Estudante do 6º semestre de Direito, Luisa Carneiro fez parte do grupo que visitou a instituição norte-americana durante as férias de verão
Tiago Cordeiro
Métodos de arquivo e pensamento histórico aplicados a um projeto de título curioso: “Mercados financeiros do berço ao túmulo: narrando os custos econômicos, políticos e sociais da vida”. Essa foi a missão que Luisa Carneiro, aluna do 6º semestre do curso de graduação em Direito do Insper, recebeu entre 9 de junho e 19 de julho, enquanto participou do Summer Institute in Social Research Methods da Universidade de Chicago. O programa durou dez semanas e ela cumpriu parte do tempo de forma remota.
Nascida em Uberlândia (MG) há 22 anos, moradora da capital paulista, Luisa soube por e-mail institucional do Insper da existência da parceria entre as duas escolas. Por recomendação do professor Ivar Hartmann, resolveu se inscrever no programa.
Enviou uma carta de motivação escrita em inglês, que foi avaliada em conjunto com outros critérios, como a participação em pesquisas científicas. “Uma vez feita essa avaliação pelos docentes, e aprovados na primeira fase, a Universidade de Chicago contatou os estudantes do Insper via e-mail para realizar uma avaliação oral de proficiência em inglês”, relembra.
Luisa esteve entre os cinco alunos do Insper selecionados para participar do programa de verão, que recentemente passou a aceitar estudantes de instituições de ensino de outros países (os outros quatro alunos do Insper participantes foram Carolina Bromfman, Júlio Mugnol, Victor Quadros e David Schwartsman). A escola norte-americana tem 130 anos de história, conta com mais de 18 mil estudantes de graduação e já abrigou, entre professores e alunos, 97 vencedores do Prêmio Nobel. A parceria com o Insper contou com o apoio financeiro da Fundação Haddad.
Conduzido por Patricia Posey, pesquisadora de pós-doutorado com foco em ciência política, o projeto de que a estudante participou faz parte de uma iniciativa voltada a examinar os efeitos das políticas econômicas norte-americanas no decorrer da vida, em especial no momento do nascimento e da morte das pessoas nos Estados Unidos, relacionando esses efeitos com questões sociais e estruturais ligadas, por exemplo, ao racismo.
“A certeza dos mercados financeiros na vida cotidiana eclipsou até a promessa de morte e de impostos”, argumenta a professora em seu projeto de pesquisa. “Os mercados e as instituições financeiras que os medeiam se infiltram em pontos ao longo do curso da vida, moldando a igualdade na saúde, desde o nascimento até a morte e tudo o que se passa entre eles. O capitalismo racial liga esses mercados às nossas vidas privadas, ofuscando o papel do Estado e produzindo resultados de saúde variados a partir da lógica da oferta e da procura.”
A proposta da professora Patricia era fortalecer as habilidades de pesquisa da aluna brasileira, incluindo pesquisa em arquivos e trabalho bibliográfico. “O programa foi muito rico. O ambiente da faculdade é muito favorável e estimulante à busca incessante pelo conhecimento, e isso com certeza foi o mais valioso na minha experiência”, diz Luisa.
“Por meio da infraestrutura das bibliotecas, ambientes de estudo e salas de aula, assim como da atmosfera criada pelos alunos e professores, senti vontade de explorar assuntos diversos e me engajar em debates enriquecedores.”
Houve tempo também para conhecer os arredores de Chicago, conta a estudante. “Tive a oportunidade de experimentar pratos em diversos restaurantes da região de Hyde Park, onde fica a Universidade de Chicago”, diz.
“Os almoços para os participantes do programa aconteciam em conjunto com workshops e field trips, nos quais os alunos tinham a oportunidade de conhecer mais sobre a prática da pesquisa em ciências conversando com professores, assim como engajar em conversas entre os próprios estudantes.”