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Com debates, Insper inaugura o Centro de Evidências da Educação Integral

O pesquisador Ricardo Paes de Barros fala sobre a importância da educação integral para a sociedade. Gerar conhecimento sobre o tema é o objetivo do novo Centro, que conta com o apoio dos institutos Natura e Sonho Grande 

O pesquisador Ricardo Paes de Barros fala sobre a importância da educação integral para a sociedade. Gerar conhecimento sobre o tema é o objetivo do novo Centro, que conta com o apoio dos institutos Natura e Sonho Grande 

 

Bruno Toranzo

 

O Insper promove nesta quinta-feira, 7 de julho, das 9h30 ao meio-dia, em seu auditório, o evento de lançamento do Centro de Evidências da Educação Integral, que faz parte do Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP). Estarão presentes gestores públicos, representantes do terceiro setor e outros especialistas no tema, além do professor Ricardo Paes de Barros, principal pesquisador do Centro.

Os institutos Natura e Sonho Grande são apoiadores do Centro por meio de doações que viabilizam pesquisas feitas pelas equipes do Insper. O objetivo desses estudos é organizar e gerar conhecimento sobre a educação integral, demonstrando sua relevância não apenas para a inserção de jovens no mercado de trabalho e para a economia do país, como também para o desenvolvimento humano de forma geral.

Ambos os institutos têm experiência no assunto, já que atuam no terceiro setor dando suporte a governos estaduais para implementar e expandir a oferta do ensino integral nas escolas públicas. De acordo com a meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), metade das escolas públicas do país deverá oferecer o ensino integral até 2024, o que significa que pelo menos 25% dos alunos da educação básica deverão passar mais tempo em sala de aula. Há diversos estudos que mostram o impacto positivo em relação à renda desse futuro profissional e às suas habilidades socioemocionais.

Na entrevista a seguir, o professor Ricardo Paes de Barros fala sobre a importância da educação integral no desenvolvimento pleno das pessoas.

 

Quais são os benefícios da educação integral?

RICARDO PAES DE BARROS – São muitos os benefícios, como o aumento da renda futura que será auferida pelo profissional no mercado de trabalho e o ganho de produtividade para a economia do país. Há também os benefícios menos evidentes, ligados às habilidades socioemocionais, como a melhora dos relacionamentos de todo tipo, sejam familiares, sejam de trabalho, e o maior engajamento em questões políticas e comunitárias. Como sabemos, uma sociedade com mais educação significa vida melhor em todos os aspectos.

É importante, no entanto, diferenciar a educação integral da educação em tempo integral. O objetivo da primeira é desenvolver plenamente a pessoa, o estudante, que é justamente o que preconiza a Constituição Federal, assim como a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Já a segunda diz respeito ao ensino em tempo integral, o de ficar o dia inteiro na escola. O melhor dos cenários, portanto, é ter uma educação integral em tempo integral.

 

Mas o que significa desenvolver plenamente a pessoa?

Essa é uma excelente pergunta e não há resposta única que possa ser utilizada em todas as situações. Podemos considerar como um dos parâmetros válidos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), estabelecida pelo Ministério da Educação.

O documento define as dez competências gerais a serem desenvolvidas nos alunos. São elas: 1) conhecimento; 2) pensamento científico, crítico e criativo; 3) repertório cultural; 4) comunicação; 5) cultura digital; 6) trabalho e projeto de vida; 7) argumentação; 8) autoconhecimento e autocuidado; 9) empatia e cooperação; e 10) responsabilidade e cidadania. Elas devem ser trabalhadas de forma transdisciplinar, ou seja, em todas as áreas de conhecimento e etapas da educação.

 

Qual é o cenário atualmente da educação brasileira?

As escolas em tempo não integral, públicas e privadas, também têm como objetivo desenvolver essas habilidades do BNCC, algumas delas de soft skill e outras de raciocínio de alta ordem, como criatividade e capacidade analítica.

O problema está na insuficiência do tempo disponível para isso, considerando a necessidade de trabalhar todas as matérias de ensino obrigatório. No ensino médio, a prioridade das escolas é a aprovação no vestibular, e não o ensino integral. Sobre o tempo integral, olhando para o ensino público, apesar da meta 6 do PNE, ainda são poucas as escolas inseridas nesse modelo.

 

Dá para comparar o desempenho de um aluno de ensino regular com o de um aluno de ensino integral?

Sim, estamos, por meio do Centro de Evidências da Educação Integral, analisando o impacto no médio e no longo prazo da educação integral em tempo integral. Queremos mensurar o que essa educação vai trazer em termos de melhor inserção da pessoa no mercado de trabalho e, para o país, em matéria de crescimento do PIB. O estudo está em andamento, com alguns dados preliminares, que serão explorados no evento de amanhã.

Descobrimos, por exemplo, que a renda do aluno de ensino médio de educação integral em tempo integral será 15% superior ao longo da sua vida profissional, em comparação com o aluno de educação regular em tempo não integral. E mais: esse mesmo aluno do ensino médio de educação integral em tempo integral vai, no futuro, influenciar positivamente mais pessoas ao seu redor, melhorando, por exemplo, o desempenho da empresa em que vai trabalhar, o que resultará em uma contribuição 25% maior para a economia brasileira — ainda comparando com o aluno que não teve a mesma educação.

Para o Poder Público, essa educação integral em tempo integral custa 25 mil reais a mais por aluno do que a outra ao longo dos três anos de ensino médio. Só que o retorno para a sociedade consegue superar o valor de100 mil reais a mais por aluno, ao longo da sua vida profissional, inserido nessa educação — em comparação com o aluno que não teve acesso a ela.

 

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