Marcelo Alves participou de um dos projetos vencedores, o Prospera Família, do governo paulista. Já Luciano Máximo contribuiu para a promoção do Prêmio Evidência
Leandro Steiw
O projeto Prospera Família, da Secretaria de Desenvolvimento Social do estado de São Paulo, é um dos vencedores do Prêmio Evidência, que reconhece políticas públicas baseadas em evidências. O prêmio é resultado de uma parceria entre a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), o FGV EESP Clear (um centro de aprendizagem ligado à Fundação Getulio Vargas) e o Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS).
Assessor técnico da Secretaria de Desenvolvimento Social, Marcelo Alves, aluno do Programa Avançado em Gestão Pública (PAGP) do Insper, participou da formulação do projeto Prospera Família. Tudo começou em 2020, quando realizou um mapeamento de iniciativas e um estudo preliminar com o apoio de um mestrando na Harvard Kennedy School, além de outros parceiros da academia e da sociedade civil.
Desde então, Alves assumiu a função de gerência de projeto na estrutura da Coordenação Estadual do programa, prestando apoio técnico às 23 gestões municipais da edição 2021 e articulando com organizações parceiras a implantação e operação das etapas de desenvolvimento humano, capacitação técnica e empreendedorismo. “O Prospera Família se baseia em evidências bastante robustas sobre desenvolvimento de meios de subsistência e maior proteção contra choques para famílias em situação de vulnerabilidade”, diz Alves. O programa trabalha com 12 mil famílias monoparentais com ao menos um dependente na primeira infância.
“O curso tem me apoiado a estabelecer diversas relações entre a teoria acadêmica e a prática profissional”, afirma Alves, que está no 5º trimestre do PAGP. “A formulação e implementação de uma política pública tão complexa e multifacetada como é o Prospera Família requer um conhecimento sólido sobre resolução de problemas e geração de valor público, com uma boa base de ferramentas e estratégias para uma atuação colaborativa na esfera pública.”
Alves explica que uma das suas atribuições na definição de desenho do programa junto à equipe foi definir os fundamentos e as análises de ambiente para o planejamento estratégico da Coordenação Estadual. “Utilizei muito do conhecimento e das discussões das disciplinas de análise de problemas e estratégia no setor público”, observa. “A pertinência dos conteúdos trabalhados, a participação de convidados de peso e a troca com os colegas de áreas tão variadas agregam uma complementaridade muito importante à minha formação em gestão de políticas públicas, que penso ter um impacto duradouro na minha atuação no campo de públicas.”
Um dos momentos mais inusitados para Alves foi se reconhecer em uma das referências bibliográficas do curso sobre a atuação de organizações da sociedade civil na prestação de serviços públicos. “O artigo em que sou coautor foi debatido em uma das aulas”, conta. Ele foi tutor de um dos cursos online sobre políticas de primeira infância, oferecido pelo Insper em parceria com o Núcleo Ciência pela Infância. “Acredito que essa e outras iniciativas contribuem, por exemplo, para a minha representação no Comitê Estadual sobre o tema e fico muito entusiasmado em reconhecer a relevância da escola em um das pautas que para mim é tão cara enquanto política pública”, diz Alves.
Também aluno do PAGP, Luciano Máximo atua com políticas públicas desde 2009. Ele era jornalista e ajudou a implantar a cobertura de temas do setor no Valor Econômico, um diário especializado em negócios e economia. “O trabalho foi muito reconhecido e até hoje as políticas públicas têm mais espaço no jornal e, vou além, na imprensa como um todo”, rememora. “Vejo que o Valor pautou muito outros veículos com suas coberturas mais focadas no funcionamento e na avaliação das políticas públicas.”
Em 2020, Máximo começou a colaborar com o FGV EESP Clear, em parcerias com governos nacionais e subnacionais, universidades públicas e privadas e organizações da sociedade civil no Brasil e em cinco países da África Lusófona (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). Um desses projetos é o Prêmio Evidência. “Minha maior contribuição foi no sentido de garantir uma boa promoção dessa nova marca que está surgindo com a primeira edição do prêmio, uma iniciativa inovadora que busca reconhecer e valorizar práticas de uso de evidências na gestão pública”, diz.
Na transição do jornalismo para os projetos sociais, Máximo fez um mestrado em Políticas Públicas na Inglaterra, com pesquisas centradas no Reino Unido e em outros países da Europa. “Ao voltar ao Brasil, quis fazer um curso prático para estudar um pouco melhor a arena das políticas públicas brasileiras”, afirma. “O PAGP do Insper caiu como uma luva: um curso dinâmico, sem perder o rigor acadêmico, e com um convívio maravilhoso com os alunos.” Ele se lembra de compartilhar a sala de aula com pessoas do Brasil todo, vindas do setor público, do terceiro setor e da iniciativa privada — e que muitos se tornaram prefeitos, vereadores, secretários de estado e lideranças em organizações relevantes do ecossistema.
Segundo Máximo, dos saberes do Insper, o que ele mais aplica no dia a dia profissional são as práticas e ferramentas de planejamento e análise de dados e informações. “Adquiri muitos conhecimentos novos, consolidei outros aprendizados da minha trajetória profissional e do mestrado na Inglaterra e, de quebra, fiz um networking maravilhoso e ótimos amigos.”
A primeira edição do Prêmio Evidência teve 53 inscrições de projetos das administrações federal, estadual e municipal. “O prêmio sai fortalecido para sua segunda edição e, tenho confiança, logo será um marco da gestão pública e de estudos desses campos do monitoramento e avaliação de políticas públicas para orientar tomadas de decisões e também da mobilidade social, representada pelo Troféu IMDS”, diz Máximo.