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Como construir uma cultura organizacional voltada à inovação e ao crescimento do negócio

Lideranças inspiradoras, um ambiente colaborativo e foco nas pessoas são estratégias fundamentais, diz Paula Traldi, professora do Insper

Lideranças inspiradoras, um ambiente colaborativo e foco nas pessoas são estratégias fundamentais, diz Paula Traldi, professora do Insper

 

Com patamares cada vez mais elevados de concorrência entre as empresas, construir uma cultura organizacional voltada à inovação tornou-se uma estratégia para conquistar mercado, ampliar fronteiras e manter-se na vanguarda de diversos segmentos. O conceito vem sendo aprimorado desde o início dos anos 2000 por especialistas como Peter Ducker e John Kao, da Harvard Business School.

Com base em pilares como um ambiente colaborativo, com líderes que inspiram e comunicam o propósito da empresa, aliado a práticas de reconhecimento dos profissionais, a ideia é atualizada hoje tanto para o desenvolvimento da performance de empresas quanto do setor público. O objetivo é pavimentar caminhos para otimizar os recursos humanos e financeiros, assim como contribuir para a ampliação dos espaços de empoderamento pessoal, autonomia e integração dos times.

Organismos internacionais também vêm se dedicando ao tema. A Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) criou, em 2007, o Índice Global de Inovação, que mede o desempenho de ecossistemas inovadores. No ranking deste ano, o Brasil ocupa a 54ª posição, passando a ocupar as primeiras três posições da América Latina de 2022 — são analisados 132 países. A Índia e a Turquia figuram, pela primeira vez, entre as economias mais inovadoras.

Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, realizados em ambientes colaborativos com foco em pessoas nos quais os erros são vistos como parte do processo, são apontados como a chave do sucesso. “As lideranças também exercem um papel fundamental, de inspirar e provocar as pessoas”, diz Paula Traldi, professora de cursos de Educação Executiva no Insper e especialista em temas como gestão de mudanças. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

 

Professora Paula Traldi

 

Quais as principais estratégias para construir uma cultura organizacional favorável à inovação?

É preciso contar com pessoas alinhadas ao propósito da empresa e processos voltados à inovação. O líder tem um papel fundamental. As lideranças da organização devem inspirar, provocar, sempre lembrando qual é o propósito da empresa. Para isso, é preciso também ter uma comunicação muito clara, tanto sobre os desafios e metas quanto em relação à concorrência. Os funcionários, por sua vez, devem obter reconhecimento e serem recompensados por posturas inovadoras que levam a resultados alinhados com o objetivo da organização.

 

É importante também promover uma integração entre as diversas áreas da organização?

Sem dúvida. A colaboração entre os times e as áreas da empresa é muito importante. É assim que se constrói uma cultura colaborativa. Vale lembrar que reforçar os pontos positivos do desempenho das pessoas é outro fator essencial para uma cultura favorável à inovação. E aqui é fundamental o papel do líder. Jeff Bezos, fundador da Amazon, escreve uma carta anual para os investidores tratando os erros como uma forma de crescimento. Quando alguém para de errar, é sinal que parou de arriscar. Boas lideranças sabem disso. Por sinal, empresas muito inovadoras que começaram na garagem dos fundadores, como a Amazon e HP, mantém a filosofia do chamado “dia 1”, de não aceitar nada como sendo imutável e procurar sair da zona de conforto, como no primeiro dia do negócio.

 

Nesse sentido, é importante oferecer autonomia aos funcionários?

Sim. As pessoas precisam estar empoderadas, com autonomia para conduzir projetos. Claro que tudo isso é feito dentro das diretrizes da empresa, mas é preciso abrir espaço para que as pessoas possam correr riscos. Trata-se de um dos elementos fundamentais da inovação. Não podemos esquecer também da saúde mental das pessoas, outro ponto essencial. A inovação, por vezes, é associada à pressão e correria, um conceito equivocado. Uma cultura sustentável leva em conta pilares como saúde mental e felicidade.

 

E em relação a processos, o que vale a pena ser destacado?

É preciso desenvolver uma estratégia de negócios colaborativa. Muitas empresas têm adotado a chamada “open innovation”, abrindo parte de sua estratégia. A premissa é que a inovação pode vir tanto de dentro da própria empresa como de fora. Um fabricante de tinta, por exemplo, pode lançar o desafio da criação de um produto não poluente. Em organizações inovadoras, em geral existe um entendimento de que novos produtos e serviços necessitam de um tempo de maturação, então as métricas não se baseiam necessariamente na receita gerada. Se a meta for só calcada em faturamento, é mais difícil inovar. Outro pilar dessa estratégia é alocar recursos de pesquisas e desenvolvimento especificamente para a inovação.

 

Quando determinados setores da economia passam por transformações, o desafio de inovar é ainda maior?

Alguns mercados realmente têm passado por transformações, como o de mídia e tecnologia. Caso o líder fique apegado ao que sempre fez, não se abrirá muito espaço à inovação. É preciso quebrar paradigmas e observar o que outras empresas e segmentos estão fazendo. Pode ser interessante inclusive montar times de trabalho com empresas de outras áreas. O objetivo é aportar conhecimento. É preciso também um olhar atento às pessoas. Em momentos de crise, a pressão costuma ser maior, o que acaba afetando os funcionários. Precisamos ter um cuidado com as pessoas.

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