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Aluna negra levanta a mão em uma sala de aula

Ativismo, mimetismo e pressão contribuem para cotas na pós-graduação

Estudo focalizou a Universidade de Brasília e avaliou questionários respondidos por universidades públicas 
11/04/2023 23:32

Ativismo do corpo docente, imitação de projetos pioneiros na vizinhança acadêmica e pressão — seja da comunidade próxima, seja da universidade — contribuíram para o estabelecimento de cotas raciais em programas de mestrado e doutorado em instituições públicas brasileiras. 

Para chegar a essas conclusões, Maria Aparecida Chagas Ferreira (Ministério da Gestão), Tatiana Dias Silva (Ipea) e Marcelo Marchesini da Costa (Insper) investigaram o caso da Universidade de Brasília (UnB) e avaliaram questionários respondidos por 108 programas de pós-graduação stricto sensu de universidades públicas brasileiras. 

Na UnB, considerada pioneira na adoção da reserva de vagas para estudantes pretos e pardos, os pesquisadores traçaram um perfil racial dos docentes dos programas de mestrado e doutorado. Além disso, conduziram entrevistas aprofundadas com seis professores que tiveram papel importante na implantação das cotas raciais na pós-graduação. 

A pesquisa usou esse perfil racial docente para comparar programas que adotam as cotas com outros semelhantes, abrigados na mesma universidade, que não as oferecem. Os 32 professores classificados como negros, de um total geral de 844, não estão lotados preferencialmente em programas que oferecem vagas para cotistas.  

Tampouco foi notada diferença significativa entre os programas em variáveis como gênero, tempo de experiência docente e formação no exterior. Esses resultados sugerem que as cotas foram implantadas não em razão de características específicas dos corpos docentes dos programas que optaram pela reserva de vagas. 

O ativismo dos docentes em organizações burocráticas fortes como a UnB foi uma hipótese levantada pelos pesquisadores a contribuir para a adoção das cotas. Nas entrevistas, também foram mencionados fatores como a pressão interna de alunos negros e a influência de programas pioneiros implantados na mesma universidade. 

Nos questionários respondidos por 108 programas de pós-graduação de universidades públicas, dos quais 80 adotam cotas, a motivação para a implantação da reserva de vagas citada com mais frequência (45%) foi a imposição da universidade a que estão filiados.  

Notou-se também afinidade de área de conhecimento entre organizações que praticam as cotas no mestrado e no doutorado. Todos os 16 programas de Ciências Humanas que responderam ao formulário adotam as cotas. Já em Ciências da Terra e Exatas, a iniciativa de destinar vagas a negros ocorre em 2 das 10 instituições respondentes. 

 


 

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