Uma pesquisa recente realizada pela Harvard Business Review, com mais de 600 executivos de RH do mundo, mostrou que há praticamente um consenso entre as empresas de que coachings e mentorias são as técnicas mais efetivas no desenvolvimento de lideranças e profissionais de organizações de todos os portes. A mesma lógica tem sido aplicada no programa Women In Tech desde 2023 e a iniciativa, idealizada pelo Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha, criou uma frente de mentoria que já contou com a participação de dezenove duplas.
Segundo Carolina Fouad, coordenadora responsável pelo projeto Women in Tech no Insper, a iniciativa não só conecta estudantes a profissionais experientes, mas também cria um espaço rico para troca de conhecimentos, experiências e orientações valiosas. Além disso, fomenta uma rede de apoio feminina dentro das carreiras de STEM (que incluem as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), conhecidas por ter pouca participação de mulheres.
“Para as mentoradas, é uma oportunidade única de desenvolver habilidades, esclarecer dúvidas sobre carreira e construir uma rede de contatos que pode abrir portas no mercado de trabalho. Já para as mentoras, o impacto é igualmente significativo: compartilhar suas vivências, guiar jovens talentos e contribuir para a formação de futuras líderes”, diz Carlina. “Essa troca mútua fortalece ambas as partes e ajuda a criar um ecossistema mais diverso e preparado para os desafios do futuro.”
A segunda edição do programa de mentoria está em andamento com nove duplas de mentoras e mentoradas. A duração é de dois meses, com três encontros entre cada dupla, e geralmente é feita de forma online. “O formato flexível permite que as duplas definam juntas o foco da mentoria. Além disso, o modelo oferece liberdade para abordar questões relevantes para o desenvolvimento de skills pessoas e profissionais”, explica Carolina.
Segundo ela, há planos para realizar as mentorias semestralmente em 2025 e o objetivo é expandir e melhorar continuamente o programa com base nos resultados e feedbacks recebidos. “Com essa estrutura, as mentorias do Women in Tech têm potencial para continuar crescendo e impactando positivamente suas participantes. No próximo ano, convidaremos professoras do Insper para nos ajudar a dar mais estrutura e trazer novas metodologias para as novas edições do programa de mentoria”, destaca.
Gabrielly Carneiro Susko, 25 anos, aluna do 4º semestre do curso de Engenharia da Computação no Insper, é uma das participantes da turma atual de mentoria. Segundo ela, ao ingressar no programa, o principal objetivo era compreender se de fato estava no caminho certo. “Em alguns momentos eu não me identificava tanto com a Engenharia e não sabia se existia algum segmento que fizesse sentido com as características que tenho. A mentoria tem sido muito importante neste processo”, diz.
Para a aluna, o contato com a mentora Ilma Laurindo, Head of Product and Technology na Mimo Live Sales, está sendo importante por uma questão de identificação. “Ela já enfrentou algumas das dificuldades que sinto atualmente e me contou como superou. Também ajudou a entender como posso me posicionar para ganhar reconhecimento entre colegas e professores e interagir com outras pessoas para atingir meus objetivos”, afirma Gabrielly. “As orientações ajudaram a me acalmar e definir quais serão os meus próximos passos”, completa.
Para Ilma, o contato com a mentorada é uma forma de retribuir as oportunidades que teve na vida. “Mentorar mulheres na área de tecnologia é uma forma de fazer a diferença e ampliar o impacto da inovação. Tenho mais de dez anos de experiência como mentora, orientando profissionais e empreendedores em suas jornadas de crescimento pessoal e profissional. Essa vivência me trouxe uma visão ampla sobre diferentes desafios e oportunidades, além de reforçar meu compromisso com o desenvolvimento de talentos”, afirma.
Segundo Isabella Murakami, Growth Business Partner na Zallpy Digital, e uma das mentoras do Women In Tech, o programa é uma ferramenta poderosa para ampliar horizontes, preparar futuras líderes e promover a diversidade. “A experiência tem sido extremamente enriquecedora. Ter contato com as percepções, desafios e ambições de jovens que ainda não ingressaram no mercado, seja como colaboradoras, seja como empreendedoras, trouxe novas perspectivas sobre o potencial transformador da próxima geração”, conta.
Isabella é mentora de Luana Wilner Abramoff, 22 anos, estudante do 7º semestre de Engenharia de Computação do Insper. A jovem afirma que a motivação para participar do programa foi entender como poderia entrar no mercado de trabalho, já que faz um curso integral e teve poucas oportunidades de se conectar. “Minha mentora tem uma história incrível e bagagem em corporações na área de STEM. Ela tem muita atitude e uma visão de vida que me inspira muito. Tenho certeza de que esse encontro me fez entrar mais preparada para o mercado de trabalho” diz Luana.
A conselheira de empresas Renata Frischer Vilenky, que também é uma das mentoras da edição atual do programa, conta que a relação com o Insper é antiga. “Sou alumna, doadora de bolsa, coordenadora do Comitê de Tecnologia e Empreendedorismo, membro do Comitê de Saúde e mentora de diversos programas da instituição”, diz.
Para ela, o propósito é ajudar essas jovens a se prepararem para o mercado de trabalho. “Planejamento e o preparo prévio são ótimos mitigadores de risco para a frustração e a rejeição ao potencial de impacto positivo para sociedade. Os ganhos profissionais estão sempre no aprendizado sobre o ser humano e no meu próprio desenvolvimento com as perguntas que me fazem refletir sobre mim também. A mentoria é um grande exercício de gratidão”, destaca.
Beatriz Borges Zackiewicz, 21 anos, está no 6º semestre de Engenharia da Computação no Insper e faz dupla com Renata no programa de mentoria. Para ela, os principais ganhos do programa estão em aumentar a perspectiva de caminhos profissionais possíveis antes de se especializar. “O ramo de STEM ainda é um lugar com preconceito de gênero. Por isso, meu foco é estar mais preparada para encarar esses desafios. As trocas com a Renata envolvem assuntos como tecnologia, inovação e negócios e colaboram para a profissional que eu desejo me tornar”, diz.