Em 2020, no entanto, quatro vezes mais formandos se identificaram como pretos ou pardos em relação a 2010, de acordo com censo do Ministério da Educação
Bernardo Vianna
Desde câmeras incapazes de identificar olhos asiáticos até algoritmos de automação do sistema judiciário que tendem a prejudicar réus negros, a linha do tempo de casos de racismo algorítmico, compilada pelo pesquisador Tarcízio Silva, da Universidade Federal do ABC (UFABC), deixa clara a importância da participação de pessoas não brancas no campo do desenvolvimento tecnológico, cada vez mais inseparável do nosso cotidiano e da nossa organização como sociedade.
De acordo com o Censo da Educação Superior, elaborado pelo Ministério da Educação, o Brasil formou, em 2020, 51 mil profissionais na área de Computação e Tecnologia da Informação e da Comunicação. Entre eles, 49% declararam-se brancos, 6% identificaram-se como pretos, 26% como pardos, 2% como amarelos e menos de 1% como indígenas. Outros 17% não declararam como se identificam em termos de cor e raça.
O conjunto de cursos STEM — acrônimo, em inglês, para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática —, no que diz respeito à diversidade de cor e raça, no entanto, não se diferencia da desigualdade observada no acesso ao ensino superior de modo geral. Enquanto a população negra (a soma de pretos e pardos) representa 56% da população brasileira, segundo o IBGE, esse grupo corresponde a 36% dos formandos em cursos superiores em geral em 2020 e a 32% dos formandos em cursos STEM no mesmo ano.
Durante esse período, um recorte que se destaca é o das pessoas que não declararam como se identificam em relação à cor e à raça. Enquanto, em 2010, 70% dos formandos em cursos superiores não declararam como se enxergavam em termos raciais, essa parcela encolheu para 15% do total em 2020.