Imersão em ferramentas de avaliação e planejamento abriu portas para crescimento profissional na área, diz Danielle Bello
Durante boa parte de sua vida, a especialista em gestão pública Danielle Bello, de 30 anos, gastou pelo menos quatro horas diárias em trajetos de ônibus para estudar e trabalhar. Danielle cresceu em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, e fez faculdade em São Bernardo do Campo, também na Grande São Paulo. Ex-aluna de escola pública, ela também frequentava o serviço de saúde municipal e estadual. “Sou branca, vivia na região central de Suzano e, ao observar meus colegas na faculdade, via que minha condição ainda era privilegiada”, diz Danielle. “Eu já tinha interesse por questões sociais e minha trajetória só confirmou minha crença de que precisamos criar uma sociedade mais justa e acolhedora.”
Danielle não precisou pensar muito para optar pelos cursos de Ciências e Humanidades e Políticas Públicas pela Universidade Federal do ABC, na Grande São Paulo. “É uma faculdade muito inclusiva, com uma diversidade de perfis de alunos muito grande, inclusive com pessoas que enfrentavam uma série de desafios sociais”, conta.
Ela logo conseguiu estágio. Em 2016, um ano antes de se formar, começou a trabalhar na Mais Diferenças, uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) voltada à educação e cultura inclusivas. Acabou chegando a analista de projetos, com foco em programas educacionais para crianças com deficiência. “Descobri um universo muito interessante da inclusão de pessoas com deficiência e vivenciei, na prática, o quanto políticas públicas podem ser ferramentas de acesso e também de exclusão”, lembra.
Danielle continuou sua carreira na prefeitura de São Paulo, a partir de 2018, e participou do desenvolvimento do 2º Plano Municipal de Governo Aberto. A iniciativa tem por objetivo proporcionar uma gestão pública com participação social, maior prestação de contas e transparência. “Estava querendo voltar a estudar e ouvi falar muito bem da pós-graduação do Insper em gestão pública”, diz Danielle. “Em 2019, surgiu a oportunidade de ter acesso a essa formação por meio de uma bolsa de estudo, algo que representou um divisor de águas na minha vida.”
Com atividades de campo e parcerias com organizações públicas, o Programa Avançado em Gestão Pública (PAGP) do Insper visa ao desenvolvimento de ferramentas de análise, o planejamento de ações sustentáveis e a implementação de soluções, entre outros aspectos. “Foi muito importante me aprofundar em ferramentas de avaliação e planejamento, que são fundamentais no meu cotidiano de trabalho.”
Danielle cita outro ponto essencial do curso. “Os alunos são provocados a se soltar e se posicionar em relação a uma série de ideias, o que ajuda a construir um sentimento de segurança e elaborar raciocínios mais sofisticados”, conta.
Na visão de Danielle, o networking representa outro atrativo. “Costumamos nos encontrar em happy hours e já fizemos até amigo secreto no final do ano.” Hoje, boa parte dos alunos atua em empresas, consultorias, organizações da sociedade civil ou em órgãos do governo, conta Danielle.
Atualmente, ela é coordenadora de Advocacy e Pesquisa da Open Knowledge Brasil, organização da sociedade civil sem fins lucrativos voltada à promoção do conhecimento livre, da transparência pública e governança democrática por meio de diagnósticos, avaliações e sugestões de políticas públicas, entre outras coisas. Durante a pandemia, a instituição criou o Índice de Transparência da Covid-19 com o objetivo de monitorar a disponibilidade de informações e colaborar com o governo federal, estadual e municipal no enfrentamento à crise sanitária. “O curso do Insper me ofereceu ferramentas para que eu ocupasse com mais segurança e conhecimento o cargo de liderança que exerço atualmente”, diz Danielle. “Sei que, assim como muitos brasileiros que vieram de escola pública, posso ir muito além.”