No ano em que o Insper celebra 20 anos de Graduação a cerimônia passa por reformulação e ganha novo formato e dinâmica.
Quem participou da cerimônia, realizada no dia 21 de fevereiro, acompanhou uma noite totalmente pensada para celebrar o momento mais importante para nossos alunos, a colação de grau.
Com o crescimento no número de matriculados nos cursos de Administração e Economia (ultrapassamos a marca de 2,2 mil alunos em 2018), um espaço maior foi escolhido para receber o evento, o Credicard Hall.
Com uma produção focada em nossos alunos, mais moderna e dinâmica, a 33ª Colação de Grau ADM e ECO contou com a presença de 182 formandos e mais de mil convidados. Clique aqui e confira a galeria de fotos.
Em seu discurso de abertura, o presidente Marcos Lisboa destacou pontos importantes da trajetória e falou sobre os valores do Insper.
“Uma escola que começa com pessoas e que está a serviço das pessoas. A concepção pedagógica proposta por Claudio Haddad começava pelo fim. Os cursos deveriam ser orientados pelas competências a serem desenvolvidas nos alunos, e elas vão muito além da sala de aula. Há muito a pesquisa acadêmica aponta a importância das habilidades socioemocionais dos alunos, como resiliência e capacidade de trabalhar em equipe“, destacou Lisboa.
Confira o texto na íntegra e conheça um pouco mais sobre os 20 anos de Graduação:
Marcos Lisboa
Temos muito a celebrar em 2019. Há 20 anos, ainda com o nome IBMEC São Paulo, o Insper iniciava a sua primeira turma de graduação. Em 2004, os donos doaram a escola, transformando-se em instituição sem fins lucrativos. O sonho era construir um centro de ensino e pesquisa que contribuísse com o país, similar à experiência das grandes universidades americanas. Há 10 anos, a escola foi renomeada Insper para destacar a sua missão: inspirar, pertencer e transformar.
As pequenas instalações originais na Avenida Maestro Cardim acolhiam um sonho imenso. A excelência no ensino passava por um projeto pedagógico bastante peculiar. A graduação seria em horário integral e sem o tradicional sistema de créditos. A formação seria integrada, com alunos de Administração e Economia fazendo os mesmos cursos básicos durante três semestres.
Integração foi, desde o começo, um princípio fundamental do Insper. Não há a tradicional divisão em departamentos. Toda a graduação é coordenada por um único diretor, já há seis anos Carolina da Costa, graduada em Administração Pública e doutora em Educação pela Universidade de Rutgers.
Uma escola que começa com pessoas e que está a serviço das pessoas. A concepção pedagógica proposta por Claudio Haddad começava pelo fim. Os cursos deveriam ser orientados pelas competências a serem desenvolvidas nos alunos, e elas vão muito além da sala de aula. Há muito a pesquisa acadêmica aponta a importância das habilidades socioemocionais dos alunos, como resiliência e capacidade de trabalhar em equipe.
Por essa razão, o horário integral. Os alunos de graduação passam o dia inteiro na escola envolvidos em diversas atividades que complementam a sala de aula, realizando trabalhos em equipe e estimulados a se organizar em entidades. Alguns se dedicam a aprofundar o estudo de finanças, outros se dedicam a políticas públicas ou a ações sociais.
A diversidade é um princípio e um ideal na nossa escola. Aprendemos com quem pensa diferente da gente, com as pessoas que tiveram outras histórias de vida e outras formações. Recebemos adolescentes e nossa obrigação é formar adultos preparados para a vida; e na vida eles vão encontrar pessoas das mais diversas origens e visões de mundo.
Por essa razão, o nosso amplo programa de bolsas de estudos. Para cumprir a nossa missão, buscamos talentos, qualquer que seja a sua origem social. Abraçamos a nossa obrigação de viabilizar que todos os selecionados possam estudar no Insper, sendo irrelevante a sua renda familiar. Oferecemos dormitório e auxílio para os jovens de famílias menos afortunadas do que as nossas.
Se trabalhamos direito, vocês vão abraçar a diversidade. A boa liderança congrega pessoas diferentes que se complementam e que encontram soluções tão inesperadas quanto eficazes.
A técnica a serviço das pessoas. Esse o nosso lema. Aprender a técnica e aprender a aprender. Sempre servindo às pessoas. Devemos ter empatia, ouvir o outro e saber das suas necessidades e restrições. Apenas assim podemos utilizar a técnica mais adequada para atender às suas necessidades.
Nesses 20 anos, a escola se transformou. Nossas instalações originais ficaram pequenas em pouco tempo, levando à mudança para o prédio na Rua Quatá 300 em 2006. Em 2013, inauguramos a nova torre, hoje já inteiramente ocupada. Este ano, terminamos nosso terceiro prédio com a tecnologia mais avançada para as salas de aula.
Nosso programa de engenharia, com ênfase no desenvolvimento de novas tecnologias, complementa a nossa escola de negócios e de economia. A técnica a serviço das pessoas, dos negócios e da gestão pública.
Tudo isso só é possível pela imensa generosidade de muitos amigos que nos apoiam doando seu tempo, seus recursos e suas ideias para realizar a nossa missão. Formar pessoas que contribuam para transformar e melhorar o nosso país com seus negócios, com sua formulação de política pública, com suas pesquisas acadêmicas ou com seu trabalho no terceiro setor.
Somos gratos pela possibilidade de viabilizar que mais de 250 alunos de famílias de baixa renda possam estudar no Insper. Deles, assim como de todos os demais alunos, esperamos apenas que sejam excelentes. Façam o melhor de si, qualquer que seja a atividade a que se dediquem. Encontrem a sua vocação e sejam apaixonados pelo seu trabalho.
Sejam gratos e cuidadosos. Cuidem do que fazem e das pessoas. Sejam tolerantes. Vocês, afinal, tiveram tanto em um país que oferece tão pouco para a maioria. Sejam insatisfeitos. Sempre podemos fazer melhor.
Nesta formatura, 20 anos depois de iniciada a primeira turma da graduação, falta uma pessoa. Claudio Haddad iniciou esse sonho e o transformou no Insper. Com seu imenso sucesso profissional, poderia ter passado a usufruir de uma vida de príncipe. Em vez disso, dedicou-se a construir o Insper. Conduziu a escola por 16 anos e é o principal responsável pelo que somos. Lega para todos nós esse imenso patrimônio.
Aos poucos, e relutantemente, Claudio se aposenta. Temos conosco hoje Tania, sua filha, que o substitui nesta cerimônia.
Aprendam com o exemplo. Construam e transformem. Retribuam e devolvam para a comunidade. Nem tudo dará certo. Haverá acidentes e vocês cometerão equívocos. A vida é assim. Aprendam com os erros. É o melhor que podemos fazer. Deem o benefício da dúvida e evitem julgamentos apressados.
Em tempos difíceis, resgato trechos de uma coluna que escrevi sobre o livro Gilead de Marilynne Robinson.
Trata-se de longa carta de um pregador premido pela morte iminente e pelo afeto ao filho tardio que logo se tornaria órfão.
“Se você for adulto quando ler isso … já terei partido há muito tempo. E terei aprendido quase tudo o que se há para aprender sobre o que é estar morto. Mas, provavelmente, guardarei para mim essas descobertas. Ao que parece, é assim que as coisas são”.
O pregador relata suas frustrações corriqueiras, entremeadas por conselhos de um pai amoroso: “Um pouco de raiva em excesso … é capaz de destruir mais coisas do que se poderia imaginar”.
Ele conta do avô, que saíra pelo mundo e foi encontrado enterrado em um terreno desolado. Como em muitas despedidas, havia a amargura pelas palavras duras proferidas anos antes. O luto de entes queridos é mais sofrido quando não se está em paz com quem partiu.
Na carta, o pregador relembra seus sermões e o conforto que dera aos jovens que escaparam de lutar na guerra. Não lhes dissera, porém, que a maior benção fora terem sido poupados do ato de matar.
Há muitas histórias, como a de uma comunidade que construiu túneis subterrâneos inadequadamente escorados. Um cavaleiro chegou à cidade e a terra desmoronou-se sob seus pés. Os moradores atribuíram a queda ao peso do cavalo. “Uma falha de avaliação é perfeitamente capaz de criar situações nas quais só se podem fazer escolhas estúpidas”.
O pregador recomenda sempre procurar as razões de Deus. Caso alguém o insulte, deve-se pensar: “Trata-se de um emissário enviado pelo Senhor, e vai me beneficiar de algum modo” Dessa forma, “somos libertados do impulso de odiar ou de ter ressentimento por essa outra pessoa”.
O pregador surpreende pela sua misericórdia em meio à turbulência.
Como vocês devem saber, não sou religioso, muito menos conhecido pela temperança. No entanto, o pregador de Robinson me comove e me ensina. A fortuna do bem viver é obra do que fazemos e do acaso.
Esperamos pouco de vocês. Sejam apenas melhores do que conseguimos ser.