Pelo segundo ano consecutivo, o Insper realizou em julho seu programa de férias, a Global Academy. Ao longo de em torno de 40 horas, distribuídas em duas semanas, estudantes de graduação de instituição superior de ensino, do Brasil ou do exterior, participaram de duas opções de cursos imersivos.
A Global Academy é o equivalente às summers schools, muito comuns em instituições de ensino mundo afora, que costumam acontecer em julho para atrair alunos de diferentes locais para realizar experiências que envolvem atividades acadêmicas com ações culturais e visitas a campo.
“É uma alternativa relevante, que proporciona aos alunos do Insper a oportunidade de ter uma experiência internacional sem sair do Brasil”, diz Ana Carolina Oliveira de Souza, head de Relações Internacionais do Insper. “Por termos uma Global Academy, trazendo alunos estrangeiros para ter uma experiência diferente dentro do Insper, possibilitamos que nossos alunos tenham este momento, conciliando com outras iniciativas e atividades ao longo do ano”, reforça.
“A edição foi ótima, tivemos alunos muito participativos. Conseguimos fazer três visitas e tivemos três convidados em sala de aula”, afirma o professor Thiago Soares, da disciplina de curso sobre ecossistemas empreendedores. Os alunos estiveram no Cubo do Itaú, na Upload Ventures e no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) da Universidade de São Paulo. E ouviram relatos de Paula Mendes Caldeira, Amure Pinho e Pedro Carneiro, respectivamente cofundadora da fintech Plugify, empreendedor e investidor anjo e partner na Ace Ventures.
Entre as alunas do curso estava Freshtah Shariatee. Ela nasceu no Afeganistão, tem 27 anos e se mudou para o Brasil há um ano, refugiada. “Com a chegada do Taleban ao poder, a crueldade e o terror atingiram o seu auge. O Taleban atacou na casa da minha família em 21 de novembro de 2022. Mataram oito membros da minha família, sendo que três deles eram crianças. E quatro deles ainda estão na prisão”, relata.
No Brasil, ela vem trabalhando como confeiteira, enquanto faz aulas de português e sonha em abrir sua própria startup na área de educação e tecnologia. Por intermédio da organização Estou Refugiado, que apoia os migrantes na adaptação para a vida no novo país, ela foi informada sobre o curso do Insper. Acabou por conseguir a bolsa para fazer o programa conduzido pelo professor Soares.
“Quero aprender como posso começar qualquer startup no Brasil. Mas, antes ainda, meu principal objetivo é encontrar algum emprego na área do ecossistema empreendedor de startups, para depois alcançar o objetivo de criar um sistema educacional para meninas afegãs vivendo no Brasil. Não existe aqui, mas outros países estão oferecendo”, ela conta. “Participar do curso do Insper representou um passo para atingir meus objetivos.”
Outra participante dessa edição da Global Academy foi a chilena Belén Andrea Cabezas Guajardo, de 24 anos. Ela mora em Santiago, onde é aluna de Negócios Internacionais na Universidade dos Andes. Belén obteve uma bolsa de estudos da Global Academy por meio da sua universidade, que divulgou a oportunidade por e-mails e publicações no Instagram. Antes de saber sobre o programa, ela já estava determinada a fazer algo produtivo durante as férias: “Eu queria me desafiar, experimentar viver em outro país com uma língua diferente, e a ideia de estudar no exterior parecia uma ótima oportunidade para sair da minha zona de conforto”, conta.
Interessada especialmente em empreendedorismo, ela desejava ampliar seus conhecimentos na área e enxergar o mundo dos negócios sob outra perspectiva. “Minhas expectativas foram alcançadas. Embora o curso tenha sido intenso, valeu completamente a pena. Aprendi muito e conheci pessoas muito gentis”, diz.
Para o professor Pedro Jimenez Cantisano, do curso Human Rights in America, o diálogo entre estrangeiros e brasileiros em sala tornou a experiência imersiva mais interessante e produtiva para todos. “Os grupos das apresentações foram montados de acordo com as preferências temáticas dos alunos. Assim, vários deles tinham alunos de lugares diferentes colaborando para construir as apresentações.”
Além disso, diz ele, o modelo de visitas tem valor pedagógico na medida em que aproxima os alunos de profissionais e problemas práticos. “Muitos desses problemas são debatidos em sala de aula. Mas visualizar o dia a dia dos profissionais dá a concretude necessária para que os alunos entendam responsabilidades, dificuldades e soluções.”
Aluna do oitavo semestre de Direito no Insper, Gabrielle Orso, de 22 anos, decidiu fazer o curso por já conhecer o professor Pedro. “Também queria ter uma visão mais detalhada sobre as questões de direitos humanos em um contexto americano, porque, embora esse tema seja universal, pra mim seria muito interessante entender como esses direitos são aplicados protegidos ou violados nas Américas”, diz.
“Considero que atingi todos esses objetivos. Mais que isso: junto com meus colegas, tivemos experiências para além da sala de aula, conseguimos nos conectar com profissionais e especialistas na área e discutimos cases extremamente relevantes na história da América Latina”.
Giovanni Nagem Leal, de 21 anos, cursa o sétimo semestre de Economia e realizou o curso com a meta principal de entrar em contato com a área de Direito, pela qual tem interesse. “Além disso, vi uma excelente chance de aprimorar meu conhecimento na língua inglesa e, ao mesmo tempo, trocar experiências com pessoas de outros países”, relata. Em sua avaliação, fazer um curso de férias representou uma experiência diferente em um aspecto: “A intensidade das aulas, que ocorriam ao longo de duas semanas, das 9h às 15h30”.
O programa faz parte de uma estratégia mais ampla de internacionalização do Insper, que envolve uma série de outras ações com instituições de ensino relevantes, como a Universidade de Illinois, e Universidade de Chicago e a Universidade St. Gallen. Além disso, muitos alunos e professores participam de eventos internacionais no exterior, assim como o próprio Insper recebe eventos com palestrantes e convidados de outros países.
“A internacionalização do Insper faz parte do planejamento estratégico da escola, para além de iniciativas que já desenvolvemos. Temos as principais certificações internacionais de escolas de business, e também a principal acreditação de engenharia”, relata Ana Carolina Oliveira de Souza.
“Faremos cada vez mais parcerias estratégicas, intensas e imersivas, que vão representar um grande diferencial na carreira dos alunos. O objetivo final é levar a internacionalização para todas as áreas da instituição, de forma que ela faça parte dos comportamentos e das iniciativas de todos.”