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Na passagem dos 10 anos dos cursos de Engenharia do Insper, um aluno da turma inaugural tem muitas histórias a celebrar. Matheus Marotzke presume que foi o acaso que colocou o Insper em seu caminho. Tudo leva ao vestibular de 2014, terminado o ensino médio. Marotzke pensava em estudar Arquitetura, mas tentou uma vaga em Engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. “Eu não passei na Poli e fiquei o resto do ano fazendo cursinho, focado no próximo vestibular”, lembra. Perto do fim do ano, porém, se deu o que o ex-aluno chama de “serendipidade”, o tal dom de fazer descobertas agradáveis por casualidade.

 

Aos 29 anos, Marotzke narra certa tarde de calor em dezembro: “Meu pai é diabético, não tomava sorvete, mas me convidou para ir à sorveteria. Ele disse que eu precisava de um momento para arejar a cabeça. Quando estávamos virando à direita do portão da nossa casa, na Avenida Paulista, encontramos um primo do meu pai, um físico com doutorado em Estatística pela Poli e um cara completamente fora de série, muito inteligente. O meu pai sempre teve uma grande admiração por ele. A conversa chegou, enfim, ao tema do vestibular, e falei que estava estudando para a Poli. Esse primo perguntou se eu já conhecia o Insper”.

 

O interlocutor era o professor Paulo Marques, da graduação em Administração e do Mestrado Profissional em Economia do Insper. Marques exaltou o projeto que estava sendo implantado para os cursos de Engenharia de ComputaçãoMecânica e Mecatrônica, que se iniciariam em 2015. O adolescente indeciso tinha que considerar a proposta do curso, na opinião de Marques. “Foi a primeira vez que ouvi falar no Insper”, diz Marotzke. “Meio que esqueci o assunto depois, mas meu pai insistiu que eu deveria visitar a escola. Na semana seguinte, lá estava eu no tour pelo Insper, recebido pelo professor Vinicius Licks, coordenador do curso de Engenharia Mecatrônica.”

 

Marotzke compreendeu, na ocasião, por que seria legal fazer Engenharia. Entre princípios de design e produto, Licks explicou como a Engenharia do Insper seria diferente de todas as outras graduações do país. “Naquele momento, ouvindo e questionando o Licks, eu decidi que queria estudar ali”, recorda Marotzke. “Fiquei maravilhado pelo campus, visitei o FabLab, conheci alguns monitores que se tornaram grandes mentores ao longo do curso. Fiz a prova da Poli, porque me preparara um ano para o vestibular. Mas o lugar, eu já sabia, era o Insper.”

 

Aquela sucessão de eventos foi um tanto profética, acredita Marotzke, porque um ano antes ele poderia ter ingressado em outra universidade e não teria cruzado com o Insper. E a jornada de empreendedor que esse paulistano seguiu desde então está vinculada à formação que teve na Engenharia de Computação. Em meio às dúvidas normais da época, o começo foi na Mecânica, diante da sugestão da mãe e do pai — aliás, como se percebe na entrevista, os conselhos familiares ajudaram a fundamentar as decisões do jovem vestibulando. Marotzke se apaixonou por programação e computação no primeiro ano de Engenharia e rapidamente se conectou aos professores da área. A troca de curso, portanto, foi natural.

 

Trinta minutos de conversa ficaram ajustados para a profusão de memórias da experiência universitária. Marotzke ressalta o jeito de ensinar da escola e a atenção e a didática dos professores como determinantes para vencer a complexidade dos conteúdos de engenharia. Como aluno da turma pioneira, alimenta a sensação de cocriador do curso, porque tudo era novidade para professores e estudantes. Mobilizou colegas e, em equipe, ganhou competições nacionais e mundiais de inovação. Também participou da fundação de entidades relacionadas à Engenharia. Por fim, foi monitor de disciplinas e visitou a Olin College of Engineering, nos Estados Unidos, uma das instituições parceiras e inspiradoras do Insper.

 

Engajamento é a palavra que define aqueles tempos até a formatura, em 2019. “Os pilares do Insper se tornaram culturais para mim e se enraizaram nos princípios pelos quais eu lidero equipes hoje”, diz o agora sócio da Boldr, uma empresa de sistemas de gestão energética residencial com sede na Inglaterra. Há dois anos, ele conheceu os fundadores do negócio e se juntou como diretor de tecnologia (CTO). Em apenas seis meses, foi distinguido como cofundador. Um roteiro similar ao percorrido na Klubi, na qual começou como funcionário, ascendeu a CTO, sócio e cofundador e saiu quatro anos depois.

 

“No começo da faculdade, a gente não falava que era empreendedor, mas meus amigos diziam que eu era maker, o cara que construía”, afirma. “Converti em negócio todos os projetos que construí no Insper e que me deram alguma liberdade de escolha do escopo. Se era um sistema de software, transformava esse sistema num aplicativo que tinha demanda, usuário, uma dor. Como estudante, treinei as ferramentas de empreendedorismo até que chegar perto de estar pronto para empreender.”

 

A faculdade abriu uma rede de contatos que aproximaram o aluno do mercado de trabalho. Voltando do intercâmbio na Universidade Columbia, nos Estados Unidos, ele foi convidado para a derradeira competição de inovação. A equipe venceu com um álbum de figurinhas em realidade aumentada. O diretor de inovação da Faber-Castell quis saber o que eles fariam do projeto. Marotzke blefou: seguiria adiante com a sua consultoria de inovação, que nem existia. Fato é que a ousadia tornou-se a startup Melon Innovation, montada com o colega Felipe Buniac.

 

Ainda nos corredores do Insper, Marotzke conheceu Paulo Veras, um dos fundadores do aplicativo de transporte 99, o primeiro unicórnio brasileiro, denominação das startups que superam 1 bilhão de dólares em valor de mercado sem ações na bolsa. Depois de uma conversa na qual avaliou o potencial de Marotzke, Veras fez a ponte com Eduardo Rocha, ex-presidente da Rodobens que estava estruturando a fintech Klubi. Os fundadores da 99 foram investidores anjo da startup de consórcios.

 

Na Boldr, Marotzke tem a oportunidade de trabalhar mais com hardware do que com operação e vendas. É uma reaproximação com a engenharia. “Entendi que a parte do negócio que agrego mais, individualmente, é a concepção e a construção do produto”, diz.

 

O negócio está crescendo, tem dinheiro no caixa e garante estabilidade financeira, mas não impede Marotzke de pensar o futuro: “Tenho planos ambiciosos de montar uma empresa na qual vou assumir a liderança do negócio inteiro, não só da área de tecnologia, e revolucionar alguma área relevante. Tenho planos de casar e ter filhos aos 30 e poucos anos. E quero muito lecionar algum dia. Esse é um sonho no longo prazo, porque seria importante fazer um mestrado antes. Um dia vou bater à porta do Insper”. O caminho, desta vez não por acaso, ele domina como ninguém.



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