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A nona edição do evento Dado Certo! debateu o potencial de utilização de dados e da inteligência artificial por edtechs. O Brasil, de acordo com um estudo da plataforma de inovação Distrito, é o maior mercado de startups de educação da América Latina, concentrando quase 70% do número de edtechs e praticamente 80% do volume de investimentos. Entre 2018 e 2024, os investimentos totalizaram quase 500 milhões de dólares.

 

“Há 47 milhões de alunos na educação brasileira. Oito em cada dez matrículas são feitas na educação pública, com maior concentração na faixa de seis a dez anos. Esses dados do Censo de 2023 são relevantes para desenvolver estratégias baseadas em tecnologia, com destaque para a IA”, disse Laura Mattos, coordenadora de Tecnologia e Inovação da Fundação Lemann, durante o evento realizado em 7 de novembro com a mediação de Clara Velasco, supervisora de marketing da pós-graduação do Insper. 

 

Segundo Laura, dados como número de matrícula e nome são importantes, por exemplo, para a identificação individual dos alunos. Já notas e frequência para aprendizagem de cada um deles, fornecendo informações para adaptar estratégias pedagógicas e melhorar seu desempenho. A série e turma servem principalmente para facilitar a organização e gestão administrativa por parte das escolas, com alocação mais eficiente dos recursos. Por fim, os dados agregados, que dão o cenário completo, pautam decisões governamentais, contribuindo para a formulação de políticas públicas mais eficazes. 

 

A especialista também destacou que uma criança alfabetizada tem 80% de chances de concluir sua trajetória escolar. Essa mesma criança, quando se tornar adulta, terá, na comparação com uma não alfabetizada, o dobro da renda, 26% mais de chance de obter um emprego formal e 11% mais de chance de ter uma boa saúde. “Ou seja, um processo de aprendizado que ocorre por volta dos sete anos de idade é, quando bem-sucedido, determinante para toda a vida”, afirmou. 

 

Nesse contexto, em parceria com o Instituto Natura, a Fundação Lemann desenvolveu modelos de IA para verificar se a criança está de fato alfabetizada, por meio da automatização dessa avaliação. Os áudios das leituras de cada aluno são analisados pela IA, podendo sofrer uma dupla verificação pelos professores. “Dessa forma, facilitamos o dia a dia do professor, que pode dedicar esse tempo que seria gasto na avaliação para projetos pedagógicos que vão mudar a jornada dos seus alunos ao longo do ano”, disse a especialista.

 

Para André Santana, professor do Insper, que também esteve no evento, com a IA generativa, estamos a um prompt de distância de resolver problemas que eram muito complexos. Ele citou o case do hub de inovação do Centro de Inovação da Educação Básica Paulista (CIEBP), cuja ideia foi construir soluções que colaborassem de fato com o dia a dia da comunidade escolar formada por alunos, professores e colaboradores. “A educação pública de São Paulo pode ser aperfeiçoada por meio da tecnologia e do uso dos dados. Ouvimos milhares de profissionais para identificar os principais desafios”, relatou. Por meio da metodologia Startup Garage Innovation, há participação direta do público-alvo no desenvolvimento de soluções inovadoras, além da busca pela validação das hipóteses de forma democrática e com respeito à diversidade.

 

 

Cultura data-driven

 

Já Ivan Seidel Gomes, fundador da Layers Education, abordou a relevância da cultura data driven para que os dados sejam confiáveis. “Os dados em geral não têm qualidade, e isso ficou claro quando comecei a empreender”, contou. O empreendedor, que fundou a startup Layers em 2018, disse que sua empresa atua com escolas e universidades que têm um sistema de gestão, cujo propósito é centralizar, por exemplo, a nota dos alunos e os boletos para pagamento. Nesse trabalho de integrar os sistemas, os problemas causados pela qualidade dos dados geravam muitas horas de trabalho do time. “No fim do dia, isso atrapalhava o motivo pelo qual esses sistemas existem, impossibilitando ao aluno ver sua nota, ao pai pagar o boleto e ao professor se comunicar com os alunos”, relembrou. 

 

Gomes resolveu então criar uma ferramenta chamada The Engine para identificar as possibilidades de falha, a fim de evitar a consumação dos problemas. “Percebemos que a maioria dos problemas ocorria por falha no cadastro dos dados. Nosso mapeamento chegou a mais de 120 erros possíveis, o que permitiu atuar junto aos clientes na prevenção. O resultado não poderia ser melhor: o número de tíquetes de resolução de problema caiu de 2 mil por ano para apenas cem”, observou.

 

Por fim, para Luciano Palma, líder em inteligência competitiva na Amazon Web Services (AWS), quanto mais data-driven for a instituição educacional, mais benefícios ela terá, especialmente em relação à chamada personalização ou hiperpersonalização da educação. Nesse cenário, os alunos são ensinados de acordo com seus gaps ou lacunas de aprendizagem, o que somente é possível por meio da inteligência trazida pelos dados, que indicará, por exemplo, o momento e a forma de receber conhecimento mais adequados para cada um dos estudantes. 

 

Segundo Palma, as empresas, de forma geral, utilizaram o ano passado para fazer suas provas de conceito em IA generativa com uso de dados. Neste ano, já estão com alguns casos em produção, obtendo muitos aprendizados práticos. Na prova de conceito, o objetivo principal é entender melhor a tecnologia, se ela está alucinando, que ocorre quando a tecnologia erra ou opta por um caminho de criatividade não desejada ou adequada para aquela situação específica. “Já na etapa de produção, de geração dos primeiros cases, começa a preocupação com aspectos de segurança da informação, escalabilidade e custos envolvidos”, afirmou.

 

Para assistir ao evento na íntegra, acesse este link do canal no YouTube.



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