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Ex-piloto de caça, Gustavo Tavares trocou o céu pela sala de aula

O professor do Insper fala sobre a transição de carreira de oficial aviador da Força Aérea para o ensino e a pesquisa com foco em liderança

O professor do Insper fala sobre a transição de carreira de oficial aviador da Força Aérea para o ensino e a pesquisa com foco em liderança

 

Nascido em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, o professor Gustavo Tavares, 38 anos, é um especialista em liderança e comportamento organizacional, com ênfase no setor público. Fez o mestrado e o doutorado em Administração na Fundação Getulio Vargas, além de um doutorado sanduíche na Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos. Está no Insper há três anos, atuando como docente e pesquisador.

Antes de construir uma sólida carreira acadêmica, Tavares literalmente alçava outros voos: atuou como oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB) e foi piloto de avião de caça. Ficou quase 12 anos na FAB, acumulando em torno de 1.200 horas de voo. “Minha especialidade eram missões de ataque ao solo e bombardeio. É claro que eram alvos simulados em treinamento de missões de combate, mas eu participava também de operações reais, como para interceptar aviões ilícitos na fronteira oeste do Brasil”, conta.

Desde criança, Tavares gostava de aviação. Seu pai, hoje aposentado, também foi oficial da Aeronáutica, tendo iniciado sua carreira como mecânico de aviões. “Eu queria muito ser piloto, e a Força Aérea foi o caminho para realizar esse sonho”, diz Tavares, que foi aprovado no concorrido processo de seleção da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). No ano seguinte, foi para a Academia da Força Aérea (AFA) e, ao final de quatro anos de formação, obteve a dupla titulação de bacharel em Administração, com ênfase em Administração Pública, e de bacharel em Ciências Aeronáuticas, com habilitação em Aviação Militar.

A partir daí, fez outros cursos na área, como os de Especialização em Aviação de Caça, de Liderança de Esquadrilha de Caça e de Instrutor de Voo. Mas Tavares decidiu dar uma guinada na carreira. Após alcançar o posto de tenente e prestes a ascender a capitão na Força Aérea, ele percebeu que não almejava seguir uma carreira militar. “Embora tenha me adaptado bem à vida militar, senti que minha vocação estava mais alinhada com a pesquisa e o ensino. Em certo momento, precisei reconsiderar meu caminho profissional”, diz.

 

Gustavo Tavares na Força Aérea (1)
Gustavo Tavares nos tempos da Força Aérea

 

Não foi uma decisão fácil. Era o ano de 2014, e Tavares tinha então 29 anos. “Eu era oficial de carreira e tinha estabilidade. Abrir mão do que havia conquistado até então não era uma tarefa simples, mas eu tive a sorte de contar com o suporte de muita gente, especialmente da minha esposa”, conta Tavares (sua esposa, Luana, colega de turma na AFA, trabalha na área administrativa da Força Aérea).

Como Tavares já tinha graduação em Administração, o caminho natural foi fazer uma pós-graduação na área. Fez o mestrado e o doutorado na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (EBAPE–FGV), no Rio de Janeiro. O foco de suas pesquisas era liderança, um tema que sempre o atraiu. “Liderança é um tema muito importante dentro do militarismo. Na Academia da Força Aérea, o comando escolhe um grupo de sete cadetes para liderar o Corpo inteiro, e eu fui um dos cadetes escolhidos para compor o quadro de liderança”, lembra.

Enquanto fazia o doutorado, foi aprovado no concurso do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), onde lecionou por três anos. Em 2019, participou do congresso anual da Academy of Management (AOM), em Boston, nos Estados Unidos. Foi nesse evento que conheceu Sandro Cabral, professor de Estratégia e Gestão Pública do Insper. “Começamos a conversar e o Sandro me convidou a apresentar um seminário no Insper”, recorda-se. Foi o início das tratativas que resultaram na sua contratação pelo Insper, em 2020, em plena pandemia.

No Insper, Tavares está diretamente envolvido no ensino de cursos de liderança e gestão de pessoas, como no Master em Gestão Pública (MGP) e no Mestrado Profissional em Políticas Públicas (MPP). Além disso, está à frente do Observatório de Liderança da Gestão Pública, um grupo vinculado ao Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP). A iniciativa conta com o apoio financeiro da Parceria Vamos, formada pela Fundação Lemann, pelo Instituto Humanize e pela Repúblic.org.

“O foco do Observatório é criar um instrumento que avalie a eficácia da gestão de cargos de liderança nos estados brasileiros. Esse instrumento contempla três pilares essenciais: o processo de seleção das lideranças, a implementação de uma gestão de desempenho com metas, avaliações e feedbacks, e a disponibilidade de programas de desenvolvimento contínuo para capacitar essas lideranças em diferentes níveis”, explica. “Essas práticas, longe de serem inéditas, já são adotadas internacionalmente, e nosso objetivo é promover a implementação dessas estratégias no Brasil, começando pelo âmbito dos governos estaduais. Nossa abordagem envolve avaliar as práticas existentes em cada estado, propor melhorias e fornecer um relatório com recomendações, atuando de maneira consultiva.”

Tavares diz que sua experiência no Insper tem sido “excelente”. Ele destaca a estrutura oferecida pela escola, que lhe permite se dedicar à docência e à pesquisa com tranquilidade. “Eu já trabalhei em outros lugares e posso dizer que o ambiente profissional que encontrei aqui é muito acima da média. Essa característica interdisciplinar do Insper, de não ter departamentos estanques, favorece uma troca muito rica entre professores de diferentes áreas. Além disso, o Insper dá acesso a uma rede muito qualificada de outros pesquisadores”, afirma Tavares, que acaba de retornar dos Estados Unidos, onde foi participar novamente do congresso anual da Academy of Management — o mesmo evento que, três anos atrás, lhe abriu as portas no Insper. “Parafraseando Juscelino Kubitschek, cujo lema era fazer o Brasil crescer 50 anos em 5, eu sinto que os 3 anos que estou no Insper já estão valendo por 30 anos.”

 

Gustavo Tavares na Força Aérea (2)
No cockpit de um avião

 


Nos intervalos

Conheça um pouco mais sobre as atividades de Gustavo Tavares fora da sala de aula

 

Mountain bike

Em seus momentos de lazer, Gustavo Tavares costuma fazer trilhas de mountain bike junto com sua esposa, Luana, e com seu filho Pedro, de 11 anos. Mountain bike é uma modalidade de ciclismo praticada em terrenos irregulares e acidentados, como trilhas de montanha, trilhas florestais, estradas de terra e outros ambientes naturais. “Eu sempre gostei de esportes de natureza”, diz Tavares. “Saímos quase todo final de semana e já conhecemos quase todas as trilhas que existem ao redor de São Paulo.”

 

Música

Além de praticar mountain bike, Tavares nutre uma paixão pela música. Ele gosta de tocar violão e guitarra, habilidades que desenvolveu de forma autodidata ao longo dos anos. Já participou de algumas bandas e chegou a compor suas próprias músicas. O professor revela sua predileção pelo rock, citando bandas como Pink Floyd, Led Zeppelin e Queen como algumas de suas favoritas. Seu filho Pedro herdou a paixão pela música. “Ele toca baixo e um pouquinho de guitarra, e gosta também bastante de rock.”

 

Capoeira

Tavares também tem uma ligação sentimental com a capoeira, uma arte que o atraiu tanto pela sua natureza acrobática, que o fazia se lembrar dos tempos em que praticava ginástica olímpica na juventude, quanto pela rica musicalidade presente na dança. Quando morava no Rio de Janeiro, Tavares participava de um grupo de capoeira. “Eu gosto muito da parte musical da dança e tocava instrumentos como berimbau e atabaque”, lembra. “Parei de fazer capoeira desde que me mudei para São Paulo, há três anos, mas tenho vontade de retomar algum dia.”

 

Espiritualidade

Um dos temas que atrai Tavares é a espiritualidade. Faz pouco tempo, ele terminou a leitura do livro Bhagavad Gita, considerado uma das obras mais importantes da filosofia e espiritualidade hindu, abordando temas como o dever, a moral, o propósito de vida e a busca pela iluminação espiritual. “Não tenho religião e não me identifico com nenhum grupo religioso, mas gosto de praticar meditação e buscar minha própria espiritualidade, tentando sempre buscar uma abordagem mais científica.”

 

Personalidade que admira

Indagado sobre uma personalidade que admira, Tavares citou Mahatma Gandhi (1869-1948), o líder político e espiritual indiano que desempenhou um papel fundamental na luta pela independência da Índia do domínio colonial britânico. “Gandhi reunia alguns atributos que considero importantes. Por um lado, ele pregava o pacifismo, a não violência. Por outro lado, também teve uma ação bastante assertiva. Não era um pacifismo passivo. Era um pacifismo bastante ativo, um equilíbrio difícil de encontrar nas pessoas.”

 

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