Levantamento do Fórum Econômico Mundial aponta que, no atual ritmo, a paridade completa entre homens e mulheres será alcançada apenas em 132 anos
O Fórum Econômico Mundial divulgou em julho a 16ª edição do Global Gender Gap Index, o mais abrangente estudo sobre desigualdade de gênero no mundo. De acordo com o levantamento, no ritmo atual de progresso, o mundo levará 132 anos para que haja uma paridade completa entre homens e mulheres. Isso representa uma ligeira melhora em comparação com o estudo de 2021, quando a estimativa era de 136 anos até a paridade. Esse avanço, no entanto, não compensou a perda ocorrida nos anos anteriores — em 2020, a previsão era que fosse possível eliminar a disparidade de gênero em 100 anos.
Um dos recortes do estudo mostra que as mulheres ocupam apenas um terço dos cargos de liderança em empresas no mundo — a participação delas em postos de liderança subiu de 33% em 2016 para 37% em 2022. Em alguns setores, as mulheres representam quase a metade dos cargos de liderança, como em ONGs e associações (47%), educação (46%) e serviços pessoais e de bem-estar (45%). No outro extremo, há setores em que as mulheres estão em absoluta minoria, como tecnologia (24%), energia (20%) e infraestrutura (16%).
O Global Gender Gap Index usa uma escala de 0 a 100. As pontuações podem ser interpretadas como a distância percorrida em direção à paridade — ou seja, a porcentagem da lacuna de gênero que foi fechada. Embora nenhum país tenha alcançado a paridade total de gênero, as nações que ocupam as 10 primeiras posições fecharam pelo menos 80% de suas diferenças de gênero, com a Islândia (90,8%) liderando o ranking global. Outros países escandinavos, como Finlândia (86%, 2º), Noruega (84,5%, 3º) e Suécia (82,2%, 5º), aparecem no topo do ranking.
O Brasil fechou 69,6% de sua diferença geral de gênero, ocupando o 94º lugar entre os 146 países avaliados.
O Global Gender Gap Index compara o estado atual e a evolução da paridade de gênero em quatro dimensões-chave: Participação e Oportunidade Econômica; Nível Educacional; Saúde e Sobrevivência; e Empoderamento Político. O Brasil está entre os países que ocupam o 1º lugar nos pilares Nível Educacional (que avalia indicadores como taxa de analfabetismo e matrículas no ensino fundamental, médio e superior) e Saúde e Sobrevivência (que leva em conta a expectativa de vida).
No quesito educação, em particular, o Brasil se destaca pelo fato de as mulheres serem a maioria nas universidades. As mulheres, no entanto, são predominantes em cursos como educação e ciências sociais, jornalismo e informação. Já os homens são hiper-representados em cursos como tecnologias da informação, engenharia e construção. Uma consequência disso é que, em geral, a empregabilidade dos homens é maior que a das mulheres.
Na dimensão Participação e Oportunidade Econômica (que analisa dados como renda e participação na força de trabalho), o Brasil ocupa apenas o 85º lugar. No pilar Empoderamento Político (que considera a participação das mulheres nos ministérios e no Parlamento), o Brasil ficou em 104º lugar entre os 146 países.
Em termos regionais, a América do Norte é a que tem menor desigualdade entre homens e mulheres, tendo fechado 76,9% de sua diferença de gênero. É seguida de perto pela Europa, que fechou 76,6% de sua lacuna. Em terceiro lugar está a América Latina e o Caribe, que fechou 72,6% de sua disparidade de gênero. O sul da Ásia é a região com o desempenho mais baixo, tendo fechado 62,4% de sua diferença de gênero em 2022.
Uma outra maneira de ver as diferenças regionais é comparar quanto tempo falta para alcançar a paridade de gênero, se mantido o ritmo atual de avanço.