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Como o seu negócio se relaciona com as novas tecnologias?

É essencial contar com equipes digitalmente letradas, que possam não apenas compreender o impacto da tecnologia em suas rotinas, mas também lidar com seus efeitos

É essencial contar com equipes digitalmente letradas, que possam não apenas compreender o impacto da tecnologia em suas rotinas, mas também lidar com seus efeitos

 

Renata Frischer Vilenky*

 

Nos últimos anos, temos ouvido muito sobre o avanço de novas tecnologias, como impressão 3D, inteligência artificial, metaverso, internet das coisas (IoT), blockchain, robótica e computação quântica, entre outras. Essa avalanche de inovações tem gerado uma ansiedade generalizada entre as pessoas, impulsionada pelo desejo de aplicar todas essas tecnologias e manter-se em dia com as últimas tendências. No entanto, é importante questionar o significado real dessas inovações em termos da operacionalização de um negócio.

Essas tecnologias podem ser ferramentas para acelerar ou alavancar seu negócio desde que sua base esteja bem construída. Em outras palavras, você deve ter uma base de informações tratada — a mesma pessoa não pode aparecer mais de uma vez dentro de sua base com informações discrepantes, como, por exemplo, nome dos pais, endereço, telefone ou e-mail diferentes em cada local consultado.

Além disso, é crucial que a arquitetura do seu sistema esteja solidamente estruturada, permitindo a integração eficiente de novas tecnologias, sem a necessidade de reconstruir extensas porções do sistema legado. Evita-se, assim, a repetição frequente de ajustes para corrigir falhas que surgem a cada nova implementação de funcionalidade, cujo impacto real sobre a arquitetura sistêmica muitas vezes é desconhecido.

Para além do aspecto puramente tecnológico, é essencial contar com equipes digitalmente letradas. Essas equipes devem não apenas compreender o impacto da tecnologia em suas rotinas diárias, mas também ser capazes de lidar eficazmente com esses impactos. Devem possuir a habilidade de criar soluções para mitigar riscos ou resolver problemas decorrentes da tecnologia, ao mesmo tempo em que conseguem aumentar a produtividade e otimizar o tempo na criação de serviços e produtos por meio da adoção eficaz das inovações tecnológicas em suas práticas diárias.

 

Barreiras a investimentos

Em artigo publicado no jornal Valor Econômico em 6 de maio de 2023, com o título “No Brasil, custo é visto como o principal entrave para adotar a indústria 4.0”, o autor Rafael Rosas apresenta os resultados de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional das Indústrias em 2021. Conforme a pesquisa, 66% das empresas entrevistadas indicaram que as barreiras ao investimento em tecnologia se resumiam aos seguintes pontos:

  • Cultura das companhias;
  • Falta de conhecimento técnico sobre as tecnologias;
  • Falta de preparo do mercado;
  • Dificuldade de encontrar a tecnologia correta para o negócio e o parceiro correto para ajudar na aplicação

Na mesma pesquisa, analisou-se a adoção de tecnologias de acordo com o porte de empresas, revelando que apenas 64% das empresas médias e 42% das pequenas adotavam alguma forma de tecnologia.

Diante desse cenário, surge a reflexão: não seria oportuno investir de maneira estruturada, tanto no âmbito educacional quanto no desenvolvimento econômico, no letramento digital do país e em uma educação qualificada que permita a criação de soluções diversas mediante a aplicação das novas tecnologias? Será que esse enfoque não deveria ser incorporado desde a primeira infância?

E se você acredita que a indústria enfrenta desafios ao investir em tecnologia, convido a explorar outras duas matérias elucidativas: uma do Olhar Digital e outra da IT Insight. Ambas destacam que os obstáculos para realizar investimentos eficazes passam pela compreensão da maturidade da sua empresa, resolução de questões culturais e incorporação, como parte integrante do planejamento estratégico, da prática de “tirar os esqueletos do armário” — uma expressão popular na área tecnológica que denota a necessidade de resolver problemas latentes, além de reorganizar a estrutura interna e investir fortemente em treinamento e reciclagem dos colaboradores.

Em 21 de dezembro de 2022, o Olhar Digital publicou um artigo intitulado “Adoção de tecnologia é um paradigma para o cenário imobiliário no Brasil”, no qual destaca:

  • Os custos para investimento em tecnologia permanecem elevados, exigindo uma avaliação de retorno sobre investimento com perspectiva de longo prazo;
  • Questões culturais arraigadas no mercado demandam treinamento e educação digital para uma transição eficaz;
  • A dificuldade em integrar novas tecnologias em sistemas legados destaca a importância de revisitar a arquitetura, tornando-a uma parte integral do desenvolvimento tecnológico da empresa;
  • Usos e costumes de processos manuais, que poderiam ser incorporados por inteligência artificial, trazendo otimização na prestação de serviço, além de equalização na qualidade de entrega, ainda são um entrave.

Este texto reforça a urgência de compreender o estado de nossa base tecnológica para edificar nossos serviços e produtos. Essa fundação deve ser um impulso para conquistar o mercado, não um obstáculo para perdê-lo.

 

Quanto ou como investir?

Por último, e não menos importante, vamos falar do mercado financeiro, conhecido por seus expressivos investimentos em tecnologia. Isso suscita uma reflexão importante: será que o melhor modelo de avaliação para avanços tecnológicos está em quanto você investe ou como você investe?

Um artigo da IT Insight intitulado “Organizações financeiras estão atrasadas na adoção da IA”, publicado em 8 de novembro de 2023, cita uma pesquisa conduzida pelo Gartner. Conforme os dados apresentados, 61% das funções financeiras executadas atualmente no mercado não possuem planos concretos para otimização por meio do uso de inteligência artificial, ou estão em fase de avaliação. Esse atraso, de acordo com o artigo, deve-se a quatro fatores:

  • A empresa tem outras prioridades de investimento;
  • Falta de qualificação técnica;
  • Dados de baixa qualidade;
  • Casos de utilização insuficientes.

Ao considerarmos esse último cenário, que se alinha de forma consistente aos setores anteriores, fica evidente que elementos como treinamento, cultura organizacional e aprimoramento da infraestrutura básica são fatores essenciais em qualquer setor, servindo como alicerce para a adoção bem-sucedida de novas tecnologias. Daí surge a indagação: não está na hora de avaliarmos como estamos investindo o dinheiro em tecnologia e entendermos se estamos jogando dinheiro fora por modismo, ou se estamos de fato construindo negócios mais robustos, com maiores chances de perenidade e com excelente oportunidade de crescimento tanto em âmbito local quanto global?

Olhe para dentro do seu negócio e veja sem medo do que possa descobrir. Analise como está traçando seu planejamento estratégico de negócios, alinhando-o com a utilização da tecnologia. Avalie também como está tratando a questão de competências técnicas e dos treinamentos, abrangendo todos os colaboradores da empresa, do nível júnior até os cargos de C-level.

Ao trazer à tona uma das teorias mais antigas da administração, representada pelo acrônimo CHA (conhecimento, habilidade e atitude), fica claro que a capacidade de aplicar efetivamente esse conhecimento é cada vez mais uma vantagem competitiva no mercado, especialmente com o advento das novas tecnologias. Assim, é crucial avaliar a direção na qual a energia e os recursos de sua empresa estão sendo canalizados nesse novo panorama digital, que já se faz presente e oferece inúmeras oportunidades para a implementação de novos serviços e modelos de negócios. No entanto, é importante ressaltar que isso demanda um elevado nível de competência técnica e habilidades humanas — e muita sabedoria nos investimentos.


Renata Vilenky

* Renata Frischer Vilenky é alumna Insper do MBA de Administração da turma de 2008, coordenadora do Grupo Alumni de Tecnologia e membro da Academia Europeia da Alta Gestão. É conselheira de estratégia e inovação e mentora de projetos de inclusão social no Instituto Reciclar e na ONG Gerando Falcões. É autora dos e-books Inteligência Artificial: Uma Oportunidade para Você Empreender e Startup: Transforme Problemas em Oportunidades de Negócio, ambos publicados pela Expressa Editora.

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