Conheça a origem e o significado das expressões “gaslighting”, “mansplaining”, “manterrupting” e “bropriating”
Algumas palavras são difíceis de traduzir. Mas os conceitos das quatro palavras em inglês a seguir são importantes para compreender os efeitos de comportamentos tóxicos dos homens. Valem para qualquer tipo de relacionamento, seja pessoal, seja profissional.
É uma palavra da língua inglesa que entrou em uso nas primeiras décadas do século 20, significando a manipulação psicológica de alguém durante um longo período, levando a vítima a questionar a validade dos seus próprios pensamentos e a percepção da realidade ou das suas memórias. Essa definição do dicionário Merriam-Webster considera o tipo de comportamento masculino que leva a mulher a acreditar que enlouqueceu ou que não sabe nada sobre determinados assuntos, destruindo a autoestima, a confiança e as estabilidades emocional e mental.
Baseado no enredo de uma peça do britânico Patrick Hamilton, de 1938, que depois ganhou versões no cinema, o gaslighting está presente em frases como “você está louca”, “você não sabe o que está falando” e “você está surtando”. Tornou-se um comportamento tão tóxico que, em 2022, foi uma das palavras mais pesquisadas no site do Merriam-Webster. Com o aumento de canais e tecnologias usados para mentir e assediar, o significado de gaslighting foi expandido no léxico para o ato de enganar deliberadamente.
O mesmo dicionário que escolheu gaslighting como uma das palavras de 2022 define mansplain como o ato de explicar algo a uma mulher de forma condescendente que assume que ela não tem conhecimento sobre o assunto. Foi registrada pela primeira vez em 2008, pela aglutinação das palavras inglesas “homem” e “explicação”, a partir das ideias de um ensaio da escritora namericana Rebecca Solnit, editado no livro Os Homens Explicam Tudo Para Mim. Ela escreveu: “Quando um homem diz, categoricamente, que ele sabe do que está falando e ela não, mesmo que isso seja parte mínima de uma conversa, perpetua a feiura deste mundo e tira dele a sua luz”.
Não é uma intervenção carinhosa. Outro famoso dicionário de língua inglesa, o Cambridge, define mansplaining como uma forma de sugerir que uma pessoa é burra, usada especialmente quando um homem explica para uma mulher algo que ela já entende. Burra não é elogio. Pior: às vezes, usam-se informações falsa e incorretas, simplesmente para estabelecer uma posição de superioridade.
Homens que interrompem contínua e desnecessariamente as mulheres estão praticando manterrupting, aglutinação das palavras inglesas “homem” e “interrupção”. Assim, para não deixar que a mulher termine o seu raciocínio, eles adotam táticas como falar ao mesmo tempo e em intensidade de voz mais alta ou simplesmente cortando o assunto.
O manterrupting ocorre em reuniões de trabalho, em debates públicos ou em palestras e conferências, mas pode acontecer também em encontros de amigos. A intenção: interromper a fala para atrapalhar o raciocínio, fazendo as pessoas da audiência desvalidarem ou desconsiderarem o que a mulher diz. O termo é recente, ainda não se encontra nos tradicionais dicionários de inglês com versão na internet. A atitude, como se sabe, nem tanto.
Essa palavra não consta de nenhum dos dicionários tradicionais, mas já está relacionada à descrição do comportamento de homens que pegam ideias de mulheres e tomam o crédito para si. Foi proposta pela jornalista americana Jessica Bennett em 2015, juntamente com o vocábulo manterrupting, no artigo How Not to Be ‘Manterrupted’ in Meetings, publicado na revista Time.
Originariamente, a autora escreveu “bro-propriated”, aglutinação entre “irmão” e “apropriação”, mas aos poucos a expressão foi sendo usada como “bropropriating” e “bropriating”. É uma conduta muito comum no mercado de trabalho e no mundo dos negócios, mas também se espalha entre estudantes, artistas e acadêmicos. Andando sempre na corda bamba desse manterrupter que rouba ideias, disse Jessica, as mulheres se fecham, se tornam menos criativas, menos engajadas. “Ou renunciamos completamente ao crédito”, escreveu.