Acessibilidade foi o tema do bate-papo que buscou sensibilizar sobre boas práticas para fomentar a igualdade entre todas as pessoas
Michele Loureiro
O Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022. Esse número representa 8,9% da população do país. O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, tem o papel de sensibilizar a sociedade sobre a importância de garantir que essas pessoas tenham seus direitos respeitados e sejam plenamente integradas à sociedade, sem qualquer forma de preconceito, de maneira verdadeiramente igualitária.
Para comemorar a data, a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão do Insper realizou o encontro Acessibilidade e Boas Práticas, um bate-papo sobre acessibilidade física, digital e relações interpessoais. Alunos, professores e colaboradores se reuniram para debater temas relevantes que dizem respeito à inclusão dessas pessoas na sociedade. Participaram do bate-papo Alessandra Pliopas, da área de Manutenção Predial e Obras do Insper; Bruna Arruda, embaixadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão do Insper; Carla Carbone, das áreas de Educação Executiva e Rede de Acessibilidade; Débora Mallet, coordenadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão e coordenadora executiva do Departamento de Educação e Aprendizagem (DEA); Karina Aguiar, da área de Experiência do Aluno e aliada da Frente de Acessibilidade; e Vinícius Barqueiro, professor de comunicação acessível e educação inclusiva e coordenador de educação executiva no Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper.
Segundo Barqueiro, a maioria das pessoas não tem dimensão de que quase um a cada dez brasileiros tem algum tipo de deficiência. “Para se ter uma ideia, apenas no Insper há 32 pessoas do corpo docente com deficiência. Por isso, nosso objetivo é tornar a comunidade Insper agente de transformação para a diversidade, equidade e inclusão na sociedade, por meio de formação, atração e acolhimento”, afirmou.
Durante a roda de conversa, foram mencionados diversos aspectos da Lei Brasileira de Inclusão, com foco na acessibilidade física e digital. A lei descreve acessibilidade como a “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”.
Para Barqueiro, ainda há muitas barreiras físicas e virtuais. “Além da necessidade da adaptação dos espaços, precisamos falar sobre a eliminação de barreiras na internet. É necessário que todos tenham o direito de interagir com as páginas de forma autônoma. Hoje, menos de 1% dos sites do Brasil é acessível, um dado triste com evolução lenta”, disse.
Karina Aguiar, cadeirante, fez um relato durante o evento. Para ela, é importante voltar à história e lembrar como as deficiências eram tratadas antigamente na sociedade. “Pessoas com deficiência eram assassinadas em outras civilizações. Há um contexto negativo sobre o tema e parte desses sentimentos ainda perdura”, afirmou.
De acordo com ela, os resquícios mais evidentes estão no capacitismo, quando excluímos pessoas com deficiência de atividades consideradas comuns por pré-julgar que elas não conseguiriam realizar tal tarefa, ou, ainda, não fariam da maneira correta. “A discriminação sobre a capacidade de uma pessoa devido à sua deficiência é um problema real, que acontece o tempo todo. Até quando vão fazer piadas com nossos corpos e deficiências? Nosso papel é abraçar a causa, vencer as barreiras e fazer um convite para todos serem anticapacitistas”, disse.
O evento ainda contou com dicas de boas práticas, chamadas de acessibilidade atitudinal. Por exemplo, perguntar se a pessoa quer ajuda e qual a melhor forma de fazer isso, e não se apoiar ou empurrar a cadeira de rodas sem autorização. Além disso, se sentar para conversar com a pessoa olho no olho, em caso de cadeirantes, e não tratar pessoas com deficiência como vítimas ou heróis.
De acordo com o Código Penal e a Lei Brasileira de Inclusão, discriminar uma pessoa por causa da sua deficiência resulta em pena de reclusão ou pagamento de multa. O artigo 88 da Lei nº 13.146/2015 afirma que “praticar, induzir ou incitar a discriminação é pena de reclusão de um a três anos e multa”.