A previsão é de crescimento de 4% ao ano do mercado das chamadas legal techs
Bernardo Vianna
Dados reunidos pelo site Statista apontam que, em 2021, o mercado de tecnologia jurídica, ou legal tech, gerou uma receita de mais de 27 bilhões de dólares em todo o mundo. Com previsão de crescimento a uma taxa de mais de 4% ao ano, a receita gerada por esse mercado deve ultrapassar os 35 bilhões de dólares até 2027.
Esse crescimento se dá à medida que uma grande variedade de ferramentas tecnológicas se torna disponível e é adotada pelas empresas para transformar e aprimorar a forma como prestam serviços jurídicos. Embora seja considerada, em geral, um setor mais conservador e tradicionalista, a entrada no mercado de graduados em Direito que cresceram em um mundo digital, aliada à oferta de profissionais da área de tecnologia que identificaram as oportunidades oferecidas pelo mercado de serviços jurídicos, vem mudando esse cenário.
A Europa e a América do Norte são as regiões que mais se destacam no mercado de tecnologia jurídica. O crescimento da legal tech nessas regiões é impulsionado por diversos fatores, como a presença de escritórios de advocacia que adotam estratégias e métodos tecnológicos e de startups que desenvolvem soluções novas e inovadoras. Países como os Estados Unidos e o Reino Unido contam com setores de serviços jurídicos fortes e bem desenvolvidos. Além disso, abrigam centros tecnológicos de ponta, a combinação ideal para permitir o crescimento da tecnologia jurídica.
Entre as cada vez mais numerosas tecnologias jurídicas que estão sendo implementadas no ambiente de trabalho por profissionais do direito, sistemas de emissão de faturas, de controle de tempo e ferramentas de assinatura eletrônica são algumas das mais populares. Há, também, as ferramentas de e-discovery, o processo de identificar e fornecer informações eletrônicas que podem ser usadas como provas em processos judiciais. Tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia, por sinal, já têm legislações específicas sobre a prática, de modo a proteger a privacidade dos cidadãos.
Em 2022, a Bloomberg Law, braço de dados jurídicos da Bloomberg, empresa de tecnologia para o mercado financeiro e agência de notícias, entrevistou 190 profissionais do direito, incluindo 113 de escritórios de advocacia e 77 respondentes internos, sobre como eles percebiam a introdução de novas tecnologias em seu ambiente de trabalho. A pesquisa revelou que a implementação de legal tech não foi percebida com tanto entusiasmo, com a maior parte dos entrevistados afirmando não ter percebido grandes alterações. Ainda assim, 40% dos profissionais ouvidos afirmaram ter percebido melhora na qualidade do trabalho realizado.
Durante o período de crise sanitária causada pela pandemia da covid-19, o principal foco de muitas firmas de advocacia era estabelecer ferramentas de trabalho remoto e colaboração para garantir a continuidade das operações. No entanto, à medida que o mundo retornava à normalidade, houve maior ênfase na digitalização de processos e no gerenciamento de dados. Essa transformação, conforme observou a pesquisa, apresenta o potencial de ter um impacto positivo na atividade dos profissionais do direito, melhorando a qualidade do trabalho oferecido aos clientes e reduzindo o tempo necessário para concluir tarefas.