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Histórias de pessoas que não ficaram só reclamando e foram à luta

A jornalista e escritora Cláudia de Castro Lima fala sobre o livro “Os Incomodados que Mudem o Mundo 2”, que vai ser lançado no dia 23 de novembro em evento no Insper

Cláudia de Castro Lima, jornalista e escritora

A jornalista e escritora Cláudia de Castro Lima fala sobre o livro “Os Incomodados que Mudem o Mundo 2”, que vai ser lançado no dia 23 de novembro em evento no Insper

 

No dia 23 de novembro, a Fundação Educar — organização sem fins lucrativos mantida pela Companhia DPaschoal — e o Insper promovem o lançamento do livro Os Incomodados que Mudem o Mundo 2, da jornalista e escritora Cláudia de Castro Lima. É o quarto livro publicado pela autora, uma contadora de boas histórias que trabalhou por mais de 20 anos em redações de alguns dos principais veículos do país, como Grupo Folha, Editora Abril, UOL e Projeto Draft.

O evento de lançamento faz parte da Semana Transforme, que acontece de 21 a 29 de novembro e marca o encerramento da Campanha Transforme, cujo objetivo é arrecadar recursos para o Programa de Bolsas do Insper, que já beneficiou mais de 700 alunos com algum tipo de auxílio. Para marcar o lançamento, haverá uma roda de conversa com convidados especiais. Além de Cláudia de Castro Lima e do empresário Luis Norberto Pascoal, diretor da Fundação Educar e membro do conselho do Insper, participarão do bate-papo Maria Lucia Meirelles Reis, presidente da Associação Barão de Souza Queiroz – Instituto Ana Rosa, Rodrigo Hübner Mendes, fundador e superintendente do Instituto Rodrigo Mendes, e Rogério Monaco, relações institucionais da organização Todos Pela Educação.

O primeiro volume de Os Incomodados que Mudem o Mundo, publicado em 2019, contou a história da Fundação Educar, uma pioneira no terceiro setor, para comemorar seus então 30 anos. O resultado agradou tanto que deu origem a este segundo volume, com sete histórias de projetos emblemáticos de atuação do terceiro setor no Brasil. São organizações como Todos Pela Educação, Instituto Ana Rosa, Fundação Gol de Letra e Gerando Falcões.

A ideia do segundo volume é basicamente a mesma do primeiro: “Contar como essas organizações surgiram, por que surgiram, em que contexto, que problemas se propõem resolver”, diz Cláudia. “Desta feita, no entanto, colocamos muita ênfase nos gatilhos que levaram as pessoas a investir seu tempo e sua energia na criação dessas organizações do terceiro setor. Porque todo mundo se incomoda com alguma injustiça. Mas o que fez essas pessoas de fato fazerem algo, e não ficarem só reclamando?”

A autora dá mais detalhes na entrevista a seguir:

 

Como surgiu a ideia de escrever este livro?

Para responder, preciso contar a história do primeiro Os Incomodados que Mudem o Mundo, lançado no fim de 2019. Este primeiro livro foi solicitado pela Fundação Educar DPaschoal, uma pioneira no terceiro setor, como forma de comemorar seus então 30 anos. A ideia era contar a história da fundação em um paralelo com o desenvolvimento do terceiro setor no país e com o papel de empreendedor social do fundador da Educar, Luis Norberto Pascoal — a quem eu chamo carinhosamente de “Forrest Gump do terceiro setor”, porque ele esteve envolvido na ideação, na gênese e mesmo na criação de uma série de organizações, fundações e institutos durante estes últimos 33 anos. Uma curiosidade: o livro era uma surpresa para ele. Sem saber de nada, Luis me deu entrevistas pensando que era para uma matéria. Enfim, o livro agradou muito e, no começo deste ano, o próprio Luis me pediu para fazer o volume 2, contando a história de outras organizações. Desta feita, no entanto, colocamos muita ênfase nos gatilhos que levaram as pessoas a investir seu tempo e sua energia na criação dessas organizações do terceiro setor. Porque todo mundo se incomoda com alguma injustiça. Mas o que fez essas pessoas de fato fazerem algo, e não ficarem só reclamando? É isso que investigo neste volume 2.

 

O que o livro tem em comum com o anterior? É a mesma ideia, com histórias diferentes?

É basicamente a mesma ideia: contar como essas organizações surgiram, por que surgiram, em que contexto, que problemas se propõem a resolver. No primeiro livro, no entanto, usei Luis Norberto Pascoal como o fio condutor. Era ele e sua participação na criação daquelas organizações que ligavam uma história à outra. Os capítulos se desenvolviam com a causa e o contexto do surgimento da organização, como aquela história tinha começado e como os empreendedores sociais pensaram em mudar o mundo. Neste volume 2 a lógica foi um pouco diferente: eu explico qual foi o gatilho, a gota d’água que fez o empreendedor tirar uma ideia do papel e fazer ela ganhar o mundo, e também como era aquela ONG no momento em que foi criada e como é hoje. Por isso, há algumas organizações que aparecem em ambos os livros, como a Todos pela Educação e o Instituto Rodrigo Mendes. As demais, no entanto, são outras.

 

Entre a publicação de um livro e outro houve a pandemia da covid-19. De alguma forma a crise sanitária influenciou a escrita do segundo livro?

Sim, um bocado. No primeiro livro, eu pude visitar as pessoas, o que faz muita diferença para mim. Ao vivo, no mesmo ambiente, a gente consegue recolher outras informações que não apenas o que a pessoa nos falou. Pude descrever ambientes, entender o local que as pessoas me recebiam (a maior parte delas me recebeu em sua própria casa), capturar gestos, olhares. Assim, por exemplo, eu vi na parede do apartamento de Rodrigo Mendes várias pinturas feitas por ele. Isso é muito rico. Com a pandemia, todas as entrevistas foram feitas por videochamada. Embora isso tenha facilitado me encaixar na agenda das pessoas, a gente sempre perde por não estar lado a lado. Por isso, mergulhei um tanto mais a fundo nas pesquisas para este segundo livro para, assim, tornar a narrativa tão rica de detalhes quanto a do primeiro livro.

 

Seu novo livro apresenta sete histórias de projetos que ajudam a construir o terceiro setor no Brasil. Como você fez a seleção dessas histórias?

Selecionei as histórias com Luis Norberto Pascoal. Pensamos em contar histórias de organizações que atuam em setores distintos e de formas diferentes. E também contar, com essas histórias, mais sobre a evolução do terceiro setor no país. Por exemplo: a primeira história é do Instituto Ana Rosa, uma organização criada por um barão paulistano em 1874 em São Paulo, quando a cidade tinha menos de 35 mil habitantes. Foi a primeira iniciativa particular que combinava assistência e formação profissional voltada para “meninos carentes”, como eram chamados na época. A última história que conto é a de Edu Lyra e sua Gerando Falcões, uma organização muito inovadora, que bebeu da fonte da iniciativa privada e aplicou em sua gestão metodologias, metas e conceitos que seu criador, no começo, estruturou com consultores da Ambev. Hoje ela está voando.

 

Você poderia destacar algum episódio narrado neste livro, ou alguma personagem, que a tenha impressionado ou surpreendido de uma maneira especial?

É difícil escolher “o filho preferido”, haha. Mas eu sempre me surpreendo com Rodrigo Mendes e sua gentileza, sua sensibilidade e seu discernimento de mundo. Sua luta pela educação inclusiva da pessoa com deficiência e pelo direito de toda criança com deficiência estudar em escolas comuns de vez em quando sofre reveses, mas ele está lá sempre incansável. Outra pessoa que me surpreendeu muito foi Raí. Eu já havia entrevistado ele outras vezes, mas geralmente o papo era sobre esporte. Esta foi a primeira vez que conversamos profundamente sobre a criação da Fundação Gol de Letra e eu passei a admirá-lo ainda mais (e não tem nada a ver com o fato de eu ser são-paulina, haha). Ele tem um comprometimento com a causa e com a organização que vão muito além do que eu imaginava. Raí me contou como, em Paris, jantares regados a vinho com o amigo Leonardo fizeram a Gol de Letra nascer. E, quando relembrava uma história de uma garotinha atendida pela fundação, eu vi Raí chorar.

 

Qual é o tamanho e a importância do terceiro setor no Brasil de hoje? Há muito mais histórias para render um terceiro livro?

Acho que o sonho de todo mundo que trabalha com o terceiro setor era que o terceiro setor nem fosse tão necessário assim no país. Que a população não fosse tão desassistida pelo governo e não precisasse de tanta atenção. Por isso a importância do terceiro setor é gigantesca. Enquanto houver educação pública de baixa qualidade, pobreza extrema, crianças sem qualquer assistência em famílias vulneráveis e problemas do tipo, é a sociedade civil organizada que consegue trazer um pouco de alento. Empresas estão fazendo parte desse papel ultimamente? Sim. Mas o objetivo da empresa é ter lucro, enquanto o terceiro setor quer apenas resolver aquele problema. E há uma evolução enorme em como esse terceiro setor vem se desenvolvendo. Se antes as iniciativas eram assistenciais, hoje há Venture Philanthropy (ou filantropia estratégica) e negócios de impacto. O que não faltam são histórias inspiradoras para render um terceiro, um quarto, um quinto livros.

 

Capa do livro Os Incomodados que Mudem o Mundo 2
Capa do livro

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