Iniciativa, que conta com apoio de alunos e Alumni, já beneficiou mais de 29,2 mil famílias e 1.350 pequenos produtores agrícolas
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O Projeto Campo Favela, iniciativa liderada por Lars Sanches, André Duarte, Adalto Barbaceia Gonçalves, Carla Ramos e Giuliana Isabella, professores do Insper, para conectar a produção de pequenos agricultores com favelas de São Paulo que sofrem com a falta de alimentos por conta da queda de renda e isolamento social, levou entre abril e junho deste ano 367,2 toneladas de alimentos (incluindo ovos, frutas, legumes e verduras) para 29,2 mil famílias de Heliópolis, Jardim Colombo, Cidade Tiradentes, Capão Redondo, Paraisópolis, São Miguel, Comunidades Indígenas Guaviraty, Itapoã, Ka’aguy Poty, Araça Mirim, Pindoty, Pakurity e Jejyty, Boqueirão e Eucaliptal (Santo André), Complexo da Maré (RJ), além de pessoas sem teto do Centro de São Paulo e o Banco de Alimentos da Prefeitura de São Paulo.
Nesse processo, também foram beneficiados, direta ou indiretamente, 1.350 pequenos produtores agrícolas da região de Piedade e do Vale do Ribeira.
“Usamos logística para levar alimentos saudáveis diretamente dos agricultores para as favelas via cestas ou marmitas. Os pequenos produtores agrícolas conseguem vender a produção a um valor justo e as associações locais das favelas têm acesso a produtos para doação ou venda a preço simbólico, conseguindo comprar mais alimentos e financiar as suas atividades. Já as famílias carentes das comunidades têm acesso a esses produtos com a doação ou venda a preço muito baixo de kits de alimentos ou marmitas”, explica Lars.
O professor avalia que o projeto tem sido um grande sucesso. “Conseguimos ampliar a cobertura, a quantidade de famílias atendidas e a quantidade de produtos entregues, conseguindo ter um custo/benefício extremamente competitivo. Também estamos implementando melhorias nos processos e logísticas, conseguindo ajudar cada vez mais agricultores”.
A atuação do projeto com as favelas acontece por meio de três formas de doação: entrega de kits para pessoas em situação de vulnerabilidade; para associações que queiram revender os produtos de forma subsidiada e, com o valor arrecadado, fazer novas compras em um modelo sustentável; e para cozinhas comunitárias.
Doações Institucionais
O projeto recebeu até o momento doações do Instituto BEI, Arq. Futuro, Instituto Galo da Manhã, Península Participações, Instituto Unibanco e JBS.
Mobilização de alunos, Alumni e professores
O Projeto Campo Favela, após uma entrega piloto liderada pelo professor Lars, ganhou força com um crowdfunding divulgado pelos professores do projeto e pela mobilização de alunos de graduação de Marketing 1 que desenvolveram vídeos-campanhas para ampliar a divulgação do projeto e aumentar as doações.
Nesse período de crowdfunding, Ana Flávia Fernandes, Alumna Insper, mobilizou amigos e familiares para desenvolver o site próprio do projeto. Ao mesmo tempo, professores e profissionais do Insper ajudaram com contatos a instituições para parcerias e doações.
Aplicativo
Alunos de Engenharia de Computação também colaboraram com professores no desenvolvimento de um aplicativo de celular que facilita a venda dos kits de alimento de maneira ordenada por meio de uma fila virtual. Por meio do aplicativo, o varejista pode chamar as próximas pessoas da fila e pedir a confirmação de recebimento do kit, evitando aglomerações.
“Tivemos contribuições de nove alunos de diversos semestres e o papel de cada um deles foi fundamental no desenvolvimento do aplicativo. O trabalho foi dividido em tarefas menores de implementação ou investigação nas quais professores e alunos trabalharam de igual para igual. Cada um tinha autonomia para escolher as próprias tarefas de acordo com a sua disponibilidade e preferência. Os professores faziam revisões do código entregue, solicitando aos alunos mais algumas iterações de desenvolvimento quando necessário”, conta Andrew Kurauchi, professor do Insper.
“Ficamos muito satisfeitos com a qualidade do trabalho entregue pelos alunos, ainda mais considerando a situação atual e as demandas das disciplinas que cada um estava cursando”, observa Andrew.
Maria Eduarda Peppes Bicalho, aluna do 6º semestre de Engenharia da Computação, participou do desenvolvimento do aplicativo e conta que, como estudante e futura engenheira, sonha em utilizar a tecnologia para o benefício da sociedade.
“Fiquei muito animada em ajudar um projeto que não somente leva alimentos saudáveis para pessoas que precisam, mas que também movimenta o comércio de pequenos agricultores. A tecnologia está sendo um diferencial para diversas áreas de trabalho na quarentena e fiquei feliz de ajudar a levá-la para setores que enfrentam maior demora e dificuldade em utilizá-la”, conta Maria Eduarda.
Próximas ações
De acordo com Lars, o projeto segue angariando doações de pessoas físicas e jurídicas e começa a se aproximar de grandes entidades internacionais. “São fundações que ficaram sabendo do projeto e querem apoiá-lo, principalmente pensando na perenidade da iniciativa. E esse é o grande desafio: não só continuar a entrega dos alimentos, mas criar um modelo que possa ser perene e que não dependa de doações, estabelecendo uma ligação direta entre as favelas e a agricultura familiar. Já começamos a ter ações nesse sentido e esse é o grande foco daqui pra frente”.
Mídia
Recentemente, o Projeto Campo Favela foi tema de reportagens televisivas. Acompanhe as matérias exibidas no Globo Rural, SPTV, Jornal da Band e Hoje em Dia.
Saiba mais e participe!
Para saber mais detalhes sobre o projeto, doar, compartilhar e saber mais em como participar dessa iniciativa, acesse o site do Projeto Campo Favela.