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Os alunos que realizaram o trabalho sobre a TegraOs alunos que realizaram o trabalho sobre a incorporadora Tegra

 

Uma equipe de estudantes do Insper desenvolveu uma solução para um desafio comum no setor de incorporação imobiliária: os custos com processos trabalhistas oriundos de empresas terceirizadas. O projeto, realizado para uma empresa parceira, a Tegra Incorporadora, conquistou o primeiro lugar entre os trabalhos desenvolvidos na disciplina REP (Resolução Eficaz de Problemas) do segundo semestre de 2024, iniciativa liderada pelo Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha do Insper. Os autores do trabalho foram os alunos Guilherme Brandão Fiorentin, Guilherme de Miranda Scalzo, Henrique Eichenberger Brunoro e Murilo Wallach de Godoy Filizola.

 

O problema abordado pelos estudantes é uma questão estrutural do setor imobiliário brasileiro, onde incorporadoras como a Tegra, controlada pela Brookfield, precisam gerenciar os riscos jurídicos decorrentes da contratação de empreiteiras para execução de suas obras. Esse modelo de negócio, embora comum e necessário para a viabilização dos empreendimentos, frequentemente resulta em contingências trabalhistas.

 

“As incorporadoras contratam empreiteiras para realizar as obras. Muitas dessas empreiteiras são pequenas e, ao final dos empreendimentos, fecham as portas. Quando isso acontece, os funcionários terceirizados podem entrar com processos trabalhistas contra a empreiteira, mas, como ela não existe mais, a responsabilidade subsidiária acaba recaindo sobre a incorporadora”, explica Henrique Brunoro.

 

Após análise detalhada dos dados, os estudantes identificaram que um terço dos processos trabalhistas contra a Tegra eram resolvidos por meio de acordos. No entanto, o valor médio oferecido nesses acordos (R$ 5.380,60) representava apenas 36,89% do custo médio de uma condenação completa, que chegava a R$ 14.749,83 incluindo despesas jurídicas ao longo de aproximadamente 3,5 anos.

 

O maior desafio enfrentado pela equipe foi alinhar as expectativas das diferentes áreas da empresa. “Obter o alinhamento interno na Tegra foi o primeiro desafio, uma vez que diferentes áreas da empresa tinham expectativas distintas. Tivemos que conversar com várias pessoas para entender qual era o real problema”, conta Guilherme Scalzo. 

 

A solução proposta pelos alunos foi o desenvolvimento de uma calculadora que indica o valor ótimo individualizado para cada acordo, considerando sete atributos principais: tempo de casa do reclamante, valor do contrato, existência de trabalho insalubre, pagamento por tarefa, recorrência de processos, solvência do empreiteiro e categoria crítica de fornecimento.

 

“Criamos uma calculadora que, baseada nesses diversos atributos dos processos, determinava um valor ótimo para acordo. O objetivo era minimizar os custos e evitar provisionamentos exagerados ou insuficientes”, conta Guilherme.

 

Com base em análises estatísticas e consultas a especialistas, cada atributo recebeu um peso específico no cálculo. Com a calculadora desenvolvida, a equipe estimou que o valor ótimo para acordos seria de R$7.374,91 (ante os R$5.380,60 atuais). Apesar do aumento do valor do acordo em relação à média atual, haveria, no final, uma economia significativa — de 10% a 20% —, considerando o custo total de condenações.

 

“Apesar de estar pagando mais do que esse valor médio de acordo atual, no final isso pode acabar poupar dinheiro da empresa. A ideia é que ele economize recursos no futuro”, destaca Henrique.

 

A implementação da solução foi planejada em duas etapas: primeiro, uma fase de teste com 80 processos durante dois meses, sem interferir nas decisões jurídicas reais; depois, a incorporação gradual começando com 10% dos processos e aumentando para 35% em caso de sucesso. Segundo os estudantes, a Tegra já começou a utilizar a calculadora para otimizar seus processos. 

 

Para os integrantes do grupo, a experiência foi extremamente enriquecedora. “Aprendi muitas coisas, mas a principal foi a importância da comunicação. No meu estágio, percebo como ela é essencial em qualquer ambiente corporativo — e, na verdade, em qualquer interação humana. Saber se expressar da maneira certa, de forma clara, objetiva e no momento adequado, faz toda a diferença”, diz Henrique.

 

Já Guilherme ressalta: “O principal aprendizado que tirei desse projeto foi a importância de ter uma equipe em que se pode confiar. Percebi, na prática, a grande diferença entre trabalhar com um time engajado e alinhado e lidar com um grupo onde essa colaboração não acontece de forma eficiente. Durante o desenvolvimento do REP, também participei de outros trabalhos em grupo em diferentes disciplinas. Em alguns deles, me dediquei tanto quanto ao REP, mas o resultado final ficou muito aquém. A diferença estava justamente na sintonia e no comprometimento da equipe”.

 

O projeto demonstra como a análise de dados pode ser aplicada para otimizar processos jurídicos que tradicionalmente dependem mais de avaliações subjetivas. Os estudantes contaram com o apoio da consultora Fabiane Almeida, especialista em gestão da qualidade e produtividade que atua como mentora do REP desde 2019.

 

“Neste projeto com a Tegra, o maior desafio dos alunos foi trabalhar o banco de dados de uma área bem específica, a área jurídica. Eles tiveram que conhecer todo o processo jurídico e suas interfaces para conseguir extrair informações relevantes com análises estatísticas”, conta Fabiane. “A partir daí fizeram também uma pesquisa de parâmetros para a construção de uma solução, uma calculadora de valores para ações trabalhistas. Essa equipe foi além: conseguiram entregar a calculadora, que já fazia parte do plano de ação proposto, ou seja, entregaram mais que o P do PDCA, proposto pelo REP”, diz Fabiane, referindo-se a um dos métodos utilizados na resolução dos problemas, o Plan-Do-Check-Act.

 

Fabiane considera “muito gratificante” atuar como mentora do REP, por possibilitar uma rica troca de experiências entre empresa, alunos e mentor. “Minha função como mentora foi instigar os alunos com perguntas para fazê-los compreender bem o problema, dar dicas sobre análises e de como expor melhor as conclusões do grupo, sempre seguindo a metodologia solicitada pelo projeto REP”, afirma.

 

 

O que é o REP

 

A disciplina REP (Resolução Eficaz de Problemas) é uma iniciativa pioneira do Insper, liderada pelo Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha, que visa desenvolver nos alunos da graduação competências fundamentais para o mercado de trabalho: resolução de problemas, trabalho em equipe, comunicação, pensamento crítico e orientação para resultado. Implementado desde 2011, o programa atende aproximadamente 150 alunos distribuídos em 30 times por semestre, todos cursando o 6º semestre de Administração. Durante 12 a 14 semanas, os estudantes têm um dia da semana livre de aulas para imersão completa nas empresas parceiras, onde aplicam ferramentas estatísticas e métodos estruturados para solucionar problemas reais do ambiente corporativo.

 

A metodologia do REP segue o conceito de PBL (Problem Based Learning), combinando teoria e prática. Cada grupo de alunos é acompanhado por um mentor — geralmente um executivo experiente ou sócio de grandes consultorias — que orienta o trabalho e apoia o desenvolvimento profissional dos estudantes. Ao final do programa, os alunos que se destacam recebem a certificação “Green Belt Insper” ou “Yellow Belt Insper”, validando sua capacidade de solucionar questões complexas. O projeto conta com a contribuição do professor Vicente Falconi, precursor do método gerencial e fundador do Instituto de Desenvolvimento Gerencial, e culmina em um encontro de encerramento que reúne parceiros corporativos, alunos, mentores e familiares para apresentação dos melhores trabalhos.

 

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Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha do Insper busca estreitar os vínculos entre organizações, alunos e docentes por meio da execução de projetos multidisciplinares. Oferece oportunidades para resolução de problemas complexos com pesquisas em tecnologias disruptivas, projetos de transformação digital e laboratórios de inovação. O objetivo é permitir que instituições públicas e privadas aperfeiçoem seus negócios a partir da inovação em parceria e em um processo altamente customizável.

 



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