“O Insper foi fundamental na minha formação e no desenvolvimento do instrumental que uso na empresa”, afirma Eduardo del Giglio, CEO da Caju
Tiago Cordeiro
Entre os primeiros clientes da startup Caju estavam alunos do Insper. Na lista de líderes da empresa, também há vários ex-alunos da instituição. O CEO, Eduardo del Giglio, cursou Economia na faculdade, entre 2009 e 2013. Essas conexões não são aleatórias: segundo Del Giglio, o Insper foi decisivo em sua formação e na criação do networking que, em 2019, desembocaria na fundação da Caju, que tem uma plataforma para gerenciar os benefícios oferecidos a funcionários.
“O Insper era — e ainda é — a melhor opção de curso de Economia, em minha opinião. O corpo docente, a grade curricular, as oportunidades extracurriculares e a infraestrutura foram características que na época mais me chamaram atenção”, afirma Del Giglio, que nasceu em Houston, no Texas, mas vive na capital paulista desde os 2 anos de idade.
Nascido há 31 anos, o CEO lembra: “O Insper foi fundamental na minha formação e desenvolvimento do instrumental que uso na empresa. Durante o curso, fui exposto a diversas oportunidades que me colocaram aqui hoje — aprendi sobre venture capital e tecnologia nas inúmeras palestras e feiras de que participei, por exemplo. Além disso, também foram essenciais os relacionamentos pessoais que desenvolvi no Insper”.
Ao terminar a graduação, ele se tornou CEO da Blumpa Tecnologia, uma plataforma que conecta clientes em busca de um serviço de limpeza. Depois de três anos e quatro meses no posto, migrou em 2017 para atuar na consultoria McKinsey. A Caju surgiria em 2019.
O nome da startup vem da própria fruta. Segundo a empresa, o caju pode ser consumido por inteiro: fruto (castanha), pseudofruto, casca e até a madeira da árvore, e de diversas formas (ao natural, em sucos, doces, sorvetes etc.). É dessa forma que a startup enxerga os benefícios que as empresas podem oferecer a seus funcionários: para ser consumidos do jeito que cada um quiser.
Na prática, isso significa o seguinte: o cliente da Caju pode oferecer até sete categorias de benefícios aos funcionários (refeição, alimentação, mobilidade, cultura, educação, saúde e despesas com home office) em um único cartão e pode permitir que cada colaborador migre os saldos entre as categorias, de forma flexível, conforme a preferência individual.
“Começamos a Caju depois que conheci o mercado de benefícios trabalhando na consultoria”, ele relembra. “Me chamou a atenção a discrepância entre a experiência que você tem na vida pessoal, com produtos como o Nubank, por exemplo, e as soluções que você é obrigado a usar por causa do trabalho, já que a empresa decide e prioriza as soluções pensando naquelas que atendam às suas necessidades, e não às dos colaboradores.”
A startup de Eduardo del Giglio disponibiliza às empresas cartões de crédito, associados a uma plataforma virtual de gestão, de forma a transformar a maneira como os departamentos de Recursos Humanos concedem e gerenciam benefícios. Basta cadastrar a organização e os colaboradores e definir as categorias disponíveis e o valor do benefício.
Ganham os colaboradores, que passam a ter autonomia para utilizar os valores da forma como preferirem, de acordo com o momento da vida, entre diferentes categorias, que incluem refeição, alimentação, mobilidade, home office, cultura, educação e saúde. Ganha também a empresa, que melhora o ambiente organizacional e reduz o tempo aplicado a burocracias, como a checagem de relatórios de despesas de profissionais que atuam fora do escritório, além de reduzir, com o monitoramento transparente, riscos trabalhistas, fiscais e previdenciários.
“Acreditamos que podíamos construir uma solução que não trouxesse trade-offs”, diz o empreendedor, lembrando que a plataforma é aberta para uma série de novas possibilidades. “Começamos em vouchers, mas há diversas oportunidades, já que essa discrepância ainda é a realidade na maior parte das soluções disponíveis no mundo corporativo. Por exemplo, previdência corporativa versus aplicativos de investimento.”
O benefício para o ambiente de trabalho é um dos mais duradores, afirma Del Giglio. “Os colaboradores tendem a dar o seu melhor a empresas que ofereçam um bom ambiente de trabalho, colegas incríveis, segurança e que despertem o orgulho de fazer parte”, afirma. “Por isso, os mesmos esforços que as empresas colocam em seus processos comerciais, de marketing e atendimento ao cliente deverão ser observados em processos internos na atração de talentos, aquisição, integração, retenção, desenvolvimento e todo o ciclo de vida do colaborador.”
A proposta da startup vem atraindo o interesse de investidores. Em agosto de 2020, captou 13 milhões de reais em um aporte liderado pelos fundos de investimento Valor Capital Group e Canary. Um ano depois, recebeu um aporte de 45 milhões de reais, em sua rodada de investimentos série A, liderada por Valor Capital Group, Caravela Capital e Volpe Capital e que contou também com a participação de outros fundos, como Picus Capital, FJ Labs e Clocktower Technology.
“A Caju nasceu com um sonho gigante: queremos transformar o trabalho”, sintetiza o CEO. “Quem atua em tecnologia provavelmente está familiarizado com o desafio de atrair e reter talentos. Para uma grande parte dos profissionais, empresas são como serviços públicos — sem graça e sem muitas opções, sendo apenas um trabalho. Temos uma visão radicalmente diferente de como isso deve ser. Queremos ser a empresa referência quando o assunto é benefício para o colaborador”, afirma.
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