica o professor. Além da experiência internacional, a disciplina, a primeira focada em políticas de mobilidade urbana oferecida no Insper, contou com as visitas de Pedro Moro, presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), de Sérgio Avelleda, ex-presidente do Metrô e da CPTM, ex-secretário municipal de transportes e coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana do Laboratório, de sua colega Laura Janka, coordenadora do Núcleo Arquitetura e Cidade, e de Fábio Duarte, do MIT Senseable City Lab.
“Para os alunos, foi importante conhecer uma universidade do tamanho do MIT, com uma massa crítica muito grande e com um departamento inteiro só para estudos urbanos”, diz Costa. “É interessante ter contato com a riqueza acadêmica e a diversidade dos alunos do MIT. E perceber que os estudantes lá são seres humanos de carne e osso, e que os nossos alunos também poderiam estar naquela instituição.”
Outras iniciativas semelhantes estão no horizonte, informa Ana Carolina Oliveira de Souza, coordenadora da área de Relações Internacionais do Insper. “Temos buscado estabelecer oportunidades de internacionalização que possibilitem aos alunos que não contam com condições de viajar o acesso a essa experiência”, afirma Ana Carolina. “Para 2023, estamos planejando uma série de ações, com diferentes instituições parceiras, em cursos de curta e longa duração.”