O Brasil aparece em 10º lugar na lista do site StartupRanking, com 1.164 empresas
Qual é o país que abriga maior número de startups? Segundo o site StartupRanking, que elabora diversas listas sobre o tema, os Estados Unidos são, de longe, o país com mais startups: 70.959. A Índia vem em segundo lugar, com 12.863. O Brasil aparece em 10º lugar no ranking, com 1.164 startups.
Esse tipo de ranking deve ser visto com reserva, uma vez que não há uma definição consensual do que é uma startup. Uma das definições mais utilizadas é a do empreendedor serial Steve Blank, atualmente professor na Universidade da Califórnia em Berkeley e no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).
Para Blank, startup é “uma organização temporária projetada para buscar um modelo de negócios que seja repetível e escalável”. É diferente de uma empresa comum, “permanentemente projetada para executar um modelo de negócios que seja repetível e escalável”.
O conceito adotado por Blank não menciona explicitamente o componente tecnológico, citado com frequência em outras definições de startup. Há quem diga, por exemplo, que startup é qualquer “empresa de tecnologia com menos de 100 funcionários”.
Na definição de Blank, uma startup não supõe necessariamente inovação ou disrupção tecnológica. Seu conceito está centrado na busca de novos “modelos de negócios”, repetíveis e escaláveis. Dessa maneira, quando surgiu na década de 1950 nos Estados Unidos, o McDonalds era uma startup. Seu modelo de negócio, como se viu, era repetível e escalável.
Outra definição de startup foi feita por Eric Ries, empreendedor do Vale do Silício e criador da metodologia Lean Startup, que propõe uma alocação mais eficiente dos recursos de uma startup. Ries enfatiza o aspecto de risco do negócio. Para ele, “startup é uma instituição humana projetada para criar um novo produto ou serviço sob condições de extrema incerteza”.
Na elaboração de suas listas, a StartupRanking adota sua própria definição de startup: “Uma organização com alta competência em inovação e forte base tecnológica, que tem a faculdade de um crescimento acelerado e mantém a independência ao longo do tempo. O tempo de vida máximo deve ser de 10 anos”. A StartupRankig exclui de sua lista as startups que já fizera IPO (abertura de capital na bolsa).
O ranking leva em conta também a importância das startups na internet e sua influência social. Isso explica a ausência da China entre os primeiros colocados no ranking — o país asiático está em 23º lugar, com 608 startups. O governo chinês proíbe o uso de sistemas de busca (como Google) e redes sociais (como Facebook, Instagram e Twitter) ocidentais. Isso prejudica a classificação das startups chinesas nesse ranking. O principal motor de busca na internet na China é o Baidu, que tem pouca importância fora do país asiático.
Um elemento comum nas diferentes definições de startup é a transitoriedade: nenhuma startup vai ser uma startup para sempre. Ou ela não dá certo e morre (mais de 90% acabam fracassando, segundo um levantamento nos Estados Unidos), ou ela consegue passar no teste do mercado e crescer, deixando de ser uma startup.
Há alguns indícios para saber quando uma startup deixa de ser uma startup: quando ela ultrapassa a fase inicial de risco do negócio, quando passa a ter um número significativo de funcionários (e a pagar bons salários para eles), quando se torna ela própria uma investidora de risco ou adquire outras startups.
O jornalista Alex Wilhelm, editor sênior do TechCrunch, site especializado em tecnologia, criou a “regra do 50-100-500”. Uma startup deixa de ser startup no momento em que supera qualquer uma destas métricas: quando fatura mais de 50 milhões de dólares em 12 meses, quando passa a ter mais de 100 funcionários ou quando é avaliada em mais de 500 milhões de dólares.
Vale acrescentar que, dependendo do conceito que se adote, o número de startups no mundo provavelmente será muito maior do que aparece na lista do StartupRanking. O Global Entrepreneurship Monitor (GEM), um estudo global de empreendedorismo conduzido por um consórcio de universidades e instituições sem fins lucrativos, estimou que 50 milhões de novos negócios são lançados no mundo a cada ano, o que significaria 137 mil novas “startups” por dia. Com esse número significativo, há também um número fabuloso de falências: cerca de 120 mil empresas desaparecem a cada dia.