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Ex-alunas do PAGP promovem censo com secretárias estaduais e municipais

Tais Borges e Luana Dratovsky pesquisam soluções para aumentar o número de mulheres em cargos de liderança no setor público

Tais Borges e Luana Dratovsky (foto) pesquisam soluções para aumentar o número de mulheres em cargos de liderança no setor público

 

Leandro Steiw

 

As redes construídas no Programa Avançado em Gestão Pública (PAGP) do Insper estão no embrião do primeiro Censo das Secretárias, que mapeia o perfil das mulheres que ocupam cargos de primeiro escalão nas administrações públicas do Brasil. As primeiras ideias foram trocadas pelas ex-alunas Tais Borges e Luana Dratovsky, apresentadas por um amigo em comum, em 2020. Na ocasião, Tais havia terminado o curso e Luana estava pensando em se inscrever em uma das turmas posteriores.

Um ano depois, quando Luana fazia o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no PAGP, Tais já havia criado a Travessia Políticas Públicas. As duas se reaproximaram e combinaram de, no futuro, atuar em algum projeto em comum. A oportunidade surgiu em setembro de 2022. Luana participava do ProLíder, um programa de desenvolvimento de lideranças do Instituto Four, e queria propor uma solução de apoio ao aumento de mulheres em cargos de liderança no setor público.

Tais contou para Luana que a Travessia e Esther Leblanc (atual diretora do Instituto Foz) pensavam em começar um projeto com secretárias de governos estaduais, inspirado no Censo das Prefeitas, conduzido pelo Instituto Alziras. “Coloquei a Luana em contato com a Esther e com a Marina Barros, diretora do Instituto Alziras, para quem a Travessia havia feito algumas consultorias”, recorda Tais. “Fizemos uma primeira reunião, liderada pela Luana, e o projeto começou a ganhar corpo e a incorporar a perspectiva de incluir municípios, além de estados, por sugestão da Luana.”

Com o desenho do projeto pronto, conseguiu-se o financiamento da Open Society Foundations. “O Censo das Secretárias foi desde o início uma iniciativa construída com muitas mãos e mentes”, diz Luana, que fundou o Instituto Aleias nos meses seguintes. “Foi uma ideia que se juntou a outra, uma pessoa que se conectou com a outra e assim por diante. Parte desse processo inclusive aconteceu nas próprias salas do Insper — ali o Instituto Aleias nasceu e, junto dele, o Censo das Secretárias.”

Os primeiros resultados do censo mostram que menos de 30% das secretarias são lideradas por mulheres nos governos estaduais e nas prefeituras das capitais. Alagoas, Pernambuco e Ceará são os únicos estados com paridade nos cargos de primeiro escalão, condição ainda não atingida por nenhuma das capitais. A pesquisa contabilizou 300 mulheres no comando de secretarias estaduais e das capitais no Brasil. “Existem diversos estudos que mostram a importância e o impacto positivo que se cria quando mulheres em todas as suas diversidades ocupam cargos de liderança no setor público”, afirma Luana.

O relatório “Mulheres líderes no setor público na América Latina e do Caribe: lacunas e oportunidades”, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), apresenta dados que correlacionam a equidade de gênero com maior crescimento econômico. “Existem outros estudos que mostram também a correlação com a diminuição de corrupção”, diz Luana. “Crescimento econômico e corrupção são dois problemas significativos no nosso país. Enquanto isso, o Brasil é o último colocado na lista de 15 países em termos de participação de mulheres em cargos de alto escalão no governo.”

Luana prossegue: “O Censo das Secretárias vai trazer dados e conhecimento para ajudar a transformar esse cenário. Além de coletar informações inéditas sobre o perfil racial e socioeconômico dessas lideranças, a pesquisa aprofunda o entendimento sobre a trajetória dessas mulheres até chegar aos cargos que ocupam. Quais foram os principais desafios e alavancas que elas tiveram ao longo da vida. E também como a violência política perpassa suas trajetórias. Com essa análise, queremos disseminar o conhecimento para gerar ação e mudar essa realidade no Brasil”.

 

Ambientes amigáveis

Segundo Tais, a pesquisa pretende ser um diagnóstico aprofundado com poder de efeito sobre as políticas públicas do país. “Acho que vemos nisso a marca do Insper: incidir em políticas públicas com base em evidências”, afirma. “Se as evidências não estão disponíveis, vamos produzi-las. Pretendemos compreender os principais desafios e fatores facilitadores vividos pelas mulheres brasileiras para acessar, permanecer e ascender aos cargos de primeiro escalão nos governos estaduais e municipais, para então poder criar ambientes amigáveis, desenvolver programas e institucionalizar práticas de paridade de gênero e para combater a violência de gênero na política no setor público.”

Todo projeto de pesquisa passa por diversas áreas de conhecimentos, e uma pesquisa aplicada para o setor público ainda mais, ressalta Luana. “Desde entender o problema público para o qual queremos olhar (para definir quais perguntas queremos fazer), até entender as dinâmicas de poder e estratégias de comunicação (para definir a abordagem que será feita de mobilização das secretárias), uma gama de conhecimentos e habilidades trabalhadas no Insper no âmbito do PAGP foi utilizada para implementar o censo”, afirma a diretora executiva do Aleias.

As duas ex-alunas consideram as conexões estabelecidas no PAGP uma contribuição relevante para o avanço do Censo das Secretárias, ajudando na etapa de mobilização de secretárias para responderem o questionário quantitativo, por exemplo. Luana lembra que, na Secretaria de Licenciamento do Município de São Paulo, trabalhou com a coordenadora executiva do Observatório de Liderança da Gestão Pública do Insper, Vivian Satiro. “Nos conhecemos, criamos um vínculo de trabalho e depois de um tempo ela nos apoiou no processo de mobilizar as secretarias do município de São Paulo para participar do censo”, conta.

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