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Inovação em tecnologias integra a Engenharia e a Medicina

Em seminário promovido pelo Insper, a professora Olivia Coiado, da Faculdade de Medicina da Universidade de Illinois, apresentou as possibilidades de estudos conjuntos entre engenheiros e médicos

Em seminário promovido pelo Insper, a professora Olivia Coiado, da Faculdade de Medicina da Universidade de Illinois, apresentou as possibilidades de estudos conjuntos entre engenheiros e médicos

 

Leandro Steiw

 

Os projetos de pesquisa científica e educação da Carle Illinois College of Medicine, a primeira faculdade nos Estados Unidos com integração entre Engenharia e Medicina, são focados em inovação, saúde e tecnologia. Em 26 de outubro, no Seminário Acadêmico da Engenharia do Insper, a professora e biomédica brasileira Olivia Campos Coiado, diretora de pesquisa estudantil da Carle Illinois — escola ligada à Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (UIUC), com a qual o Insper mantém uma parceria —, mostrou as possibilidades de estudos abertos por essa interseção de áreas do conhecimento, com oportunidades de colaboração entre instituições brasileiras.

A primeira experiência de Olivia com a Universidade de Illinois foi em 2011, no período sanduíche do doutorado em Engenharia Biomédica, feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Já doutora, ela acabou retornando para os Estados Unidos e participando da equipe de professores no desenvolvimento curricular do novo curso de Medicina, cuja primeira turma ingressou em 2018. “Éramos professores — médico, engenheiro, cientista —, com origem em três áreas diferentes, e o meu background de bioengenharia fez todo o sentido para trabalhar nessa interseção de Engenharia e Medicina”, recordou.

Desde então, começaram as colaborações com parceiros brasileiros. A primeira ocorreu na apresentação do currículo de Medicina da Carle, durante um workshop sobre modernização da graduação no Brasil, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Comissão Fullbright. O curso de Illinois tem algumas especificidades em relação aos similares no Brasil. “O curioso na Faculdade Carle Illinois é que 80% dos estudantes de Medicina chegam com formação em Engenharia, principalmente Mecânica e Elétrica”, disse.

Em algumas universidades norte-americanas, os alunos de Engenharia, Computação ou Biologia, por exemplo, podem cursar disciplinas preparatórias para a Medicina durante os seus quatro anos de graduação, caso pretendam seguir estudos relacionados à saúde. Posteriormente, fazem mais quatro anos de graduação em Medicina — recebendo título equivalente a mestrado no Brasil e estando habilitados à residência médica.

A conexão entre formações aparentemente sem qualquer ligação motivou a criação da faculdade. “Hoje em dia, o médico precisa pensar diferente em relação ao uso da tecnologia quando está no hospital”, afirmou Olivia. “Ele não consegue fazer um diagnóstico se não tiver uma imagem médica, por exemplo. E como prover um cuidado médico melhor para os pacientes se a tecnologia não avançar? Em áreas carentes, o acesso da população à tecnologia é reduzido. Como podemos prover um atendimento melhor às comunidades ao redor do mundo?”

Segundo Olivia, o propósito da instituição é formar profissionais competentes em cuidados médicos, mas também inovadores em soluções para problemas e necessidades na área clínica. Essa ideia abre perspectivas de pesquisas que integrem as Engenharias e a Medicina. No terceiro e quarto anos, cada graduando da Carle precisa completar um projeto de conclusão de curso, selecionado entre os trabalhos de inovação, design, engenharia e análise (IDEA) apresentados nos anos anteriores. Nesse projeto final o estudante é desafiado a desenvolver novas abordagens, tecnologias e tratamentos na área médica.

As iniciativas de apoio à pesquisa estudantil começam já no primeiro ano de curso. São duas dezenas de laboratórios especializados que podem ser usados durante a execução dos projetos. Ao ingressar na faculdade, cada aluno recebe simbolicamente 10.000 dólares , que podem ser convertidos em serviços e materiais para finalização de ideias e protótipos nos laboratórios. Também são ofertadas outras formas de financiamento e distribuídos prêmios em competições acadêmicas.

As possibilidades são variadas, como estudos de casos e análise de dados históricos de pacientes, revisão de literatura cientifica e análise estatística. Algumas ideias desenvolvidas nos trabalhos curriculares se tornam oportunidades promissoras de pesquisas, disse Olivia. Por intermédio do Global Immersion Program, os estudantes de Illinois podem fazer intercâmbio no Brasil e conhecer os estudos desenvolvidos por instituições locais, identificando, por exemplo, carências tecnológicas e variedades de endemias.

Pensadas para resolver problemas reais, as pesquisas seguem a chamada “mentalidade empreendedora”, focada em curiosidade, conexões e criação de valores, e são avaliadas por comitês da faculdade. “Todos os projetos têm o objetivo de criar valor para uma determinada comunidade ou para um determinado problema e são orientados por um professor”, disse Olivia. Em design de produtos, por exemplo, a intenção é melhorar as tecnologias já utilizadas no setor de saúde. Ou encontrar soluções que aprimorem a qualidade do ambiente compartilhado entre médicos e pacientes em clínicas e hospitais.

Um dos desafios é o aproveitamento de todos os projetos apresentados durante o curso, principalmente depois que o aluno se forma. Em um meio de médicos inovadores, reforça-se a preocupação com o registro da patente das ideias e a necessidade de financiamento. A maioria dos alunos tende a iniciar a própria startup, de olho na propriedade intelectual dos projetos. “Aqui na Faculdade de Medicina, a ideia é gerada pelo aluno, e se a indústria tiver interesse em financiar, eles podem seguir adiante”, afirmou Olivia.

 

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