Ao longo de cinco dias de programa no Insper, os participantes desenvolveram uma ideia, entrevistaram potenciais clientes e definiram o escopo de suas iniciativas
Tiago Cordeiro
Graduada em Administração pelo Insper em 2008, Laís Yazbek nunca perdeu o contato com a instituição. Fez parte do Comitê Alumni de Liderança, participou de eventos da escola, enquanto seguia carreira em uma consultoria especializada em educação corporativa.
Recentemente, decidiu dar um salto em sua trajetória: com duas sócias, Janaina Velloza e Josi Pereira, abriu uma empresa, a Katris Consultoria. A iniciativa está em estágio inicial, e Laís entrou em contato com o Centro de Empreendedorismo do Insper (CEMP). As três decidiram então participar da terceira edição da Startup Week.
Ao longo de uma semana, dos dias 27 de fevereiro a 3 de março, das 18h às 22h, os participantes, alunos de graduação e pós, além de ex-alunos e atuais ou potenciais sócios, desenharam uma proposta de startup. Depois de um primeiro dia de orientações, na terça e quinta, foram a campo, em entrevistas com potenciais clientes — com tempo, na quarta, para avaliar os resultados iniciais.
Na sexta, apresentaram os resultados que obtiveram ao testar suas soluções com clientes reais. “O objetivo é engajar a comunidade ligada ao Insper em ações de fortalecimento da mentalidade empreendedora”, diz Thomaz Martins, coordenador do CEMP. “Queremos demonstrar, na prática, que é possível empreender, fazendo muito em pouco tempo, com poucas pessoas e poucos recursos.”
O programa tem sido realizado semestralmente, sempre no início do período letivo. E, mais uma vez, levou os participantes a colocar em pé iniciativas promissoras. No caso de Laís Yazbek, o desafio estava em validar o modelo de atuação da nova empresa. “A Startup Week nos ajudou a direcionar melhor nosso segmento de atuação, focando nosso posicionamento. A receptividade dos possíveis clientes foi ótima.” Com a vantagem, para ela, de entender que não existe idade para começar uma startup. “Era uma dúvida que eu tinha, assim como muitos profissionais que estão na casa dos 30 anos. E ficou claro que todos podem empreender.”
Alunos do 4º semestre de Engenharia de Computação, Pedro Civita, Arthur Tamm e Gabriel Mendonça tinham uma ideia para um empreendimento. Mas ainda era pouco mais do que um conceito geral. “Estávamos completamente perdidos, então fomos ao Hub numa tarde de sexta-feira. Descobrimos que a Startup Week começava na segunda e resolvemos nos inscrever de última hora”, conta Civita.
A proposta do grupo acabou por ser premiada ao final do programa. “Foi uma experiência que nos motivou muito. Agora queremos abrir o CNPJ e colocar a startup em prática”, celebra o estudante.
Durante o programa, o grupo ouviu possíveis clientes para sua iniciativa, um marketplace de compra e venda de ingressos entre pessoas físicas. “Entendemos que precisávamos esquecer tudo o que pensávamos sobre empreender. Revimos conceitos, entrevistamos 20 pessoas, identificamos desafios que não conhecíamos. Mas, principalmente, percebemos que existe um público para nossa proposta.”
Por sua vez, Milena Rosa Lozano, colaboradora do Insper, analista sênior de projetos do Hub de Inovação, resolveu participar da iniciativa para se aprofundar na metodologia proposta pelo Insper. “Participei como observadora, com um olhar de aprendiz. Na sexta-feira, eu não só tinha pensado em um empreendimento, como também tinha um MVP pronto e fechei 11 vendas. Fiquei surpresa”, diz Milena, que já empreendeu em outras ocasiões. “Fui estruturando um conceito como proposto no programa, seguindo o passo a passo, e quando percebi tinha uma proposta materializada.”
Sua iniciativa consiste em uma mentoria de empreendimento para terapeutas. “Entrevistei oito profissionais que aplicam terapias, como especialistas em reiki e acupunturistas. Percebi que são bons técnicos, mas não entendem de marketing, estruturação de negócios, finanças e precificação, expertises que eu domino.”
Um dos novos clientes chegou a convidar Milena a fazer uma palestra sobre o tema — e ela aceitou. “A Startup Week incentivou em mim uma desconstrução. Eu não tinha um método para empreender. Percebi que não é eficiente investir primeiro na tecnologia, como muita gente faz. É mais importante inverter a lógica, entender o mercado, conhecer as demandas do usuário e depois trabalhar nos detalhes técnicos.”