Dispositivos conectados e análise de dados transformam processos tradicionais e impulsionam mercado que deve ultrapassar 200 bilhões de dólares em receita em 2028
Bernardo Vianna
O conceito de smart finance se refere à aplicação, na indústria financeira, de tecnologias da internet das coisas (IoT), a rede de dispositivos físicos conectados à internet que podem coletar e compartilhar dados entre si. Isso significa utilizar dispositivos como sensores, câmeras e até mesmo smartphones para melhorar a eficiência e a precisão dos serviços.
De acordo com dados reunidos pelo site Statista, portal alemão de inteligência de dados, o mercado global de smart finance deverá registrar um aumento significativo em receita, atingindo o valor de 132 bilhões de dólares em 2024. Além disso, prevê-se que o mercado apresente uma taxa de crescimento constante, culminando em um faturamento de mais de 200 bilhões de dólares até 2028.
Um exemplo de aplicação inicial da IoT no setor financeiro são os caixas eletrônicos, que já são comuns há décadas. Essa tecnologia, no entanto, evoluiu muito até os dias de hoje e abrange diversas outras áreas. Na telemática de seguros, sensores instalados em veículos coletam dados sobre a condução do motorista para que as seguradoras ofereçam preços personalizados, baseados no comportamento real do condutor. Sistemas de pagamento inteligentes utilizam sensores e câmeras para identificar produtos no carrinho de supermercado e debitar o valor da compra automaticamente, sem que o cliente precise passar pelo caixa. No setor de rastreamento de ativos, empresas podem usar sensores para monitorar a localização e o estado de seus equipamentos e mercadorias em tempo real, reduzindo perdas e melhorando a eficiência logística.
Além disso, a IoT permite uma coleta constante de dados sobre as transações financeiras e o comportamento dos clientes. Esses dados são analisados para oferecer serviços mais personalizados e eficientes. Por exemplo, se um banco percebe que um cliente faz muitos pagamentos de pequeno valor com frequência, ele pode sugerir um cartão de crédito com benefícios específicos para esse tipo de uso.
A computação de borda, uma tecnologia que processa dados próximos à fonte onde eles são gerados, melhora ainda mais a eficiência do smart finance. Isso acontece porque, no lugar de enviar todos os dados para um servidor central, a computação de borda permite que as informações sejam analisadas localmente, resultando em decisões mais rápidas e em redução de custos operacionais.
A China lidera o ranking de economias com maior volume de receita gerada pelo mercado de smart finance, com expectativa de alcançar 55 bilhões de dólares em 2024. O mercado dos Estados Unidos ocupa o segundo lugar, seguido por Alemanha, Índia e Japão. O Brasil não está tão distante do grupo dos cinco mais bem colocados no ranking. O país é o oitavo maior mercado de smart finance do mundo em 2024, com receita projetada de cerca de 2 bilhões de dólares neste ano.
De acordo com a análise do Statista, a adoção crescente de soluções de pagamento móvel é um dos principais impulsionadores do crescimento da smart finance, que se beneficia da coleta de dados para o melhor entendimento de como os clientes gastam seu dinheiro. Da mesma forma, a utilização de tecnologias IoT para gerenciamento de riscos tem crescido, permitindo que instituições financeiras e companhias de seguros tomem decisões mais informadas com base nos dados coletados. As empresas podem obter uma grande vantagem ao configurar análises preditivas e prescritivas, resultando em economia de tempo e de custo.