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Como a felicidade pode contribuir na saúde e na economia do Brasil

Ex-bolsista do Insper, Patrícia Marinho vai apresentar, em congresso de psicologia, o resultado do seu trabalho no PAGP

Patrícia Marinho

Ex-bolsista do Insper, Patrícia Marinho vai apresentar, em congresso de psicologia, o resultado do seu trabalho no PAGP

 

Leandro Steiw

 

Em seu Trabalho de Conclusão de Curso no Programa Avançado em Gestão Pública (PAGP) do Insper, a administradora Patrícia Marinho propôs a implementação de um núcleo de estudos sobre a felicidade como política pública, amparada no impacto positivo que a pauta poderia ter nas áreas de saúde e economia. Agora, essa ideia será compartilhada no 4º Congresso Brasileiro de Psicologia Positiva, no dia 16 de setembro, na PUCRS, em Porto Alegre.

No TCC, Patrícia reúne argumentos baseados em documentos e referências bibliográficas que defendem a possibilidade de medir a felicidade por meio de critérios objetivos. “Recordo uma matéria da Organização Mundial de Saúde que alertava que a depressão seria a maior causa de afastamento do trabalho”, diz Patrícia. “Era uma perspectiva para 2020, quando ninguém imaginava a pandemia da covid-19. E o Brasil seria um dos mais afetados, atrás apenas da China e da Índia, os países mais populosos do mundo. Isso me assustou.”

Ela partiu das teorias do sociólogo Sergio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, sobre a influência do patriarcado no desenvolvimento do país, e dos psicólogos americanos Martin Seligman e Ed Diener, sobre o bem-estar como política pública. “As políticas construídas para o Brasil são de uma gestão, não são políticas perenes”, diz a autora, que foi bolsista do Insper e da Fundação Brava. Além disso, escreveu no estudo acadêmico, não são voltadas diretamente para o bem-estar, mas para a acumulação, jogando a favor do aumento da desigualdade social.

Patrícia explica: “A teoria de Seligman apresenta o bem-estar subjetivo, que são os afetos humanos, e o psicológico, que são as forças e as virtudes humanas. Ele é conhecido como pai da psicologia positiva, ciência que se debruçava sobre o assunto felicidade, com um ponto de vista das questões positivas da humanidade. Até então, a abordagem fora voltada para os adoecimentos humanos”.

Para Patrícia, falta ao Brasil trilhar o ciclo da política pública. “Identificar os problemas e as perspectivas desses caminhos, estabelecer formas de incluir no orçamento público, traçar implementações e avaliar se essa política resolveu ou não o problema”, afirma. “Mas esse ciclo não ocorre, porque aqui se faz uma política de gestão, e não de Estado. Enquanto isso, as pessoas continuam adoecidas, com vergonha de falar sobre depressão. Não existe uma agenda na qual se estimulem essas políticas e se meça o impacto delas na saúde e na economia.”

 

Confiança perene

O Relatório Mundial da Felicidade, editado pela Organização das Nações Unidas em 2012, defende o desenvolvimento holístico das nações, conforme Patrícia. “O Produto Interno Bruto passa a ser um complemento do desenvolvimento das nações”, diz. “Os cinco primeiros países no ranking da felicidade têm políticas públicas sustentáveis, perenes, que atendem os cidadãos. Saúde, educação, transporte… é o que precisamos fazer enquanto serviço público e não estamos fazendo.”

A consequência da infelicidade recai nas organizações, em forma de afastamento do trabalho e em sobrecarga no Sistema Único de Saúde, entre outros danos sociais. “Nos países listados na ponta do relatório, as pessoas têm confiança nos partidos políticos, nas instituições públicas”, diz. “E, no nosso país, não existe mais confiança. Há um relatório recente da consultoria Edelman que nos classifica como um país corrupto. É muito vergonhoso o que tem acontecido, então falta uma agenda para o Brasil.”

Atualmente, Patrícia é subchefe de gabinete da prefeita do município do Ipojuca, em Pernambuco. Em 2019, a seleção para a bolsa de estudos no Insper permitiu a ela retomar os estudos depois de um período turbulento na vida pessoal. “Em condições normais, para uma nordestina, pernambucana e mulher que estava retomando a vida, estava realmente realizando um sonho”, diz. “No PAGP, eu poderia contribuir com alguma perspectiva para o nosso país. Somos muito talentosos, temos uma capacidade empreendedora sensacional e sabemos nos reinventar. Falta transformar esse ciclo vicioso num ciclo virtuoso.”

 

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