O Insper está entre as oito instituições selecionadas pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) na 18ª chamada do programa Escolas São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA). O projeto aprovado, intitulado “Escola São Paulo de Ciência Avançada em Mudança Sistêmica e Sustentabilidade”, será coordenado pelo professor Sérgio Giovanetti Lazzarini com um time liderado pela professora Graziela Simone Tonin e será realizado entre 8 e 17 de dezembro de 2025.
As Escolas São Paulo de Ciência Avançada são uma modalidade de financiamento da Fapesp destinada a apoiar cursos de curta duração sobre temas da fronteira da ciência e tecnologia. Durante dez dias de atividades intensas, cientistas e estudantes de graduação e pós-graduação, tanto do Brasil quanto do exterior, participam de discussões avançadas em suas áreas. Além de proporcionar um ambiente de disseminação de conhecimento que vai além dos canais tradicionais de comunicação científica, as escolas dão visibilidade à pesquisa desenvolvida no estado de São Paulo.
O projeto apresentado pelo Insper nasceu a partir do interesse da professora Graziela Tonin, coordenadora-adjunta das graduações em Engenharia de Computação e Ciência da Computação, no edital aberto da Fapesp. “Ao manifestar meu interesse em participar, a diretoria do Insper sugeriu que reuníssemos um grupo diversificado de pesquisadores de diferentes áreas da escola”, conta a docente. A partir dessa sugestão, ela começou a articular uma equipe, até a formação do comitê do programa e demais integrantes. Ao todo, 19 professores do Insper das áreas de Administração, Sustentabilidade, Computação, Economia, Marketing e Políticas Públicas vão participar desse projeto interdisciplinar.
Durante as discussões iniciais e identificação das áreas de expertise de cada professor, o grupo percebeu a necessidade de encontrar um tema comum, atual e relevante, que preferencialmente não tivesse sido abordado em outras iniciativas da Fapesp. Após conversas com diversos professores, chegou-se à conclusão de que sustentabilidade seria um excelente tema guarda-chuva.
Nesse projeto, a sustentabilidade é abordada sob uma perspectiva sistêmica e abrangente. “A ideia é analisar e compreender como todas as ações geram efeitos de amplo alcance. Por exemplo, quando se fala de poluição, seus impactos não se limitam a um único local — afetam a comunidade do entorno, podem se espalhar pelos rios e, no caso da poluição atmosférica, contribuem para o aquecimento global”, diz Lazzarini.
Por sua expertise na área, o professor foi convidado a liderar o projeto. Sob sua coordenação, estabeleceu-se uma parceria com a Ivey Business School, do Canadá. “A Ivey é pioneira em sustentabilidade. Vários pesquisadores e pesquisadoras estudam esse tema desde os tempos em que ainda não se falava muito nisso”, destaca Lazzarini, que lecionava na instituição canadense quando o projeto começou a ser formatado.
O projeto apresentado pelo Insper prevê a seleção de cerca de 100 estudantes, que participarão das atividades durante os dez dias do evento. Além disso, a ideia é abrir as palestras principais para alunos de graduação interessados nos temas. Com isso, considerando também os professores convidados e profissionais do mercado, a expectativa é que o evento atraia cerca de 200 participantes.
A programação dos dez dias de evento combinará atividades teóricas e práticas, incluindo palestras principais, workshops avançados, painéis de discussão e análises de casos, com foco em perspectivas do governo e do mercado sobre sustentabilidade. O programa incluirá visitas técnicas a empresas, entidades governamentais e comunidades que desenvolvem ações sustentáveis, além de sessões interativas onde os participantes poderão apresentar suas pesquisas em sessões de pôsteres.
Para garantir um ambiente dinâmico e engajado de aprendizagem, além das palestras e cursos tradicionais, haverá períodos diários dedicados ao estudo do material e trabalho em exercícios práticos, com monitores disponíveis para apoiar os participantes. O programa também prevê momentos para networking e eventos sociais, criando oportunidades para interação entre pesquisadores experientes e estudantes, e potencialmente estabelecendo novas colaborações acadêmicas.
De acordo com a professora Graziela, um aspecto importante do projeto é o compromisso com a diversidade, que se reflete já na composição do comitê organizador, que conta com expressiva representatividade feminina. “Essa preocupação com a diversidade de gênero, entre outros aspectos de inclusão, é um princípio que orientou a construção da proposta desde o início”, ressalta Graziela.
Para Lazzarini, o modelo de escola científica, comum internacionalmente, sobretudo na Europa, cria um ambiente propício para o intercâmbio de ideias e formação de parcerias. “A expectativa é que o evento não apenas promova o intercâmbio de conhecimentos, mas também estabeleça bases para colaborações duradouras entre pesquisadores e instituições nacionais e internacionais”, diz o professor.