11/05/2022
Evento “Um time sustentável” reúne figuras de destaque em ESG para marcar o lançamento do Programa Avançado em Sustentabilidade do Insper
Tiago Cordeiro
A B3, a bolsa de valores do Brasil, criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) há 16 anos. Desde então, ele já foi revisado diversas vezes, à medida que mais empresas aderiam e o mercado aumentava a percepção da importância das práticas hoje conhecidas pela sigla em inglês ESG (de “ambiental, social e governança”). Em 2021, o ISE passou por um novo processo de releitura.
“Mais de 100 stakeholders se voluntariaram a enviar sugestões de mudanças e atualizações no ISE. Foram mais de 1.500 pedidos, sendo que 700 foram incorporados”, disse, na manhã de 11 de maio, na sede do Insper, em São Paulo, Ana Buchaim, diretora executiva de pessoas, marketing, comunicação e sustentabilidade da B3. A adesão comprova: “As empresas consultam o ISE para fazer um diagnóstico de suas próprias jornadas na direção da sustentabilidade”.
A preocupação com as pautas ESG fica clara quando se considera o relato de Ana. Afinal, a relevância do ISE, que mede o desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial, indica que as lideranças empresariais brasileiras já entendem, há alguns anos, que esta é uma pauta relevante para todos os stakeholders e para o público externo.
A diretora da B3 esteve no auditório do Insper para participar do evento “Um time sustentável”, que marcou o lançamento do novo Programa Avançado em Sustentabilidade do Insper. “Este programa é um sonho que se realiza”, disse, na abertura, a mediadora Priscila Claro, líder do Núcleo de Sustentabilidade e Negócios do Insper e uma das idealizadoras do programa.
Priscila lembrou que, em 2005, quando começou a atuar na instituição, tentou criar uma disciplina eletiva sobre sustentabilidade. “Eu precisava de dez alunos, e só três pessoas se interessaram. Hoje temos uma trilha inteira dedicada ao tema, que é caro ao Insper desde suas origens.”
De sua vez, outro idealizador do programa, José Geraldo Setter Filho, lembrou que este curso é diferente: “A sustentabilidade vai permear todos os aspectos do curso. Vamos debater finanças, gestão e suply chain, entre outros aspectos, sempre levando em conta a importância de aplicar a sustentabilidade em todas as frentes dos negócios”.
Outro participante do evento, Fabio Barbosa, presidente da Fundação Itaú, afirmou que ESG é uma pauta que tende, de fato, a se disseminar em todas as áreas das corporações. E comparou com uma antiga prática. “Antes, toda empresa tinha uma área de qualidade. Era como se fosse preciso um departamento à parte para garantir qualidade dos produtos e serviços. Essa prática acabou. Da mesma forma, com o ESG, nosso objetivo é que a sigla desapareça, à medida que se torne parte das rotinas e dos procedimentos diários das organizações.”
Barbosa também ressaltou a importância de a sustentabilidade ser incorporada ao cotidiano das pessoas, de modo que cada uma faça a sua parte. “Se todo mundo varrer a sua calçada, o mundo fica mais limpo”, disse.
Por sua vez, Luis Norberto Pascoal, presidente do Grupo DPaschoal, reforçou que os líderes têm um papel crucial nesse processo. “Cada um pode, e deve, fazer sua parte, considerando o contexto em que está inserido. Não adianta varrer sua calçada se você jogar o lixo na rua.”
O quarto convidado, Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de suprimentos e sustentabilidade da fabricante de bebidas AmBev, apontou que toda empresa precisa ir além das práticas internas. “A sociedade, as comunidades onde atuamos, são nosso foco de atenção”. E acrescentou: “Não podemos, como lideranças, viver na dicotomia entre ESG ‘ou’ resultado. Precisamos buscar ESG ‘e’ resultado, utilizando inovação, tecnologia e propósito, para achar soluções viáveis e de impacto.”
O presidente do grupo DPaschoal faz uma reflexão sobre a papel das empresas na construção de uma sociedade mais justa
Luis Norberto Pascoal
Acreditamos que, revisitando o objeto social e econômico, as empresas podem ter um propósito que ilumine um caminho autêntico e moderno. Para si mesmas e para a nação.
Com o propósito de subir a régua, os verdadeiros líderes devem desenvolver planos de ação estratégico que incluirão ouvir e reconhecer, assumir compromissos ousados (agora e no médio prazo) e canalizar o papel exclusivo de suas organizações para defender mudanças de longo prazo. Principalmente as de sustentabilidade.
Os líderes empresariais reconhecem cada vez mais que, além de entregar valor aos clientes, fornecedores, colaboradores e acionistas, eles têm um compromisso com todas as partes interessadas, conforme articulado nas políticas corporativas, estratégias de investimento e propósito organizacional.
Investir em colaboradores, clientes e fornecedores, com muito treinamento, engajar-se eticamente com fornecedores, digitalmente, e apoiar as comunidades nas quais trabalhamos beneficia não apenas nossas empresas, mas também é essencial para o sucesso futuro de nossas comunidades e nosso país.
Assim como os líderes reconhecem que as mudanças climáticas são um problema de todos, eles também entendem que a igualdade e a justiça social não são apenas questões do setor público ou social. São assuntos de todos.
Para responder de forma construtiva e trabalhar em prol de uma sociedade mais justa, as empresas precisam se apoiar em seu propósito. Como a interseção dos pontos fortes exclusivos de uma organização e sua aspiração duradoura para atender a uma necessidade no mundo, o propósito é a ferramenta mais poderosa que as empresas podem utilizar para efetuar mudanças.
Ele propósito irá guiá-las no exame do papel que os comportamentos atuais e práticas de inclusão em sua organização podem inadvertidamente desempenhar na exacerbação das barreiras à igualdade racial — e ajudá-las a confrontar quaisquer verdades comportamentais desconfortáveis e abordá-las com eficácia.
Compreender o papel social único que sua empresa desempenha pode ajudá-lo a moldar mensagens e comunicações autênticas e desenvolver ações correspondentes que se alinham com seus objetivos estratégicos.