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Estudantes no Laboratório de Materiais do InsperEstudantes no Laboratório de Materiais do Insper

 

O projeto “Empoderando Futuros: Construindo uma Rede Nacional para Meninas e Mulheres na Área de STEM” foi contemplado com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio da chamada pública nº 31/2023. Sob liderança da professora Graziela Simone Tonin, coordenadora-adjunta dos cursos de Engenharia de Computação e Ciência da Computação do Insper, a iniciativa tem como objetivo fortalecer a participação feminina nas áreas de ciências exatas, engenharias e computação.

 

Com 20 anos de experiência no mercado de tecnologia e na academia, Graziela conhece bem os desafios enfrentados pelas mulheres nessa área. “O mundo de tecnologia ainda não é um lugar acolhedor e perpetua muitas vezes uma cultura machista com diversas microagressões”, afirma. Segundo ela, as profissionais frequentemente recebem remuneração inferior e precisam constantemente provar suas competências, enquanto observam colegas sendo promovidos por razões que transcendem questões de competência e desempenho profissional.

 

A proposta tem como objetivo principal enfrentar as desigualdades de gênero e étnico-raciais que ainda prevalecem nessas áreas do conhecimento no Brasil. Dados recentes mostram que, globalmente, as mulheres representam apenas 34% da força de trabalho em STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática) e, no Brasil, cerca de 35% das matrículas em cursos relacionados a essas áreas. Uma pesquisa recente da McKinsey, citada por Graziela, revela uma situação ainda mais preocupante: muitas mulheres em plena ascensão na área de tecnologia consideram deixá-la, enquanto jovens nem cogitam prestar vestibular para esses cursos.

 

 

Rede nacional para transformar a realidade

 

O projeto reúne uma equipe multidisciplinar de 23 pesquisadoras de 15 instituições, abrangendo universidades, institutos tecnológicos e organizações sociais, para criar uma rede nacional em prol da igualdade de gênero em STEM. Com início previsto para o primeiro semestre de 2025, a iniciativa visa conectar diferentes ações em todas as regiões do país, incluindo áreas fora dos grandes centros, formando um ecossistema estratégico e articulado.  “Não conheço nenhum projeto no mundo que englobe um número tão grande de diferentes ações, em todas as regiões do país e que vá para além dos grandes centros, unindo esforços de Instituições diversas”, destaca a professora Graziela, que já está articulando parcerias internacionais para expandir o alcance da iniciativa.

 

A professora Ana Diniz, coordenadora da graduação em Administração e do Núcleo de Estudos de Diversidade e Inclusão no Trabalho do Insper, ressalta o caráter inovador da proposta. “O maior diferencial desse projeto é engajar uma rede ampla de pesquisadoras e pesquisadores, profissionais que atuam em diferentes áreas de conhecimento e em diferentes regiões do país, para que possamos, ao mesmo tempo, promover a participação de meninas nas áreas STEM e formar docentes que atuam no Ensino Médio para que fomentem esse interesse em estágios anteriores ao Ensino Superior”, diz a professora.

 

 

Interseccionalidade e inclusão 

 

Ana Diniz aponta que a sub-representação de mulheres nas áreas STEM é resultado de uma combinação complexa de fatores relacionados ao gênero. “Essa sub-representação é resultado de inúmeros fatores relacionados a gênero, como a persistência de estereótipos e vieses, como o de que as mulheres são naturalmente mais desinteressadas ou menos inclinadas a profissões mais associadas à Matemática; de menores estímulos que elas recebem ao longo do processo de formação para se engajar nesses campos; da baixa representatividade feminina nessas áreas, criando poucos modelos a serem seguidos; da permanência de discriminações e microagressões”, explica a professora. 

 

Nesse contexto, a perspectiva interseccional emerge como um pilar essencial do projeto. Como ressalta Ana Diniz, “embora a sub-representação atinja as meninas e mulheres de maneira geral, ela se aprofunda quando consideramos mulheres negras, empobrecidas, das regiões Norte e Nordeste do país, e de periferias urbanas e zonas rurais”. Segundo ela, essa abordagem reconhece que, além da dimensão de gênero, é necessário observar como outros eixos de desigualdade social, como cor-raça, classe social e território, se articulam na complexidade do problema.

 

A execução do projeto será norteada por metodologias ágeis e pela interdisciplinaridade, unindo pesquisadoras e pesquisadores de todas as regiões do Brasil, além de parcerias com empresas, organizações da sociedade civil e instituições de ensino. Entre as ações planejadas estão o treinamento de professores em técnicas pedagógicas modernas e metodologias ativas, oficinas de pensamento computacional, desenvolvimento de competências empreendedoras, programas de mentoria, podcasts com histórias inspiradoras de mulheres em STEM e rodas de conversa para promover redes de apoio entre alunas.

 

“É um projeto que tem a ambição de ir além não só dos muros do Insper, mas que também atravessa fronteiras rígidas entre pesquisa e ensino, apostando na extensão como meio para articular esses pilares tão valiosos”, destaca Ana Diniz. Essa abordagem integrada visa promover formação para um público mais amplo, atuando no ensino, pesquisa e extensão de forma combinada, para impulsionar a participação feminina em áreas historicamente marcadas pela sub-representação de mulheres.

 

O impacto esperado é significativo: aumentar o número de meninas e mulheres interessadas em cursos de STEM, reduzir a evasão, mitigar desigualdades e criar um ecossistema de apoio que fortaleça a presença feminina nessas áreas. “Estou muito animada e certa de que através dessas ações a vida de milhares de jovens em cada canto do Brasil será impactada, bem como a vida das jovens que cursam Engenharia e Computação em nossa Instituição”, conclui Graziela.

 



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