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Você já se perguntou como as empresas podem inovar de forma mais eficaz e eficiente? Uma maneira é aproveitando o conhecimento gerado nas universidades. Isso mesmo! Embora muitas pessoas associem inovações tecnológicas a grandes empresas, a verdade é que o conhecimento produzido dentro das universidades frequentemente atravessa as fronteiras acadêmicas e influencia significativamente o setor privado.

 

Isso é o que o artigo “Academic spill-ins or spill-outs? Examining knowledge spillovers of university patents” encontrou. A pesquisa, conduzida por Thiago Soares (este que vos escreve) em parceria com Solon Moreira, revelou que as patentes de universidades geram mais spillovers — ou seja, fluxos de conhecimento para outras organizações — quando comparadas a patentes similares de outras organizações. Isso indica que empresas costumam utilizar tecnologias acadêmicas como base para desenvolver suas próprias inovações com mais frequência do que utilizam tecnologias de outras empresas. Se sua organização ainda não enxerga as invenções universitárias como alicerces para novas soluções, cuidado! Seus concorrentes provavelmente já estão fazendo isso — e a má notícia é que essas tecnologias têm um valor estratégico muito alto.

 

Principais descobertas e implicações para gestores

 

1. Patentes universitárias como fonte de conhecimento: patentes acadêmicas são uma fonte valiosa de conhecimento tecnológico para empresas. O estudo mostra que os spillovers gerados por patentes acadêmicas são maiores do que os das patentes corporativas. Isso acontece porque, nas universidades, as patentes são elaboradas com o objetivo de serem licenciadas para empresas ou de servirem como base para a criação de novas startups. Como resultado, é essencial que essas patentes sejam de alta qualidade, já que precisam atrair parceiros de negócios e resistir a potenciais imitações ou quebras de patente. Por outro lado, as empresas podem patentear estrategicamente, o que significa que nem sempre a qualidade é o principal objetivo. Logo, organizações que buscam inovar devem ver as universidades como fontes estratégicas de conhecimento e tecnologia. Explorar parcerias acadêmicas oferece acesso a tecnologias pioneiras e fortalece a capacidade de desenvolvimento tecnológico das empresas, criando novas oportunidades para liderar em um mercado competitivo.

 

2. Impacto por setor: a magnitude dos spillovers gerados por patentes acadêmicas varia conforme o setor. Em indústrias como a farmacêutica, a diferença entre os spillovers gerados por universidades e empresas é menor. Já em indústrias como a de eletrônicos, essa diferença é maior. Em setores como o farmacêutico, onde o valor econômico de uma única patente é elevado, as empresas também focam mais na qualidade, o que reduz a diferença em relação às patentes acadêmicas. Por outro lado, em indústrias de tecnologia complexa (como eletrônicos), onde a propriedade intelectual é mais fragmentada, as empresas preferem construir portfólios amplos de patentes para aumentar o poder de barganha em negociações de cross-licensing e para proteção legal, resultando em patentes de menor valor individual. Gestores devem, portanto, avaliar a relevância relativa de patentes acadêmicas com base no setor de atuação para melhor direcionar suas estratégias de P&D.

 

3. Localização geográfica dos spillovers: patentes acadêmicas geram spillovers menos localizados geograficamente que as patentes corporativas, sugerindo que o conhecimento acadêmico tende a ser mais amplamente difundido. Para gestores, isso implica que parcerias com universidades, mesmo fora da localidade imediata, podem ser tão valiosas quanto colaborações locais. Empresas que buscam se beneficiar de conhecimento acadêmico devem estar abertas a estabelecer colaborações remotas ou inter-regionais com instituições de pesquisa.

 

Estratégias para gestores

 

Identificar oportunidades de parceria: empresas que buscam inovar devem monitorar patentes acadêmicas para identificar tendências emergentes e novas oportunidades tecnológicas. Em vez de tentar desenvolver tudo internamente, parcerias com universidades podem acelerar o acesso a novas tecnologias e reduzir o tempo de desenvolvimento de produtos.

 

Explorar Diferentes Tipos de Colaboração: além do licenciamento de patentes, buscar outras formas de colaboração, como pesquisa contratada, consultoria com professores, desenvolvimento de projetos específicos e criação de centros de pesquisa conjuntos.

 

Fomentar Interações Constantes: incentivar a proximidade entre pesquisadores de empresas e universidades por meio de programas de intercâmbio, estágios e projetos colaborativos. Essas iniciativas facilitam a troca de conhecimento e promovem um ambiente propício para a inovação conjunta.

 

Estabelecer Canais de Comunicação Eficientes: criar relações sólidas com instituições acadêmicas, participando de conferências, workshops e eventos científicos. Isso ajuda a empresa a estar por dentro de avanços recentes e a identificar rapidamente novas possibilidades de colaboração.

 

Formar equipes de monitoramento tecnológico: a criação de equipes dedicadas à vigilância tecnológica e ao mapeamento de patentes acadêmicas é uma maneira eficaz de antecipar tendências e identificar potenciais parceiros para projetos de P&D.

 

Expandir colaborações geográficas: patentes universitárias têm alcance geográfico mais amplo, o que significa que as empresas devem explorar colaborações inter-regionais e internacionais para maximizar o impacto da inovação. Buscar parcerias com universidades em diferentes localidades garante acesso a um leque mais diverso de conhecimentos e tecnologias.

 

Como Essa Pesquisa Pode Ajudar a Superar Desafios Organizacionais

 

1. Estímulo à inovação: ao acessar o conhecimento acadêmico, empresas podem complementar suas tecnologias internas e acelerar o desenvolvimento de novas soluções de forma mais eficiente e eficaz.

 

2. Aumento na capacidade de absorção: As empresas que investem em colaboração com universidades podem aumentar sua capacidade de absorver e aplicar conhecimentos científicos avançados, tornando-se mais preparadas para enfrentar desafios tecnológicos complexos.

 

3. Diversificação de fontes de inovação: a pesquisa sugere que gestores devem diversificar suas fontes de inovação, buscando tanto patentes corporativas quanto acadêmicas, para garantir um fluxo contínuo de novas ideias e tecnologias.

 

4. Redução de custos de P&D: a colaboração com universidades pode diminuir os custos de pesquisa e desenvolvimento, compartilhando recursos e infraestrutura.

 

5. Acesso a talentos: a proximidade com universidades facilita o acesso a talentos, recrutando estudantes e pesquisadores qualificados.

 

Em resumo, gestores que conseguem integrar o conhecimento acadêmico às suas operações têm uma vantagem competitiva. Ao adotar uma postura proativa e explorar patentes universitárias, é possível enriquecer o portfólio de inovação e evitar ser superado por concorrentes mais atentos. Em um ambiente competitivo, estar atento ao que acontece nas universidades e buscar formas de colaborar pode ser o diferencial que separa as empresas líderes das seguidoras.



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