Docentes da instituição contribuíram em temas como gestão de pessoas e gestão estratégica para a força de segurança pública

 

Michele Loureiro

 

Todos os anos, a Escola Superior de Polícia Civil capacita delegados para serem líderes da organização e pautar as decisões sobre o tema no estado de São Paulo. No começo do mês de junho, uma turma de 40 profissionais contou com a participação de professores do Insper na formação, com o objetivo de enriquecer os debates.

Marcelo Marchesini da Costa, gerente do Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP) do Insper, e o professor Gustavo Tavares, especialista em comportamento organizacional, passaram um dia com os delegados e ministraram aulas sobre estratégia e liderança no contexto da segurança pública.

O conteúdo ministrado pelos docentes abordou o poder da influência dos delegados na gestão de pessoas e nas melhores práticas para impulsionar a tomada de decisão dentro da Polícia. Entre os objetivos da aula estavam o reforço nas definições das estratégias de agentes de segurança e o foco em liderança organizacional e institucional.

Para Marchesini, a oportunidade foi importante para contribuir para o desenvolvimento das forças de segurança e reforçar a conexão entre a polícia e a academia. “A ideia desta formação é criar caminhos para formar pessoas e desenvolver pesquisas que beneficiem a segurança pública”, disse.

O delegado da Seccional de Polícia de Sorocaba, José Urban Filho, participou da formação e afirmou que a presença do Insper reforçou o comprometimento da instituição em se aprimorar a cada dia. “Receber os educadores no ano em que a Escola Superior de Polícia Civil completa 100 anos mostra a constante busca por atualização do programa e a preocupação em formar os novos dirigentes que irão comandar a instituição policial civil no estado de São Paulo”, disse.

Para Denise Cristina Lima Baptista, delegada de Polícia da Corregedoria da Polícia Civil, as aulas foram relevantes por causa da compreensão de aspectos fundamentais sobre gestão pública, liderança e demais atividades voltadas às atribuições do delegado de polícia. “Foi um privilégio poder contar com os professores capacitados em temas tão relevantes”, afirmou.

 

O poder das evidências na tomada de decisões

Segundo Tavares, os conteúdos ministrados foram embasados em evidências que apontam a importância da liderança dentro do contexto de gestão de pessoas na segurança pública. “A conexão com esses atores é fundamental para sociedade brasileira. Há muitos trabalhos acadêmicos na área para ajudar esses tomadores de decisões”, afirmou.

O professor defende que o primeiro benefício é a formação pessoal dos delegados, que serão agentes responsáveis por cascatear os ensinamentos para suas equipes. Além disso, a proximidade com os profissionais também ajuda a estreitar o relacionamento com a academia. “A ideia é que eles sintam confiança na universidade, de modo a se abrirem para uso de evidências nas decisões de políticas públicas e intervenções que eles pretendem realizar”, disse.

O objetivo é que a parceria se estreite e que haja novas oportunidades de integração. “Os ensinamentos de gestão pública, governança e competências reforçam nossa missão e é importante manter este intercâmbio especializado”, destacou Fábio Baena Martin, delegado de Polícia do Cerco da 2ª Seccional da Capital.

 

Agenda ativa

A participação do Insper na agenda da segurança pública é uma constante. Além dos cursos de políticas públicas que abordam o tema, há uma agenda ativa acerca do assunto. Recentemente, o Centro de Gestão e Políticas Públicas promoveu o debate “Segurança Pública e Crime Organizado”.

O encontro foi o primeiro de um ciclo de debates políticos, coordenado pelo cientista político Carlos Melo, professor, pesquisador e integrante do CGPP do Insper. Além dele, participaram a advogada e socióloga Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz e consultora de prevenção da violência e segurança para o Banco Mundial (BID), e Ricardo Balestreri, coordenador do Núcleo de Segurança Pública, Urbanismo Social e Territórios do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper, e que já foi secretário nacional de Segurança Pública, além de ter ocupado cargos em secretarias de segurança nos estados de Goiás e Pará.

Segundo Melo, os desafios da área envolvem problemas de ordem estrutural do país. “A segurança pública e o crime organizado não são fenômenos distintos — o segundo nasce das deficiências do primeiro, que permitem um processo no qual criminosos comuns se formam — e se deformam — nas prisões”, afirmou. Por isso, formar lideranças que compreendam o contexto é fundamental para acelerar a transformação.