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Empresa criada por alunos do Insper desenvolve solução finalista em competição de inteligência artificial

Com o chatbot Edu, a nero.AI chega à fase final de competição realizada pela Brazil Conference, evento anual organizado pela comunidade brasileira em Harvard e no MIT

Com o chatbot Edu, a nero.AI chega à fase final de competição realizada pela Brazil Conference, evento anual organizado pela comunidade brasileira em Harvard e no MIT

Enrico D'Angelo Gazola, Gabriel Valentim e André Brito
Enrico D’Angelo Gazola, Gabriel Valentim e André Brito 

 

 

Tiago Cordeiro

 

A nero.AI, uma empresa fundada por alunos do Insper no segundo semestre de 2023, desenvolveu um chatbot batizado de Edu, que oferece professores particulares online gratuitos sob demanda, utilizando inteligência artificial para encontrar as melhores informações para tirar as dúvidas dos alunos. A solução foi finalista da primeira edição do AI4Good, uma competição entre estudantes realizada durante a décima edição da Brazil Conference, evento organizado há dez anos pela comunidade brasileira em Boston que estuda na Universidade Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

No Brasil, sabe-se que o acesso ao ensino superior é marcado por desigualdades sociais. No auge da pandemia, em 2021, por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e pelo instituto VoxPopuli, com o apoio do Fundo Malala, apontou que alunos de 15 a 19 anos matriculados em escolas públicas estudavam em média 3,18 horas por dia.

Os concorrentes de escolas particulares que prestariam vestibulares e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estudavam 4,29 horas, mais de uma hora a mais, por dia. Considerando apenas o total de dias letivos obrigatórios por lei, em um ano, a diferença é superior a 220 horas de estudos, ou mais de nove dias inteiros de conteúdo absorvido.

Não surpreende, portanto, que o desempenho no Enem, entre os alunos de escolas públicas, seja inferior. Além da quantidade de horas, a qualidade do acesso ao ensino também é desigual — por exemplo, quando um jovem precisa trabalhar parte do dia, mora em locais mais afastados e não conta com infraestrutura de estudos em casa, como computadores.

Uma forma de lidar com essa questão é disponibilizar professores particulares gratuitos, online, sob demanda, que possam ser acessados por smartphones. O conteúdo fica disponível na internet, especialmente na forma de vídeos. O uso de inteligência artificial permite que o aluno encontre as melhores informações para tirar suas dúvidas em disciplinas como português, biologia e matemática.

 

Soluções sob medida

Os dois sócios-fundadores da nero.AI são Enrico D’Angelo Gazola, recém-formado em Economia pelo Insper, e Gabriel Valentim, aluno do sétimo semestre de Engenharia de Computação. Os dois se conheceram em 2022, quando atuavam na Liga de Empreendedores do Insper. Enrico já atuava na primeira startup criada por ele, a ASF, enquanto Gabriel fazia estágio no banco BTG Pactual.

A proposta da empresa é atuar como uma software house especializada no desenvolvimento de soluções de IA generativa sob demanda. O time é formado por desenvolvedores, pesquisadores e analistas de mercado. São seis pessoas ao todo, com a proposta de entregar produtos de forma mais barata, rápida e com menos burocracia em comparação com outras empresas do setor. O portfólio da nero.AI inclui chatbots, sistemas de classificação ou recomendação, modelos de análise de dados, softwares de produção de conteúdo, softwares de sumarização e sistemas de conversação.

“Desenvolvemos soluções em IA sob medida”, resume Gazola. “Nossa expertise no setor de IA generativa nos permite trazer para o cliente um olhar de quem é um insider no mercado”, acrescenta Valentim. “Fornecemos cronogramas definidos, garantias de entrega e execução fidedigna com a versão final do produto, assim como reuniões de alinhamento semanais.”

 

Experiência pessoal

Foi Valentim quem soube da competição AI4Good. Os dois sócios decidiram participar da competição e fornecer uma solução que pudesse ser compartilhada gratuitamente. O estudante de Engenharia de Computação assumiu a criação da IA, Gazola conduziu a proposta de implementação e o modelo de negócio, e um colega de turma de Valentim, André Brito, cuidou da criação do front da plataforma. Brito atualmente é tech leader na fintech Stone.

“O desenvolvimento foi pensado nos alunos que vivem a realidade brasileira das escolas públicas. Falo por experiência própria: fui aluno de escola pública e sofri inúmeras vezes com a falta de professores nas escolas do meu município no interior de Alagoas”, relata Valentim. “Nesse sentido, tínhamos o desafio de trazer conteúdo de qualidade de forma que, mesmo com pouca qualidade de internet, o aluno tivesse condições de estudar por conta própria.”

O primeiro desafio técnico foi obter os dados que seriam utilizados. “Utilizamos as APIs do YouTube para coletar as transcrições de mais de mil vídeos sobre o Enem e, posteriormente, alimentamos um modelo de IA com esses dados para disponibilizar todo o conteúdo por meio de um chatbot”, ele relata. “Por fim, disponibilizamos o chat em duas frentes, uma pelo Telegram e pelo Whatsapp, que permitem maior facilidade de acesso, e outra pela web, dando maior capacidade e mais funções que a simplicidade do WhatsApp não permite.”

“Além disso, incluímos recursos que permitem ao aluno corrigir redações por meio de fotos. Ele também pode mandar áudios e receber áudios, o que, para pessoas com deficiência visual, pode representar enorme porta de acesso ao consumo dos conteúdos em vídeo”, conta o estudante.

A solução está pronta para rodar. “O desafio proposto na competição era criar uma IA que ajudasse o Brasil em saúde, educação ou meio ambiente. Por estarmos muito ligados a educação, optamos por esse tema e desenvolvemos uma solução para aquele estudante interessado, mas pressionado pelas demandas da rotina”, diz Gazola. Ele agora trabalha na busca por parceiros dispostos a disponibilizar o Edu, que se consolidou como o primeiro produto pro bono desenvolvido pela empresa — ao longo deste ano, a nero.AI pretende lançar novas soluções para seus clientes.

 

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