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Neurociência ajuda no tratamento de diversas doenças, como o mal de Parkinson

Webinar debateu como esse campo da ciência pode trazer ganhos para os pacientes e como implementar as novas tecnologias nos sistemas público e privado de saúde

Webinar debateu como esse campo da ciência pode trazer ganhos para os pacientes e como implementar as novas tecnologias nos sistemas público e privado de saúde

 

Bruno Toranzo

 

A neurociência — o campo da ciência que se ocupa em estudar o sistema nervoso, principalmente o cérebro, com o objetivo de entender sua estrutura e seu funcionamento — vem se tornando uma aliada no tratamento de diversas doenças. Uma delas é o mal de Parkinson, um distúrbio neurodegenerativo que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, atinge 1% da população mundial acima de 65 anos. No Brasil, segundo o IBGE, cerca de 200 mil pessoas sofrem da doença.

“A neuromodulação por estímulo elétrico na medula espinhal possibilita que o paciente com grau avançado de mal de Parkinson possa controlar melhor seus movimentos, dando-lhe autonomia”, disse Edgard Morya, gerente do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, vinculado ao Instituto Santos Dumont. “Essa tecnologia muda completamente a qualidade de vida da pessoa. A implantação do estimulador é feita sob a pele, com troca de bateria a cada oito anos. Esse é um exemplo da neurociência aliada à biotecnologia, que vem crescendo muito no Brasil e no mundo.”

A observação foi feita durante o webinar Neurociência e Inovação, realizado pelo Insper no dia 6 de junho. Além de Morya, participaram do bate-papo a engenheira de produção Camila Pepe, diretora de projetos que atua no setor de avaliação de tecnologias em saúde, e Paulo Amaral, professor do Insper e ex-pesquisador da Universidade de Cambridge. A moderação foi feita por Luiz Durão, que também leciona no Insper, além de ser pesquisador visitante na TU Darmstadt e na Trinity College Dublin.

De acordo com Morya, que é graduado em fisioterapia na Universidade de São Paulo, a neurociência é uma combinação de várias áreas, com destaque para as engenharias. Sua aplicação com a biotecnologia abre infinitas possibilidades, como a já mencionada implantação do estimulador sob a pele dos pacientes. “Aqui no laboratório, atuamos em Macaíba, cidade vizinha a Natal, no Rio Grande do Norte. Estamos aqui para fazer com que a neurociência transforme a sociedade”, disse.

Para exemplificar, ele chamou a atenção para o fato de Rio Grande do Norte ter muitos acidentes com arma de fogo. “Nesses casos, nas lesões medulares, por exemplo, auxiliamos na reabilitação das vítimas. Atuamos, ainda, na formação do profissional de saúde. Colocamos nossos neurocientistas para pensar como podemos ajudar, considerando sempre as necessidades da região”, explicou.

Paulo Amaral reconheceu a relevância da neurociência, com a ressalva de que aspectos éticos devem ser observados, inclusive pela iniciativa privada. “A neurociência desperta interesse. Vejo isso na sala de aula com os alunos. As últimas notícias demonstram que essa área está recebendo investimento alto de empresários famosos. O caminho, no entanto, parece ser trabalhar a neurociência, aliada à biotecnologia, para tratar problemas de impacto real na sociedade, como a lesão na medula e o mal de Parkinson”, afirmou.

 

Incorporação das novas tecnologias

De nada adianta se as tecnologias não forem adotadas nos tratamentos públicos e privados de saúde. Para que sejam utilizadas, deve haver, para os órgãos de regulação, a comprovação de sua efetividade. A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) define se as tecnologias vão ser incorporadas no SUS (Sistema Único de Saúde). Já a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) define se elas farão parte do rol exigido das operadoras de saúde.

“Em linhas gerais, são dois parâmetros exigidos pela Conitec e ANS: efetividade da tecnologia e custo. Sobre a efetividade, é preciso demonstrar que o tratamento vai, de fato, trazer benefício para a saúde do paciente, tratando problemas do presente ou evitando futuros, como enfarte e diabetes. Já o custo diz respeito à correlação entre o investimento que será realizado pelas operadoras e o benefício proporcionado ao paciente”, disse Camila Pepe.

Ela destacou, também, o fato de existir um aspecto muito positivo que costuma vir com as novas tecnologias: a economia futura com os pacientes proporcionada por tratamento preventivo inovador. É essa lógica, segundo ela, que precisa ser considerada pelas operadoras de saúde.

Para Luiz Durão, moderador do webinar, com a incorporação da tecnologia pelo SUS e pela ANS, teremos o caminho completo, com a neurociência conversando com a inovação para chegar ao paciente e salvar, por vezes, sua vida.

Para assistir ao webinar na íntegra, clique aqui.

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