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Aluno de Economia analisou os gastos dos governos latino-americanos na pandemia

Trabalho de iniciação científica de Victor de Faro Quadros examinou alguns dos principais modelos de epidemiologia para entender os impactos econômicos da covid-19 na região

Trabalho de iniciação científica de Victor de Faro Quadros examinou alguns dos principais modelos de epidemiologia para entender os impactos econômicos da covid-19 na região

O professor Fernando Ribeiro com o aluno Victor de Faro Quadros
O professor Fernando Ribeiro, orientador do trabalho, com o aluno Victor de Faro Quadros

 

Michele Loureiro

 

A Organização Mundial da Saúde estima que quase 7 milhões de pessoas tenham morrido em decorrência da covid-19 desde o início da pandemia. Mais do que as questões humanitárias e de saúde pública, o mundo precisou lidar com as implicações econômicas da doença. Na América Latina, por exemplo, o número de pessoas consideradas pobres ou extremamente pobres aumentou em níveis não usuais para a região nos últimos três anos, atingindo 201 milhões de pessoas (31% da população), segundo a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).

Para discutir os impactos econômicos na América Latina durante a pandemia, o aluno Victor de Faro Quadros, do curso de graduação em Economia do Insper, realizou um projeto do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica) sobre o tema. Intitulado “Os gastos do governo durante uma pandemia”, o trabalho foi orientado por Fernando Ribeiro, professor de Macroeconomia do Insper.

“A ideia surgiu porque a América Latina foi a região que mais sofreu na pandemia, levando em conta o número de óbitos proporcionalmente ao tamanho da população. A região representou 26% dos óbitos, embora represente apenas 8% da população mundial”, diz o professor Fernando Ribeiro. “O objetivo do trabalho foi então entender a resposta dos governos da região em relação à pandemia. Victor fez seu trabalho praticamente em voo solo e mediu os gastos governamentais na região, que tem o histórico de ser vulnerável e depender do Estado para políticas de manutenção de renda.”

Segundo o relatório elaborado pelo estudante, “as implicações financeiras da doença foram devastadoras na região, uma vez que a expansão dos gastos públicos foi a principal medida de política econômica e social. Os gastos governamentais chegaram a compor 24,7% do PIB da região, o que representa a maior taxa já computada pela Cepal”.

Para estudar o impacto da pandemia, Victor usou o conceito de epidemiologia, que ajuda a entender como uma determinada doença se distribui em uma certa população. Em síntese, ele se concentrou em tentar compreender como variáveis econômicas afetam o modelo epidemiológico e, a partir daí, concluir o que pode ser feito para mitigar os efeitos de uma epidemia.

“A epidemiologia econômica é uma área que se desenvolveu enormemente nesse último biênio. Ela se baseia na curiosa interação entre o desenvolvimento de uma doença numa população humana e as escolhas dos agentes dessa população”, diz Victor.

Em um trecho da pesquisa, o aluno afirma que o “grande objetivo é buscar entender como os gastos do governo podem influenciar na trajetória de uma epidemia”. Segundo ele, inúmeras variáveis entram na equação, como consumo das famílias, número de mortes, produção local, força de trabalho, número de infectados, taxa de infecção, taxa de cumprimento da quarentena, distribuição de máscaras e índices de vacinação.

Victor assume que é impossível estudar a propagação da covid-19 como se estuda a reprodução de bactérias ou vírus. “Os modelos são muito incompletos. As equações diferenciais, sozinhas, simplesmente não dão conta do recado. Por isso, é necessário um grande esforço econômico para entender como a doença se propaga em sociedades humanas, para que então possamos descrever a melhor forma de agir dada uma situação de calamidade, isto é, como evitar o maior número possível de vidas perdidas.”

O relatório final é fruto de um ano inteiro de iniciação científica, mas apenas o começo de uma carreira que deve permanecer na academia, segundo planeja Victor. Aos 20 anos, o soteropolitano, que também estuda Matemática Aplicada e Computacional na Universidade de São Paulo, deseja seguir a carreira acadêmica e se tornar pesquisador.

“Considero que a iniciação científica tenha sido um importante passo e termino o trabalho com a ideia de que os economistas que estudam epidemiologia tanto propagam: a pura epidemiologia matemática é insuficiente para descrever o comportamento de uma doença em uma população humana e, por isso, é necessária um epidemiologia econômica”, diz o aluno.


Para ler a íntegra do trabalho de iniciação científica, clique aqui.

 

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