Os países nórdicos são reconhecidamente líderes mundiais em igualdade de gênero. Isso acontece porque a região prioriza o tema em suas políticas públicas. As mulheres contam com o apoio de serviços públicos de qualidade de cuidados a crianças e idosos, atividades que acabam afastando-as dos empregos formais, e o resultado é que 74% delas estão inseridas no mercado de trabalho. Base para a construção de uma sociedade livre de preconceitos e discriminações, a igualdade de gênero busca que homens e mulheres tenham os mesmos direitos e deveres dentro de uma sociedade. Na prática, contribui para o avanço social, com o crescimento das empresas e o fortalecimento econômico dos países.
O tema foi debatido no evento Diálogos sobre o Impacto da Igualdade de Gênero nos Países Nórdicos e no Brasil, realizado no Insper, com a participação de Nicolai Prytz, embaixador da Dinamarca no Brasil, Adriana Carvalho, gerente de WEP (Empoderamento das Mulheres) da ONU Mulheres, Juliana Ramalho, coordenadora do Grupo Temático de Direitos Humanos do Pacto Global, Juliana Meier, da Câmara de Comércio Brasil-Noruega, e os líderes da Schneider Electric Miquel Serra Alquesar, de RH, e Magda Beffa, de Diversidade.
“Igualdade significa que temos que apoiar e proteger o direito do indivíduo de se expressar e desenvolver todo o seu potencial. Todos devem ser livres para serem quem são”, afirma Prytz. Para que isso seja viável, são importantes políticas públicas que promovam essa nova cultura. Nos países nórdicos, pais e mães têm direito a 345 dias de licença parental por criança. O período pode ser dividido entre os cuidadores da forma mais conveniente para o casal, buscando uma criação igualitária dos filhos.
Embora os resultados alcançados sejam positivos, o embaixador acredita que ainda há muito a avançar. “Atualmente, as mulheres representam 61% dos profissionais com qualificação e ensino superior na região nórdica, mas apenas 36% dos cargos de gerentes e gestores estão nas mãos delas”, exemplifica Prytz. Estes dados estão dentro da média europeia e um pouco acima do Brasil, que possui 31% dos cargos de liderança preenchidos por mulheres, segundo o Instituto Ethos.
Diversidade como ferramenta econômica
Carvalho acredita que empresas que possuem mais diversidade de gênero no seu Conselho de Administração e em cargos gerenciais tendem a apresentar maior lucro. “Se as mulheres são as que mais estudam em 97 países ao redor do mundo, se são elas que têm o poder de decisão de compra em mais de 60% das vezes ou grande influência na decisão final, então ao trabalhar com uma equipe com diversidade, você pensa em detalhes que impactam outras partes importantes da sociedade”, destaca.
A gerente também apresentou o Wep Gender Gap Analysis Tool, desenvolvido pelo Pacto Global da ONU em colaboração com a ONU Mulheres. A ferramenta foi desenvolvida para que as empresas possam identificar lacunas e oportunidades de melhorias em políticas internas de igualdade de gênero, com o objetivo de estimular e contribuir com a diversidade nos ambientes corporativos.
No Brasil
Para exemplificar como as empresas estão implantando políticas de diversidade no país, os executivos da Schneider Electric apresentaram como o tema é trabalhado na companhia. “Criamos um Comitê de Diversidade Geral. Identificamos que, além das ações, a política inclusiva deve ser na comunicação. Não é somente gestor, diretor. É gestor e gestora, diretor e diretora”, exemplifica Alquesar.
A companhia desenvolveu um plano para que todos os colaboradores tenham oportunidades iguais, sintam-se valorizados e seguros independentemente das suas diferenças, com iniciativas que partem do processo de seleção. A expectativa da empresa é que, até 2020, 40% dos cargos de liderança sejam ocupados por mulheres, ante os 25% atuais.