David Card, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, estará em evento que vai discutir salários e informalidade no mercado de trabalho na América Latina
Tiago Cordeiro
Por suas contribuições empíricas para a economia do trabalho, David Card foi um dos laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2021. Nascido há 66 anos numa família de pequenos fazendeiros da comunidade de Guelph, em Ontário, no Canadá, Card se tornou uma referência na área sobretudo nos anos 1990, quando demonstrou que aumentar o salário-mínimo não reduz a oferta de vagas de emprego.
O economista comparou restaurantes de fast food de New Jersey, onde as lojas haviam aumentado o pagamento por hora, com as da Pensilvânia, que não haviam adotado a medida. E verificou que pagar 5,05 ou 4,35 dólares por hora para os empregados não resultava em mudanças significativas na capacidade das empresas de contratar e se manter financeiramente viáveis.
Naturalizado americano, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, onde é diretor do Center for Labor Economics, Card foi também professor da Universidade de Chicago e da Universidade Princeton. A capacidade de analisar resultados de políticas públicas de forma empírica o tornou uma referência não apenas em estudos relacionados ao salário-mínimo, como também em migração e educação no mercado de trabalho.
Card é convidado do evento Informality and Wage Setting Policies in Latin America, uma realização do Insper em parceria com o Georgetown Americas Institute e a Georgetown University Global Economic Challenges Network, no próximo dia 20 de setembro. O Nobel vai participar do painel “Wage Setting in Latin America”, ao lado de Frank Vella, professor da Universidade Georgetown, Lorenzo Lagos, professor da Universidade Brown, e Sergio Firpo, professor do Insper.
Com programação inteiramente em inglês, o evento se estenderá ao longo do dia, das 10h às 19h30. O objetivo é aprofundar os debates a respeito do fato de que, por décadas, muitas economias da América Latina têm apresentado baixas taxas de crescimento econômico, acompanhadas de um cenário de estagnação da produtividade e de aumento dos níveis de desigualdade de renda.
Depois de uma sessão de abertura com o presidente do Insper, Marcos Lisboa, e as presenças de Aureo de Paula (professor da University College London) e Alejandro Werner (diretor do Georgetown Americas Institute), o primeiro painel debaterá a informalidade no mercado de trabalho da América Latina. A palestrante principal será Pinelopi (Penny) Goldberg, professora da Universidade Yale e que atuou como economista-chefe do Banco Mundial de 2018 a 2020. Também participarão desse painel Gabriel Ulyssea (professor da University College London) e Brenda Samaniego (professora da Universidade da California em Santa Cruz), com a condução de Cristine Pinto, professora do Insper.
No início da tarde, acontecerá o painel com David Card, que falará sobre o tema “Estimating and Interpreting the Effects of Firms on Labor Market Outcomes”, seguido por exposições de Lorenzo Lagos e Sergio Firpo. A condução do painel ficará a cargo de Rodrigo Soares, professor do Insper.
Na sequência, uma mesa-redonda composta por dois painéis discutirá as políticas no mercado de trabalho na América Latina, com a abertura de Alejandro Werner e moderação da jornalista Erica Fraga (The Economist Intelligence Unit). O primeiro painel terá a presença de Ilan Goldfajn (diretor do Fundo Monetário Internacional para o Hemisfério Ocidental) e Santiago Levy (membro sênior do Brookings Institution).
Do segundo painel participarão Mauricio Cárdenas (professor da Columbia University), Laura Machado (professora do Insper e secretária de Desenvolvimento Social do estado de São Paulo) e Zeina Latif (secretária de Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo). David Card e Penny Goldberg participarão como comentadores em ambos os painéis.