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Ex-alunos do curso de empreendedorismo do Insper se destacaram na Web Summit

A legaltech Inspira venceu competição de pitches na principal conferência de inovação e tecnologia da Europa, realizada em novembro em Lisboa

A legaltech Inspira venceu competição de pitches na principal conferência de inovação e tecnologia da Europa, realizada em novembro em Lisboa

Inspira na Web Summit
A equipe da Inspira: Cauê Amaral, Rafael Grimaldi e Henrique Ferreira (cofundadores), Ricardo Verhaeg (CTO) e Carolina Grimaldi (Head UX) (crédito foto: PHOTOG/Web Summit (CC BY 2.0)

 

Bárbara Nór

 

Pela primeira vez, uma empresa latino-americana sagrou-se vencedora em um concurso na Web Summit, a maior conferência de inovação e empreendedorismo da Europa. O evento, realizado anualmente desde 2009, inclui o Pitch, uma competição entre startups que, durante três dias, disputaram ao vivo o prêmio de melhor pitch — apresentação concisa e persuasiva feita por empreendedores a potenciais investidores, parceiros de negócios ou clientes. Na edição de 2023, que aconteceu entre 11 e 14 de novembro em Lisboa, Portugal, foram 2.608 empresas inscritas, das quais 105 se qualificaram para a disputa de pitches. E a grande vencedora foi a Inspira, uma legaltech (startup da área jurídica) brasileira fundada por três ex-alunos do curso Empreendedorismo em Ação, no Insper.

Rafael Grimaldi, CEO e cofundador da Inspira, conta que o prêmio foi uma surpresa. “Foi bastante inesperado, pois nunca houve uma startup latino-americana, muito menos uma legaltech, que tivesse chegado ao final da competição”, diz. “Mas foi maravilhoso, um reconhecimento que mostra que conseguimos construir algo legal.” A escolha do melhor pitch em Lisboa foi feita por uma banca de jurados e pelo público.

Fundada por Grimaldi e dois sócios, Cauê Amaral e Henrique Ferreira, a Inspira é uma plataforma que permite pesquisas sobre jurisprudência de forma automatizada, gerando relatórios e insights a partir dos dados de mais de 32 tribunais brasileiros. “Nossa visão sempre foi a de ajudar o advogado a trabalhar melhor, de um lado, e auxiliar o país a ter um custo jurídico menor, de outro”, afirma Grimaldi. “Nosso sistema jurídico ainda é pesado e lento, e queremos ajudá-lo a tornar-se mais eficiente.” E não falta oportunidade para isso: o Brasil, ele lembra, é o país com maior número de advogados no mundo proporcionalmente à população — e o que mais gasta com o Judiciário em relação ao PIB.

A ideia de empreender nessa área surgiu quando Grimaldi e seus sócios ainda trabalhavam em um escritório de advocacia, onde se conheceram e atuaram juntos entre 2014 e 2018. Mas foi em 2019 que os primeiros passos começaram a ser dados. Grimaldi havia deixado o escritório e trabalhava na Endeavor, rede de empreendedores que, na época, estava instalada no prédio do Insper. “Dei sorte porque a Endeavor tinha várias parcerias com o Insper para oferecer cursos”, lembra.

Foi assim que ele decidiu fazer o curso Empreendedorismo em Ação, então coordenado pelo professor Daniel Ibri e realizado pelo Centro de Empreendedorismo (Cemp) do Insper. “Quando vi a programação do curso, pensei que era a oportunidade ideal para ‘brincar de empreender’ e explorar as ideias que eu já tinha”, conta Grimaldi. Ele chamou seus hoje dois sócios para também participarem do curso, que começou em outubro de 2019 e teve três meses de duração — que, aliás, foram bem intensos. “Já na primeira aula, o Daniel [Ibri] disse que tínhamos de trazer uma ideia na aula seguinte e que iríamos sair dali já com protótipos”, lembra.

Segundo Grimaldi, mais do que simplesmente assistir a aulas, os alunos eram, desde o início, incentivados a tirar as ideias do papel. “Nós devemos muito ao Insper. Se ninguém tivesse nos empurrado para gastar energia e incubar a ideia, tudo teria ficado só na cabeça”, afirma.

A metodologia “mão na massa” do curso, segundo Grimaldi, fez a diferença. Outro ponto relevante foi o apoio recebido dos professores. “É importante pegar todas as ideias e passar por uma mentoria organizada”, diz. “Para nós, foi fundamental passar por esse processo, com uma metodologia de incubadora, quase como se fosse uma certificadora do que estávamos fazendo.”

Estimulados pelos professores, Grimaldi e os sócios começaram a vender o primeiro protótipo ainda durante o curso. “Fomos seguindo passo a passo a metodologia, até chegar o momento em que tínhamos um produto”, diz. “Ainda não havia nada de tecnologia, mas concebemos um protótipo e o Daniel sugeriu que já saíssemos para vender o serviço”. Foi assim que surgiu a Inspira.

Em um primeiro momento, os empreendedores venderam, para escritórios de advocacia e clientes finais, um relatório de pesquisa de jurisprudência. Para isso, começaram a programar os primeiros crawlers(rastreadores para coleta de dados) e a juntar os dados judiciais em uma nuvem. Depois da pesquisa, os três geravam manualmente o relatório a ser entregue ao cliente. “Esse produto logo começou a ter uma recorrência, e vimos que era algo que tinha valor”, diz Grimaldi. “Foi assim que resolvemos desenvolver um software para agilizar o processo”. Há um ano e meio, o produto foi oficialmente lançado.

Hoje a Inspira conta com uma plataforma que gera os relatórios para os clientes de forma automatizada. A ideia, com o tempo, é expandir os serviços. “Desde a premiação na Web Summit, começamos a receber contatos de investidores brasileiros, latino-americanos, europeus e norte-americanos, além de uma empresa governamental”, diz Grimaldi. Segundo ele, o plano é que o produto seja um assistente completo na vida do advogado ou de um jurista — e transforme o modo como se trabalha no setor jurídico. “Nossa ferramenta é só o começo dessa jornada”, afirma.

 

Apoia a empreendedores

Embora o curso Empreendedorismo em Ação não faça mais parte do portfólio do Insper, a escola conta hoje com o Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha, que reúne o Cemp e o hub.i9 (canal de conteúdo sobre inovação e empreendedorismo) e promove inovação em parceria com empresas e instituições. “O Hub tem a missão de conectar o ecossistema de empreendedores do Insper com o que há de mais inovador no mercado”, diz Daniel Ibri, que atualmente é professor de inovação e empreendedorismo no Insper.

Segundo ele, o objetivo segue sendo ajudar os alunos a exercitarem, desde o começo, as suas ideias de negócio, dentro de empresas ou fundando o próprio empreendimento. “O Insper foca muito no lado aplicado. É o rigor acadêmico aliado à experiência prática de quem, de fato, tem essa vivência no mercado.”

Ibri se recorda da época em que era professor dos hoje sócios da Inspira. “Trouxemos pessoas do mercado para dar aulas e fizemos os alunos montarem uma parte do projeto e exporem para uma banca, que deu feedback”, lembra. Hoje, no Hub de inovação e Empreendedorismo, a integração com diferentes áreas do Insper propicia um ambiente de colaboração. “O Insper tem escola de engenharia, tem laboratório, por isso conseguimos desenvolver diversas experiências juntos”, diz Ibri. “Além disso, procuramos entender a necessidade de cada aluno para adaptar o conhecimento e a didática para essa realidade.”

Daniel Ibri
O professor Daniel Ibri

 

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