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Comunidade acadêmica celebra o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador

A data representa uma oportunidade para incentivar o interesse dos jovens sobre o tema, além de provocar reflexões sobre o presente e o futuro

A data representa uma oportunidade para incentivar o interesse dos jovens sobre o tema, além de provocar reflexões sobre o presente e o futuro

 

Tiago Cordeiro

 

“Aos oito de julho de mil novecentos e quarenta e oito, na sede da Associação Paulista de Medicina, reuniram-se, por convocação dos doutores Paulo Sawaya, José Reis e Mauricio Rocha e Silva, as pessoas que esta assinam para o fim de discutir o projeto de estatutos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, cuja fundação fora acordada em reunião preliminar realizada a oito de junho deste ano, no mesmo local.” Assim começa a ata de fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Em seu artigo 3º, o texto informa: “A SBPC tem por objetivos: a) Apoiar e estimular o trabalho científico. b) Melhor articular a ciência com os problemas de interesse geral, relativos à indústria, à agricultura, à medicina, à economia etc. c) Facilitar a cooperação entre os cientistas. d) Aumentar a compreensão do público em relação à ciência”. E a lista prossegue, apontando uma série de pré-requisitos que, ainda hoje, se mantêm fundamentais para a produção de conhecimento científico.

A criação da SBPC foi tão marcante que, desde 2001, sua data de fundação é considerada oficialmente no Brasil o Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador Científico. É um dia dedicado a realizar exposições e feiras, voltadas principalmente para os jovens, a fim de incentivar o gosto pela pesquisa, além de provocar reflexões sobre o presente e o futuro. E como anda a ciência no Brasil?

 

Qualidade x quantidade

O país, que atualmente tem o 9º maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, está entre os 15 que mais produzem pesquisas em volume. Na série de 22 anos entre 1996 e 2018, foram mais de 938 mil artigos publicados, segundo o Scimago Institutions Rankings, o equivalente a cerca de 3% da produção científica acumulada nesse período.

Acontece que a mesma instituição mede a relevância das publicações, ou seja, quantas vezes elas foram citados. E, nesse quesito, o país não vai bem: está em 34º lugar na média histórica e, nos anos recentes, marcados por cortes no orçamento disponível para as instituições públicas de pesquisa, tem se aproximado das últimas colocações entre os pouco mais de 70 países avaliados.

Em 2018, por exemplo, ficou na 63ª posição. Não por coincidência, no Índice Global de Inovação, o país está em 54º lugar. No relatório mais recente da consultoria Clarivate Analytics, apenas 20 pesquisadores do país estão entre os mais de 6 mil mais citados do mundo, sendo oito da Universidade de São Paulo (USP).

“Temos visto evasão daqueles pesquisadores já formados e falta de incentivo ao ingresso nos programas stricto sensu, que costumam ser a porta de entrada para a formação de cientistas”, aponta Fabio de Miranda, coordenador do curso de Ciência da Computação do Insper, engenheiro eletricista com ênfase em Computação e mestre em Sistemas Eletrônicos pela Escola Politécnica da USP. “Este panorama suscita dúvidas se mesmo na próxima geração seremos capazes de encaminhar mais talentos para as carreiras científicas”, acrescenta o professor.

“O que temos são pouquíssimos centros de excelência, que se desdobram para publicar em primeira linha internacional, a despeito das dificuldades. Em outros lugares, observamos uma produção vinculada aos programas de pós-graduação que não chega a ter excelência ou expressividade internacional, mas que tem seu papel em formar professores e pesquisadores para academia”.

 

O professor Fábio de Miranda (centro) com alunos
O professor Fábio de Miranda (centro) com alunos

 

Foco na interação

O Brasil tem, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aproximadamente 700 pesquisadores por milhão de habitantes, o segundo melhor indicador na América Latina, depois da Argentina, mas muito abaixo de China, Rússia, União Europeia, Estados Unidos, Coreia do Sul, Singapura e Israel.

“De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o investimento em pesquisa no ano de 2022 foi de 2,3% do PIB, enquanto França e Reino Unido investiram 2% e 2,2% respectivamente, valores proporcionais similares aos nossos. Contudo, o PIB per capita do Brasil foi de US$ 17.800, enquanto o destes países foi de aproximadamente US$ 55 mil”, diz o professor Miranda. “Somos mais pobres, portanto, investimos menos em valores absolutos. É preciso também discutir se há uma política consistente para a ciência que consiga se manter ao logo dos diversos governos.”

Por outro lado, a ciência brasileira é bem conectada ao que há de mais influente na produção global: de acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), 34% das pesquisas envolvendo nomes de brasileiros foram realizadas em colaboração com colegas de outros lugares, ante uma média mundial de 23,5%.

Quais são as condições básicas para produzir ciência de qualidade e relevante em termos globais? Miranda aponta que os principais elementos para uma pesquisa de qualidade são:

• Pessoas competentes, bem formadas e com tempo para se dedicar à pesquisa;

• Atualização constante para acompanhar o estado da arte e não criar feudos que “requentam” conhecimento defasado;

• Uma rede de colaboração internacional para permitir intercâmbio de ideias e pessoas entre grupos de referência em todo o mundo;

• Infraestrutura para que os equipamentos não se tornem um fator limitante ao avanço da pesquisa;

• Fomento meritocrático, para que a excelência seja reconhecida e a estagnação não seja incentivada.

 

Insper em números

O Insper apresenta suas contribuições para o avanço da pesquisa no Brasil. A produção acadêmica da instituição alcançou no ano passado 146 artigos, 21 livros e 66 capítulos de livros. A preocupação com o compartilhamento do conhecimento incentivou o Insper a realizar 518 eventos — no ano anterior haviam sido 389. O impacto na sociedade se traduz em 7.500 matérias publicadas na imprensa citando iniciativas ou porta-vozes do Insper. Nas redes sociais, são 862 seguidores entre Instagram, Facebook, LinkedIn, YouTube, Twitter e Plataforma Alumni Insper.

“No Insper, o panorama contrasta com o nacional”, aponta Miranda. “Existe fomento à pesquisa e ao trabalho de qualidade. O Insper apostou em excelência em um conjunto bem específico de áreas do conhecimento e trouxe pesquisadores de renome nessas áreas para estruturarem a pesquisa. Os programas stricto sensu, com destaque para o Doutorado em Economia dos Negócios, resultam dessa estratégia.”

Agora a instituição encara o desafio de começar a desenvolver pesquisa em outras áreas, com destaque para Engenharias e Computação, aponta Miranda. “São áreas desafiadoras porque determinadas pesquisa, como biotecnologia, requerem laboratórios de alto investimento e parcerias estratégias. A parceria com a Universidade de Illinois em Urbana-Champaign se insere neste novo movimento da instituição.”

 

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