A Talura, do alumnus Arthur Lee, busca aproximar exportadores e importadores dos fornecedores de fretes internacionais por meio de um marketplace e será acelerada pela FOKS

 

Bruno Toranzo

 

A contratação de fretes internacionais costuma ser trabalhosa para as empresas. O processo é manual, com necessidade de várias ligações para fazer os orçamentos. Com tantas idas e vindas, a insegurança é motivo de preocupação para os embarcadores, que são as empresas interessadas em exportar ou importar produtos.

“Há fornecedores de frete que escondem da proposta inicial diversas taxas alfandegárias, que só são apresentadas depois de contratado o serviço ou na etapa final de contratação”, afirma Arthur Lee, sócio da startup Talura, marketplace de fretes internacionais cujo objetivo é digitalizar esse mercado, além de promover a transparência na relação entre embarcadores e fornecedores de fretes. “Outra dificuldade para os embarcadores está em saber se o fornecedor é realmente idôneo, de confiança, o que se mostra indispensável em qualquer negócio, ainda mais em transações de valores altos como as de frete internacional.”

Essas dificuldades ficaram maiores durante a pandemia. Os valores dos fretes marítimos, por exemplo, subiram exponencialmente. “A importação de um contêiner da China para o Brasil passou a custar 10 mil dólares, preço cinco vezes maior em comparação com o período anterior à pandemia”, relembra Lee. “Foi nesse contexto que começou a Talura, mais precisamente no fim de 2021, o que tornou nossa operação ainda mais desafiadora. A carga do importador ficava semanas para embarcar, pois havia uma fila resultante dos impactos econômicos da pandemia.”

A Talura receberá o suporte da FOKS, aceleradora do Insper voltada para alunos e ex-alunos, nessa jornada de tornar o marketplace cada vez mais conhecido e utilizado. Na plataforma, além do frete, aéreo, marítimo ou rodoviário, é possível contratar serviços relacionados como seguro internacional; desembaraço aduaneiro da carga (o que envolve a documentação necessária); armazenagem e coleta da carga; e compensação de carbono emitido durante o frete. “Já estamos intermediando 3 milhões de reais por mês em fretes internacionais”, diz Lee, que é alumnus do curso de Engenharia Mecatrônica no Insper, onde se formou em 2019.

A plataforma atua na aproximação dos embarcadores e dos fornecedores de frete, que podem ser encontrados facilmente por quem precisa exportar ou importar. Há um sistema de notas, nos moldes de aplicativos como o Uber, que classifica o trabalho dos fornecedores, com base nas avaliações dos embarcadores. No próprio site, é também realizada a negociação em relação ao frete que será contratado, o que traz segurança e rapidez às tratativas.

 

Modelo de cadastro e de cobrança

“Já temos 220 fornecedores homologados na plataforma, com 700 empresas exportadoras ou importadoras cadastradas”, afirma Lee. Para integrar o marketplace, o fornecedor de frete se submete a uma criteriosa validação, que faz a varredura do CNPJ e a consulta ao score ou nota de crédito da empresa. Na sequência, os sócios e gestores são entrevistados pela Talura.

“Para completar, coletamos certificados de qualidade, como o ISO 9001. Esse requisito não é obrigatório, mas contribui para a nota do fornecedor, que pode chegar a cinco estrelas”, diz o empreendedor. “Uma vez homologada, a empresa não tem presença garantida para sempre na plataforma. Verificamos a qualidade do serviço em cada uma das entregas aos embarcadores.”

A participação do fornecedor de frete na plataforma é gratuita. Em caso de fechamento do negócio, a Talura cobra uma taxa fixa, que varia conforme o tipo de frete. Para o marítimo, é de 55 dólares por contêiner. Já o embarcador paga uma mensalidade — a mais básica está em 199 reais. Entre os exportadores, as commodities se destacam, como café e arroz. Já entre os importadores, as indústrias químicas predominam, com importação principalmente da China.

Lee destaca que a Talura já passou da primeira etapa de negócio, que está voltada para a validação do produto. “Estamos agora no momento de reavaliar nossa máquina de aquisição de usuários. Ou seja, precisamos escalar nossa base de usuários. Contamos com a FOKS para auxiliar nessa tarefa”, afirma.

 

FOKS e CEMP

Para auxiliar os alunos e ex-alunos empreendedores a obter sucesso com suas startups, o Insper lançou, em setembro de 2022, sua aceleradora FOKS. O objetivo é auxiliar startups que já possuam resultados em termos de clientes e receitas e tenham sido fundadas por estudantes e alumni Insper, de modo a validar suas estruturas de crescimento, refinar a escalabilidade dos produtos e buscar investimento da melhor forma. Para saber mais sobre a FOKS, clique aqui.

A aceleradora é o mais novo produto do Centro de Empreendedorismo (CEMP), que existe desde 2006, atendendo o aluno e ex-aluno na tomada de decisão de empreender, no começo da exploração do mercado.