Realizar busca

O mercado brasileiro de search funds alcançou um marco histórico em 2024, conforme evidenciado durante a 1ª Conferência Latino-Americana de Search Funds, realizada no Insper nos dias 22 e 23 de janeiro. O evento, organizado em parceria com a gestora Spectra Investments, reuniu investidores, CEOs e empreendedores para discutir a evolução desse modelo de investimento, que registrou números recordes de captação no último ano.

 

De acordo com dados da Spectra, 29 novos fundos iniciaram a captação de recursos em 2024, igualando o total dos três anos anteriores combinados. Atualmente, existem 45 search funds na América Latina em busca de empresas para adquirir, dos quais 27 estão no Brasil, e 26 em fase de levantar novos recursos, sendo 16 no país.

 

 

Uma alternativa de investimento 

 

O modelo de search fund — literalmente, um “fundo de busca” — permite que um gestor capte recursos para adquirir e gerir uma empresa estabelecida, implementando melhorias operacionais para maximizar seu valor. “Esse formato, originado nos Estados Unidos em instituições como Harvard e Stanford, atende empreendedores que preferem liderar negócios já consolidados em vez de partir do zero”, explica Andrea Minardi, professora senior research fellow do Insper.

 

O processo se desenvolve em duas fases distintas. Na primeira, o gestor (searcher) levanta capital para financiar a busca por uma empresa-alvo, processo que pode se estender por até 24 meses. Durante esse período, realiza pesquisas de mercado, analisa potenciais negócios e conduz due diligence para validar a viabilidade da aquisição. Na segunda fase, após identificar uma oportunidade adequada, o searcher apresenta a proposta aos investidores iniciais, que têm a opção de participar da aquisição contribuindo com novos aportes, além de muitas vezes auxiliar na atração de novos investidores.  Concluída a transação, o searcher assume a posição de CEO, conduzindo a expansão do negócio com apoio ativo do conselho de administração, que tem como membros alguns dos investidores.

 

Os search funds representam uma alternativa atraente para investidores interessados em empresas de menor porte, frequentemente desconsideradas pelo private equity tradicional. Para os empreendedores, o modelo oferece um caminho para liderar um negócio estabelecido, minimizando riscos típicos do empreendedorismo convencional. “Diferentemente de uma startup, que precisa validar seu modelo de negócio desde o início, os search funds trabalham com empresas que já possuem base de clientes, receitas e processos estruturados, reduzindo incertezas e aumentando as chances de sucesso”, destaca Minardi.

 

Na América Latina, observa-se uma diversificação crescente no perfil dos searchers. “Inicialmente, o modelo era dominado por estudantes de MBA, que construíam suas redes de investidores no ambiente universitário. No Brasil, entretanto, notamos um aumento de searchers com experiência executiva prévia, o que pode contribuir significativamente para a gestão das empresas adquiridas”, observa Minardi.

 

 

O cenário brasileiro 

 

O Brasil consolida-se como um dos principais mercados para search funds na América Latina, junto com o México. A retração dos fundos de private equity focados em pequenas e médias empresas, combinada com o envelhecimento populacional e a necessidade de sucessão empresarial, tem impulsionado o crescimento do modelo. O levantamento da Spectra indica que o valor médio das empresas-alvo no Brasil é de R$ 82 milhões, com 59% do capital provindo de investidores e o restante via dívida ou pagamentos escalonados.

 

“O potencial brasileiro é excepcional, considerando o expressivo número de empresas familiares que necessitam de sucessão e modernização gerencial”, ressalta Minardi. Com a crescente profissionalização dos searchers, espera-se uma expansão ainda maior do modelo, que tem se mostrado uma solução eficaz para questões sucessórias em diversos países.

 

 

O papel do Insper 

 

O Insper tem contribuído com a [AM1] disseminação do conceito de search funds no Brasil, integrando o tema em disciplinas de Private Equity e Venture Capital e promovendo eventos especializados. “Desde 2015, alternamos eventos entre o Insper e a FGV para atrair empreendedores e investidores interessados no modelo, e o interesse tem crescido constantemente”, afirma Minardi.

 

O Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha tem também um papel importante para fortalecer esse ecossistema. “Ex-alunos já utilizaram a  infraestrutura do Insper para a fase de busca.. O Hub pode facilitar a aproximação entre searchers, empresas alvo e investidores”, explica Minardi.

 

A 1ª Conferência Latino-Americana de Search Funds evidenciou como os search funds podem complementar o ecossistema de venture capital e private equity, apresentando-se como uma via promissora para empreendedores interessados em liderar empresas estabelecidas. Com painéis sobre a evolução do modelo na América Latina, casos práticos e debates sobre perspectivas futuras, o evento contribuiu para consolidar o search fund como estratégia relevante no panorama brasileiro de investimentos e empreendedorismo.

 

 



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