Realizar busca

Textos de alunos avaliam os riscos das tecnologias de inteligência artificial

A disciplina da trilha internacional estimulou o desenvolvimento de análises concisas e originais, baseadas em dados, para o debate público sobre a regulação da IA

A disciplina da trilha internacional estimulou o desenvolvimento de análises concisas e originais, baseadas em dados, para o debate público sobre a regulação da IA

Anúncio da Volkswagen, que usou inteligência artificial para criar um encontro entre Maria Rita e sua mãe, Elis Regina
Anúncio da Volkswagen, que usou inteligência artificial para criar um encontro imaginário entre a cantora Maria Rita e sua mãe, Elis Regina (foto: reprodução)

 

Leandro Steiw

 

Os alunos da disciplina de inverno Artificial Intelligence: National Regulation and Global Governance, ministrada pelo professor Gustavo Macedo, produziram artigos de opinião sobre inteligência artificial (IA) como atividade final. Realizado em julho, o curso intensivo da trilha internacional do Insper tratou de questões atuais em ética, regulação e governança de tecnologias de IA aplicada a robótica, agricultura, mercado financeiro e mídia — no final desta página, veja os links para ler os artigos na íntegra.

A turma reuniu estudantes dos cursos de Administração, Economia, Engenharias e Ciência da Computação, que tiveram aulas teóricas e atividades práticas em grupo. Em simulação de uma situação real, os alunos desenvolveram modelos originais de avaliação de risco das tecnologias de IA a partir de critérios pré-definidos coletivamente. Os cinco grupos focaram as suas análises na chamada mídia sintética, também conhecida como deep fake, a partir da polêmica reconstrução da imagem da cantora Elis Regina (1945-1982), usada em vídeo publicitário da Volkswagen.

Professor do curso de Administração do Insper, Macedo explica que o objetivo foi estimular os alunos a desenvolverem análises originais e concisas que os engajassem para um debate público extremamente atual. Depois de uma semana de conteúdos mais teóricos, todos refletiram sobre a criação de um modelo original de avaliação dessas tecnologias, que servisse de critério para a possível regulação dos produtos e serviços baseados em IA. Apoiada em dados, essa dinâmica resultou em documentos que foram resumidos em um artigo de opinião.

 

O professor Gustavo Macedo
O professor Gustavo Macedo

 

Os grupos discutiram, por exemplo, os significados de critérios como vulnerabilidade e responsabilidade e definiram métricas objetivas para valia-los. “Depois, criamos metodologias que pudessem ser aplicadas em cada critério e tentamos elaborar um modelo de regulação que equilibrasse a proteção da empresa, do usuário e do cidadão e que também garantisse os direitos da atividade econômica e do empreendimento, sem engessar a inovação”, conta Macedo.

Os artigos foram submetidos para os jornais The Washington Post, Folha de S.Paulo O Estado de S. Paulo e para a revista Exame — títulos escolhidos pelos próprios grupos. A publicação dos textos não era obrigatória, até porque o processo de aprovação poderia extrapolar o período do curso. “A ideia principal era estimular a interação com a mídia nacional e internacional e instigar nos nossos estudantes a vontade de participação e engajamento em temas de interesse público”, diz Macedo.

A disciplina abriu a oportunidade de abordar o tema da inteligência artificial de modo multidisciplinar, uma vez que os estudantes pertencem a diferentes cursos de graduação. “Diante de um mundo no qual a IA tende a substituir tarefas técnicas, acredito que esta seja a melhor resposta pedagógica para preparar os nossos alunos para um mercado de trabalho que exigirá profissionais criativos e flexíveis, capazes de construir pontes com outras áreas”, afirma.

Segundo Macedo, algumas pesquisas indicam que a maior dificuldade das empresas não é o acesso aos serviços e produtos de IA, mas o uso eficiente dessas tecnologias. “A inteligência artificial é uma ferramenta que depende de boas ideias e criatividade para reverter em maior eficiência para as atividades profissionais, as empresas e os modelos de negócio”, diz. “Sem esses insights, a IA pode ser simplesmente mais um desperdício de tempo, energia e dinheiro.”

A leitura de documentos que mostram as distintas interpretações nos Estados Unidos, na União Europeia, na China e também no projeto de lei brasileiro, entre outros, despertou a turma para a complexidade do debate. “Falo para os alunos que precisamos sempre responder a uma pergunta: o que é inteligência artificial? Por enquanto, não existe consenso”, afirma o professor.

Nas conversas do primeiro dia de curso, Macedo constatou que os alunos tinham um nível de informação sobre o tema bem acima do senso comum, mas mesmo aqueles que já haviam estudado alguma teoria ou trabalhado com programação reconheceram a contribuição das aulas. “Em geral, os alunos comentaram que a disciplina ampliou o entendimento de que a inteligência artificial enseja discussões para além da área técnica e ficaram surpresos com tantos desafios na área da regulação e da governança”, diz.

 


LEIA OS TEXTOS SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

 

Bruno Spiandorin, Francisco Pereira, Julia Habermann, Mariana do Val e Pedro Carneiro

A era da mídia sintética: o conflito entre inovação e regulação

 

André Azin, Arthur Almeida, Christiano Borges, David Halaban e Manuela Gaudioso

A evolução da inteligência artificial e seus impactos na mídia sintética: desafios éticos e regulatórios

 

Cesar Pagliosa, Enrico Barbato, Lívia Makuta, Pedro Freire e Ricardo Moreira

IA à flor da pele: transparência, inovação e seus direitos em um xadrez

 

Alberto Orrico, Alexandre Camargo, Isaac Machado, João Gabriel Vidal, João Gabriel Maniglia e Mariah Levy

Artificial Intelligence: National Regulation and Global Governance

 

Fernando Henrique Nogueira, Guilherme Duarte de Andrade Tavares, João Pedro Silveira e Leonardo Noumi Cleto Giugni

Artigo de opinião para o Estadão

Este website usa Cookies

Saiba como o Insper trata os seus dados pessoais em nosso Aviso de Privacidade, disponível no Portal da Privacidade.

Aviso de Privacidade

Definições Cookies

Uso de Cookies

Saiba como o Insper trata os seus dados pessoais em nosso Aviso de Privacidade, disponível no Portal da Privacidade.

Aviso de Privacidade