Em sua empreitada, Matheus Dias Marotzke, cofundador da startup Klubi, conta com o apoio dos fundadores das empresas 99 Táxi e iFood
Tiago Cordeiro
Em 2017, três alunos de Engenharia do Insper venceram a L’Oréal Brandstorm, uma competição global de inovação aberta. Ao todo, mais de 8 mil equipes concorreram, ao longo de quatro etapas, entre regionais, nacionais, continentais e, enfim, a grande final. Durante a disputa nacional, eles precisaram apresentar um pitch de cinco minutos para uma banca formada por executivos e CEO da L’Oréal Paris. A final mundial foi realizada no formato de feira, com 42 times apresentando suas propostas em stands.
Felipe Buniac, Matheus Dias Marotzke e Luca R. Noto superaram todos os concorrentes com a proposta de uma linha de produtos inovadora: uma solução sustentável, baseada em cápsulas solúveis e biodegradáveis, que, com a ajuda de um misturador, produziria um produto individual de higiene pessoal. O consumidor especificaria suas demandas pessoais em uma plataforma online (por exemplo, um xampu anticaspa) e receberia em casa a combinação mais adequada.
Esse foi apenas o primeiro feito dos três, que desde então se posicionaram com destaque no mercado. Luca R. Noto trabalha atualmente na Ambev. Felipe Buniac e Matheus Dias Marotzke fundaram juntos uma empresa de consultoria, a Melon Innovation – que surgiu depois que os dois venceram outro desafio de inovação, do qual participava a Faber Castell. Felipe também é product manager na startup Conta Simples. E Matheus é cofundador da Klubi, uma startup criada com o apoio dos fundadores da 99 Táxi e do iFood.
A proposta da Klubi, que atualmente tem 90 funcionários, é transformar o mercado de consórcio de automóveis. “Queremos trazer para esse setor o mesmo grau de inovação que o Quinto Andar levou ao aluguel de imóveis e o Nubank, aos cartões de crédito”, diz Marotzke, que nasceu na cidade de São Paulo e tem 26 anos. “O brasileiro tem dificuldade em guardar dinheiro, de se organizar, e o consórcio é um canal para alcançar esse objetivo.”
A iniciativa surgiu em 2019, resultado de uma sociedade do jovem empreendedor com o executivo Eduardo Rocha e Anderson Silva, ambos ex-diretores executivos da Rodobens e Disal, respectivamente, duas das maiores administradoras de consórcio do país. É a primeira empresa digital a ter autorização do Banco Central do Brasil para operar como administradora de consórcios. Todo o processo de contratação é realizado online. Em outubro de 2021, recebeu um aporte de 32,5 milhões de reais em sua primeira rodada liderada pela Igah, Ventures, com participação da Parallax Ventures e de sócios da incorporadora Cyrela. A empresa já tem com investidores anjo os fundadores da empresa de aplicativo de transporte 99, Paulo Veras, Renato Freitas e Ariel Lambrecht, e Guilherme Bonifácio, fundador da empresa de delivery iFood.
“Conheci o Paulo Veras durante um tour ao Insper, em que eu era o guia. No fim do trajeto, ele me adicionou no LinkedIn. Mandei mensagem convidando para tomar um café, ele concordou. Contei da Melon, e ele me provocou a criar um negócio escalável”, lembra o empreendedor. “Desde aquele momento, ele se tornou um mentor para mim.”
E tudo começou graças a um encontro fortuito com um primo do pai de Matheus, o professor do Insper Paulo Marques.
Na adolescência, Marotzke queria estudar arquitetura. Depois optou pela engenharia. “Queria fazer a Poli, na Universidade de São Paulo. Até que encontrei o Paulo, por acaso, na Avenida Paulista, e ele começou a contar sobre a proposta do Insper, que estava abrindo um curso de Engenharia. Este momento transformou minha vida”, conta.
Encantado pela escola, ele entendeu, entre uma aula e outra, que tinha vocação para o empreendedorismo. E entendeu também por que tinha planos de cursar arquitetura: “Hoje me vejo como pessoa de produto, tecnologia e negócios”. Com um ano e meio de curso, já fazia pitchs para outras empresas – “Com as pernas tremendo, mas fazia”.
As primeiras iniciativas foram desenvolvidas dentro do Centro de Empreendedorismo (CEMP) do Insper. “Eu sequer precisava ter um escritório, atuava de dentro do CEMP. Fui autorizado a considerar o meu próprio empreendimento como a experiência de estágio obrigatório.”
A experiência da graduação acabou por transformar a trajetória de Marotzke. “Eu não seria quem eu sou sem as pessoas que estavam em volta de mim, os outros alunos, os professores e a coordenação”, diz o empreendedor. “Ainda vou voltar ao Insper para dar aulas.”