Alunos brasileiros e franceses discutiram ligações da história das teorias econômicas com problemas contemporâneos
Michele Loureiro
Conectar os conhecimentos para aprofundar o pensamento crítico sobre as possíveis ligações entre a situação econômica atual e as teorias econômicas do passado foi o objetivo de mais uma ação de internacionalização realizada pelo Insper em parceria com a Université Paris 1: Panthéon-Sorbonne, da França.
Pela segunda vez, uma disciplina da grade obrigatória de graduação participou de uma atividade de internacionalização COIL (Collaborative Online International Learning) na instituição. A turma de História do Pensamento Econômico, do curso de Economia, interagiu com colegas franceses sob o comando dos professores Pedro Garcia Duarte, do Insper, e Matthieu Renault, da Université Paris 1: Panthéon-Sorbonne, que escolheram o tema “Os usos de ideias do passado em problemas econômicos contemporâneos”.
“A ideia central foi aprofundar e entender a evolução da ciência econômica ao longo dos séculos, colocando as ideias e os economistas em seus contextos históricos. Na atividade COIL, formando grupos de seis alunos (três do Insper e três da Université Paris 1: Panthéon-Sorbonne), os alunos tiveram que se lançar a um desafio complementar de aprofundar seu pensamento crítico ao analisar as possíveis relações entre situações econômicas de nossos dias com ideias e autores do passado”, diz o professor Duarte.
Para realizar a atividade de internacionalização pela segunda vez, o docente procurou um colega no exterior que estivesse ministrando uma disciplina de graduação parecida com a realizada no Insper, para que os alunos tivessem uma bagagem semelhante e estivessem em um mesmo momento da formação deles. “Por proximidade com meu colega francês e colaborações de pesquisa anteriores, o procurei com a ideia e ele imediatamente topou e se entusiasmou com o projeto”, afirma.
Segundo Duarte, seja no mundo acadêmico, seja no ambiente de trabalho, a interação com parceiros internacionais está se tornando uma norma imposta pela globalização. “É de extrema importância que nossos alunos se conscientizem ao estarem diretamente expostos a isso. A internacionalização propiciada por iniciativas COIL é muito útil e importante porque ela é feita num ambiente acadêmico e em torno de um projeto muito bem definido, com tarefas claras a serem cumpridas em cronograma estipulado, e um produto final a ser entregue”, avalia o docente. Na iniciativa deste semestre, o produto final era um vídeo curto (de até 6 minutos), no qual cada grupo expôs os resultados de suas pesquisas.
Para o professor Renault, há uma evolução do ensino que visa às necessidades concretas dos alunos. “Por isso, buscamos formas alternativas de ensino que sejam mais atrativas para os alunos, para que eles se sintam mais comprometidos. A colaboração com uma faculdade de outro país é fundamental, pois uma das vantagens básicas dessas atividades virtuais é permitir que os alunos interajam em um idioma comum — o inglês, na maioria das vezes. Interagir, trabalhar em conjunto e, eventualmente, apresentar algumas coisas em inglês é uma oportunidade maravilhosa para os alunos. Afinal, só aprendemos e manejamos uma língua estrangeira praticando-a”, afirma.
Entre as vantagens dos projetos de intercâmbio virtual, o professor francês destacou que os trabalhos em grupo ajudam a incentivar a atuação de forma autônoma, o que colabora para desenvolver a habilidade de protagonismo. “Além disso, os alunos aprendem a criar um vídeo e a publicá-lo nas redes sociais (YouTube, Facebook), se assim o desejarem, como produto próprio. Isso é infinitamente mais atraente para os estudantes do que produzir uma dissertação de bacharelado de 50 páginas que acabará em alguma biblioteca acadêmica e poderá será ignorada posteriormente”, diz Renault.
Na avaliação do docente francês, o projeto também é inovador por propor uma atividade original envolvendo a história da economia. “Pedimos aos alunos que peguem uma ideia teórica passada, negligenciada ou ausente na economia de hoje, e discutam a sua relevância para o estudo de uma classe de fenômenos econômicos modernos, por exemplo, estagnação secular, diminuição das taxas de fertilidade, transição ecológica etc. Nunca soube de uma atividade tão original para estudantes de graduação em Economia em outros locais acadêmicos.”
A interação virtual entre alunos brasileiros e franceses, apesar das diferenças de fuso horário e de calendário escolar, foi bem-sucedida. “Ficamos satisfeitos com o COIL e pretendemos fazer alguns pequenos aprimoramentos com base nesta experiência para realizarmos uma segunda edição da iniciativa no primeiro semestre de 2025”, finaliza Duarte.