A Copa do Mundo no Catar vai custar 220 bilhões de dólares, ante 15 bilhões de dólares gastos no torneio realizado no Brasil em 2014
A pouco mais de dois meses do início da Copa do Mundo de futebol de 2022, no dia 20 de novembro, o Catar dá os últimos retoques para sediar um dos maiores eventos esportivos do planeta. As autoridades locais dizem que os oito estádios que vão abrigar os jogos da competição organizada pela Fifa estão prontos, assim como mais de 95% das obras de infraestrutura planejadas para receber o torneio.
De longe, esta será a Copa do Mundo mais cara da história — a estimativa dos gastos é de até 220 bilhões de dólares. Isso representa cinco vezes a soma dos investimentos realizados nas sete edições anteriores da Copa. O torneio no Brasil, em 2014, custou em torno de 15 bilhões de dólares e gerou muitas críticas pelo desperdício de dinheiro público em “elefantes brancos” e obras inacabadas.
É a primeira vez que um país árabe vai sediar a Copa do Mundo. Diferentemente das edições anteriores, a disputa neste ano ocorrerá durante o inverno local, para evitar o calor de mais de 40 graus no verão catariano. Mesmo no inverno, a temperatura deverá estar ao redor de 25 graus em novembro. Para proporcionar conforto aos atletas e ao público, todos os estádios estão equipados com potentes sistemas de ar-condicionado.
Dos oito estádios que abrigarão os jogos, sete são inteiramente novos e um passou por uma grande reforma para aumentar a sua capacidade. Ao todo, esses estádios consumiram cerca de 10 bilhões de dólares em investimento. O grosso dos gastos para sediar a Copa foi com obras de infraestrutura, incluindo aeroportos e metrô.
Um dos maiores gastos foi com a construção da cidade de Lusail, que foi erguida no meio do deserto praticamente do zero. Localizada a 20 quilômetros de Doha, a capital do país, Lusail foi planejada para abrigar até 250 mil habitantes. Ganhou duas marinas, zonas residenciais, shopping centers, hotéis, praias artificiais e campos de golfe. Tudo isso ao custo de 45 bilhões de dólares. O estádio da cidade, com capacidade para 80 mil torcedores, vai sediar a final da Copa, no dia 18 de dezembro.
O governo do Catar espera atrair 1,2 milhão de turistas durante a Copa do Mundo e estima que o torneio terá um impacto de até 17 bilhões de dólares na economia do país. É um valor baixo proporcionalmente aos gastos, mas nada que pareça preocupar o governo local. Rico em petróleo e gás natural, o Catar tem um dos maiores PIB per capita do mundo — mais de 112 mil dólares por pessoa, 6,5 vezes mais do que a média do Brasil, segundo estimativa do FMI para 2022.
Mesmo com essa riqueza, o Catar foi muito criticado por organizações de direitos humanos pelos abusos cometidos contra trabalhadores estrangeiros recrutados para as obras da Copa do Mundo. A Anistia Internacional denunciou inúmeros casos de imigrantes submetidos a trabalho análogo à escravidão. Uma reportagem do jornal inglês The Guardian, no início do ano passado, revelou que pelo menos 6.500 imigrantes de países como Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram trabalhando em obras da Copa do Mundo no Catar.
Com todo o dinheiro gasto nas obras, a Copa do Mundo do Catar também deverá ser uma das mais caras para os torcedores que visitarem o país para ver as partidas. O ingresso mais caro para a final do torneio deste ano está custando em torno de 1.600 dólares, quase 50% mais do que o bilhete da final da Copa de 2018 na Rússia.