André Lahoz Mendonça de Barros, Coordenador de Marketing e Comunicação do Insper, fala sobre a importância do jornalismo no combate às fake news
O dia 7 de abril marca a celebração nacional do Dia do Jornalista. A data, criada pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 1931, presta homenagem ao jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, um dos principais oposicionistas e responsáveis pelas revoltas que levaram ao fim do império de Dom Pedro I.
Desde então, o jornalismo passou por mudanças profundas, exigindo novas habilidades de seus profissionais. O crescimento da digitalização permitiu cada vez mais o acesso a inúmeras bases de dados para a produção de conteúdo, mas também tornou muito mais simples a difusão de informações questionáveis ou falsas. A desinformação é um fenômeno amplamente discutido e ganhou ainda mais importância frente à crise sanitária causada pela Covid-19. Durante a pandemia, plataformas de checagem avaliaram que o Brasil ocupou o primeiro lugar no ranking de desinformação produzida sobre número de casos e mortes por covid-19, com cerca de um quinto das peças analisadas.
Em meio a esse contexto de discussão sobre os rumos da profissão, o Insper vem preparando o seu Programa Avançado em Comunicação e Jornalismo com base nos modelos das principais e mais importantes universidades americanas e europeias, explorando as novas tendências mundiais da comunicação, e oferece cursos de Jornalismo de curta e média duração.
O Insper também conta com o jornalista André Lahóz Mendonça de Barros como Coordenador Executivo de Marketing e Comunicação. Ele atuou como jornalista econômico durante mais de 25 anos, tendo passado pela Direção Editorial do grupo Exame (que inclui a revista Exame, o site Exame.com e as revistas Você S/A e Você RH), e pela Direção de Jornalismo da Jovem Pan.
Para André, o jornalismo tem o papel de combater a desinformação e contribuir para elevar a qualidade da informação levada ao público. “Uma sociedade bem informada tende a escolher caminhos melhores e aprender com seus erros, que são inevitáveis”. Conheça um pouco mais sobre a visão do Coordenador a respeito desse tema:
Como você vê o crescimento da desinformação no cenário brasileiro atual?
Com muita preocupação, especialmente pelo momento em que vivemos. A mentira, hoje, é particularmente perigosa. Trata-se, na verdade, de um problema mundial, e infelizmente ninguém encontrou um jeito de resolvê-lo. Há um paradoxo aí: a transformação digital democratizou a informação como nunca, o que em teoria é uma ótima notícia, mas junto com isso vemos o crescimento assustador das fake news.
Iniciativas recentes de redes sociais e sites de pesquisa para remunerar jornalistas têm sido suficientes para conter o avanço das fake news?
É cedo para afirmar, mas é ótimo ver que uma reação ao fenômeno das fake news já começou. A sociedade precisa mesmo reagir, embora não seja trivial saber ao certo o que fazer. Mas sou otimista: o jornalismo já foi atacado inúmeras vezes na história e sobreviveu. Aliás, talvez nunca tenha sido tão necessário.
Qual o papel do jornalismo no processo checagem e retificação de informações?
É o papel clássico que sempre tivemos: contribuir para elevar a qualidade de informação do cidadão. Uma sociedade bem informada tende a escolher caminhos melhores e aprender com seus erros, que são inevitáveis. Costuma ser também menos afeita a extremismos. O jornalismo não garante, claro, uma vida virtuosa, mas certamente aumenta sua probabilidade.
——–
Leia também