Saiba como esse conceito ganhou força no mundo dos negócios e conheça alguns exemplos de aplicação
A ideia de empreendedorismo social não é nova, mas ganhou impulso na década de 1980, quando o americano Bill Drayton fundou uma organização internacional sem fins lucrativos, a Ashoka, voltada para a solução de problemas sociais. Drayton se espelhou no pacifista indiano Mahatma Gandhi para criar uma rede mundial focada em mitigar desigualdades e solucionar questões socioambientais. Hoje, a Ashoka está presente em 95 países.
“Os empreendedores sociais não se contentam em dar o peixe ou ensinar a pescar. Eles não descansarão até que tenham revolucionado a indústria pesqueira” — é uma das frases célebres de Drayton, que se formou em Ciências Humanas na Universidade Harvard e em Direito na Universidade Yale. Ex-consultor da McKinsey, ele também afirma: “A força mais poderosa do mundo é uma grande ideia — se estiver nas mãos de um grande empreendedor.”
Hoje, não são poucos os que pensam da mesma forma. Na União Europeia, atualmente, uma em cada quatro novas empresas é dedicada a um negócio social, de acordo com um relatório da Comissão Europeia, que define uma empresa social como aquela “cujo objetivo principal é ter um impacto social em vez de gerar lucro para os seus proprietários ou acionistas. Atua fornecendo bens e serviços para o mercado de forma empreendedora e inovadora e utiliza seus lucros principalmente para atingir objetivos sociais. É gerido de forma aberta e responsável e, em particular, envolve colaboradores, consumidores e partes interessadas afetadas pelas suas atividades comerciais.”
O empreendedorismo social abrange qualquer tipo de negócio — de pequenas empresas a grandes corporações — e pode ou não ter fins lucrativos. Ou seja, a organização pode buscar o lucro ao mesmo tempo que persegue os objetivos de justiça social ou então renunciar inteiramente ao lucro. O importante é que ela busque provocar um impacto social.
As empresas criadas com o objetivo de proporcionar melhorias na sociedade se apoiam em pilares como capacitação profissional, mitigação da pobreza e da desigualdade social, soluções para a área de saúde, promoção de educação de qualidade para todos, propostas transformadoras para o meio ambiente e outros aspectos decisivos para elevar padrões de acesso a serviços, inclusão social e renda.
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No Brasil e no mundo, não faltam exemplos bem-sucedidos de empreendedorismo social. Conheça alguns:
Fundado em 2013 por Edu Lyra, jovem morador de uma favela em São Paulo, o empreendimento se transformou em uma rede de desenvolvimento social da periferia das grandes cidades. Projetos de cultura, esporte e qualificação profissional para adolescentes e jovens compõem o tripé da organização.
A iniciativa, voltada ao tratamento de câncer infantil, nasceu em 1991 com o objetivo de proporcionar um atendimento de ponta. Com um hospital, laboratório e centro de diagnóstico em São Paulo, atende 4 mil crianças por ano.
Oferece qualificação profissional para pessoas com deficiência na Índia. A criação de uma rede de empresas com um olhar para questões sociais facilita a contratação dos profissionais.
Fundada em 2014 na África do Sul, tem como objetivo implementar o ensino de tecnologia da informação para crianças e jovens desempregados, com foco em meninas e mulheres.
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Com a importância crescente das práticas ESG (sigla em inglês para social, ambiental e governança), as empresas vêm voltando cada vez mais a atenção para programas de impacto social. O primeiro passo em geral é mapear as necessidades de comunidades locais. Em seguida, são estruturadas iniciativas prioritárias em áreas como meio ambiente, trabalho e educação, com metas e um modelo de gestão definidos.
O impacto transformador das ações contribui para aspectos essenciais do crescimento sustentável da empresa, em especial para o posicionamento da marca, o estímulo à inovação e a um ambiente inclusivo.
Outro ponto importante é o incentivo a ações de parceria com outras empresas, organizações e comunidades. A busca por mentoria para os projetos também ativa competências e desenvolve talentos. Por isso, o envolvimento do RH e dos líderes da empresa costuma integrar o desenvolvimento e implementação de soluções de impacto social.
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Seja em parceria com outras empresas ou por meio de iniciativas individualizadas, as empresas vêm abraçando os projetos sociais como forma de contribuir com a comunidade e construir cadeias de valor baseadas em conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico. Conheça cinco exemplos no Brasil: